Sempre que preciso de uma foto para ilustrar o tema sobre o qual escrevo, recorro ao trabalho de repórteres fotográficos que percorrem o mundo, mostrando dele o melhor e o pior que acontece um pouco por todo o lado. Para além do amor à fotografia, há também toda uma dedicação ao trabalho e à verdade, procurando registá-la em imagens que gravam para sempre, determinado momento desta longa e atormentada história humana. Estes homens chegam a arriscar a própria vida, entrando em determinados locais proibidos e perigosos só para captar imagens que testemunhem a veracidade das palavras daqueles sobreviventes corajosos que contam os horrores só registados pelos seus olhos. Só eles, com a sua coragem como arma, e a sua máquina fotográfica incansável marcadora de registos de horrores humanos, conseguem com poucas imagens o impacto que milhares de palavras não atingem. Nas palavras há sempre a dúvida, nas imagens há a verdade incontestável. Estes homens trocam a vida confortável e a segurança das suas vidas, e temporalmente, as suas famílias por outras que também precisam deles. E há cada registo que dói, fundo na alma, pela evidência do sofrimento e do desespero captados nos gestos, nos olhares, nos rostos de todos aqueles a quem tocou viver experiências que ultrapassam a capacidade de compreensão humana. A intenção destes homens é a de acordar os nossos espíritos adormecidos pela rotina da vida para o que se passa no mundo do qual nós também fazemos parte, e a intenção deles é a de acordar os povos de todo o mundo para a necessidade de se fazer ouvir no sentido de ajudar não só todos os seres afectados por esses horrores, criados pelos seus semelhantes, mas também para ajudar a modificar e até evitar estas situações no futuro. Mas a consciência humana parece ter arranjado mecanismos para ultrapassar estes choques originados pelas imagens e, após uma certo tempo, voltam a adormecer, como se nada se tivesse passado. Depois, há que contar também com o esquecimento que se segue sempre a esse estado de indiferença. Mesmo sabendo disto, estes homens continuam a sua incansável batalha de acordar as teimosas e indiferentes consciências tão fracas e manipuláveis. A minha admiração pelo seu arriscado trabalho que, muitas vezes, lhes custa não só a própria vida como também a vida das suas próprias imagens que não chegam aos olhos das adormecidas consciências.
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas