Todas as manhãs é o mesmo: tudo a despachar! Leva-se a mais nova à escola, que é a que entra mais cedo, e depois os mais velhos, que entram 15 minutos mais tarde. O portão da escola abre às 7.50 e fecha às 8 horas, hora de entrada na escola. No início, davam uma tolerância de 15 minutos que eu aproveitava para fugir à confusão de trânsito que se acumula diante do portão à hora da abertura. O mesmo acontece à porta do liceu onde deixo os mais velhos: há carros a iniciar a marcha, outros parados, outros a chegarem à procura de sítio para pararem, estorvando, o mínimo possível, os outros carros que querem só passar, só que o espaço é maior… Diante da escola primária, há sempre um agente da PSP, encarregado de controlar o trânsito, o que não é fácil, devido à confusão gerada, dia após dia. Porém, a atitude dos agentes da autoridade varia de pessoa para pessoa. Enquanto uns estão em cima dos condutores lembrando-os daquilo que eles estão fartos de saber – não podem parar diante do portão da escola mais do que o tempo de deixar sair os miúdos – e, quando isso acontece, o condutor tem de pegar na sua viatura e pará-la mais à frente, onde tiver lugar… O que não é simples, nem fácil… e gera mais confusão ainda! Há outros agentes que, desde que a passadeira esteja livre para as crianças passarem, e eles encarregam-se mesmo de assegurar a passagem das crianças, ao mesmo tempo que facilitam a árdua tarefa dos condutores, sem os importunarem, no que respeita ao tempo de paragem diante da escola para deixar os filhos… mostrando-se sempre compreensivos e interessados
Ainda hoje de manhã, eu apercebi-me de um agente que, numa outra rua, onde existe outra escola do ensino básico, cujo trânsito acaba por ser ainda mais complicado, a escrevinhar num papel e a olhar o relógio, para registar a altura da ocorrência!
Cada dia se torna mais difícil manter um emprego, pelo menos quando os problemas se avolumam, acabando na dicotomia - ou eu ou o emprego. Foi o que aconteceu comigo, após quase vinte anos de ensino. Ao longo destes anos todos, passei por muitas escolas, só repeti uma, e de todas guardo boas recordações e com todas tenho boas relações. Sempre encontrei pessoas dispostas a ajudar e a cumprirem bem com o seu trabalho, o que originava um bom trabalho de equipa e um ambiente óptimo. No ano passado, tive a triste ideia de pedir destacamento para uma escola mais próxima da minha residência e foi o que poderia ter feito de pior na minha vida, uma vez que, ali, fiz a descida aos infernos. Nunca me lembro de me sentir tão mal numa escola. Desde que para lá entrei, confrontei-me sempre com perseguições mais ou menos dissimuladas que acabaram, à falta de outros motivos, com uma falta injustificada. Sabendo que, depois desta falta, os problemas teriam tendência a agravar-se, se lá continuasse, resolvi pedir a rescisão do contrato que me ligava ao ME, no dia dois de Agosto de 2007. Em Setembro, a escola onde estava efectiva contactou-me dizendo que o ME tinha devolvido o meu pedido porque teria de ser dirigido ao Presidente do Conselho Executivo da escola a cujo quadro, eu pertenço, e que teria de pedir a exoneração do cargo. Reformulei o requerimento nos termos requeridos e enviei-o por correio. Acabou assim a minha relação de quase vinte anos com o ensino. Esta falta injustificada, que só me foi anunciada dezassete dias depois, faz-me muita confusão. Nunca tal me aconteceu… e nunca pensei que tal me fosse acontecer, logo a mim, que sempre fui tão cuidadosa.
No final do ano lectivo, já muito cansada, eu tentava passar a informação que estava no placcard dos exames do secundário, e não só, para a minha agenda. Primeiro a informação parecia que não entrava na minha cabeça e a que entrou, foi para emendar o que estava bem. No dia seguinte, cheguei atrasada ao exame. Muito aflita, expliquei o que se tinha passado ao Conselho Executivo daquela escola, a dificuldade que tivera em passar a informação e a confusão que fizera. Fui ao médico, nessa mesma manhã, e expliquei-lhe o que se passava. Exaustão, foi o diagnóstico. Para evitar arranjar complicações para a minha vida e a dos alunos, resolvi faltar aos exames e pedi um atestado que pensava que cobrisse o período até às férias que começariam a 16 de Julho. Outra confusão minha. Começavam a dezoito. De modo que o atestado ia só até 13 de Julho que era sexta-feira. Estava em casa descansada. Comecei as férias e, no dia dois de Agosto, o empregado da secretaria que trata das faltas dos professores comunicou-me que lhe chegara, naquele dia, uma falta minha injustificada do dia 16 de Julho. Depois de algumas trocas de telefonemas, para eu tentar descobrir o que sucedera, fiquei a saber que fizera mais uma confusão, e que as férias começavam só a dezoito. Fiquei arrasada! O senhor sugeriu-me que tentasse encontrar um médico que me passasse um atestado. Após dezassete dias da falta? Fiquei admirada com a sugestão. Seria gozo? Comuniquei-lhe que nesse mesmo dia iria pedir a rescisão do contrato (que não era rescisão!) como já expliquei anteriormente. Sempre me fez confusão esta falta… como é que dão pela falta só dezassete dias depois? Quem é que não fez bem o seu trabalho? O secretariado de exames, o conselho executivo ou o senhor que trata das faltas? Gostava de saber quem é ou são os responsáveis por esta falta comunicada tanto tempo depois. Nas outras escolas, os serviços comunicavam com os professores informando-os das faltas, poucos dias depois da data das mesmas, e lembro-me dos colegas agradecidos responderem que iam enviar atestado… como as pessoas fazem toda a diferença!
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