Não é sem um rasgo de espanto que ouvimos falar no que se passa em relação aos trabalhadores da ASAE, ou da PJ ou mesmo noutros serviços estatais. Os objectivos são bons para que não nos afastemos deles, seja em que trabalho for. O que me preocupa são os números tão claros, tão rigorosos… e, aparentemente, tão mal intencionados? Como é que se exige um determinado número de trabalhos a trabalhadores que têm uma responsabilidade muito grande, pois têm nas mãos o meio de subsistência de muitas pessoas, que realizem tais números de encerramentos, de coimas, etc.? Isto leva-nos a questionar a boa fé de quem decide tão claramente o que pretende de tais serviços. Objectivos ou pressão? Talvez os dois. Como objectivos sempre os houve, mesmo que não estivessem definidos no papel, esta súbita, e algo caricata, ordem parece ter mais a ver com pressão do que com os objectivos propriamente ditos. Para já, estes objectivos têm como consequência directa a pressão a que os funcionários públicos estão sujeitos. Um dia destes, uma pessoa, dentro de um dos muitos serviços estatais, sentada ao computador, desesperava, queixando-se que o sistema operativo informático não funcionava e, em voz alta, perguntava, algo irritada, como é que “eles” queriam que os objectivos fossem atingidos se o próprio sistema informático não funcionava? No que respeita ao serviço de investigação, estes têm de ser muito mais cautelosos para não cometerem erros, porque, e mais uma vez, está a vida das pessoas
Fátima Nascimento
Devo dizer que este texto foi escrito, há cerca de quatro ou cinco anos atrás, e mostrei-a ao pároco da igreja da cidade onde moro, que me refutou algumas ideias e minimizou outras sem, contudo, ter uma explicação satisfatória para mim. Porquê a sua publicação agora? Talvez porque acredite sinceramente que, nestes últimos anos, nada deve ter mudado! E há que fazê-los pensar...
Ia baptizar a minha filha mais nova. Escolhi os primeiros padrinhos num momento impulsivo, originado pela dor, o abandono e a boa fé. Acabara de me separar. Pareciam-me os padrinhos ideais… Eles haviam sido baptizados, haviam feito a primeira comunhão, o crisma, eram católicos praticantes, (ele havia sido acólito) haviam casado pela igreja, enfim… tinham um percurso invejável que seduziria a igreja. Sim, porque a olhar às actuais exigências da igreja, ao escolher uns padrinhos assim, eu ficaria bem vista por ela. Só que … (e há sempre um “só que”) estes “paradigmas sociais” nada tinham de cristãos. Tudo quanto fizeram de bom era só a olhar à imagem social que projectavam na sociedade. Descobri que, para além de não quererem ser os padrinhos, não gostavam de mim nem da criança de que iriam apadrinhar. Descobri também que a sua amizade com o meu ex-marido, era de tal maneira estreita que os levava a contar-lhe tudo o que se passava em minha casa. Desfiz a amizade e encontrei os padrinhos que eu sempre desejara e que pensara já ter encontrado nos outros. Só que… (e também desta vez houve um “só que”), os padrinhos que eu escolhi eram da minha satisfação pessoal, mas não satisfaziam as exigências da igreja. O impedimento? O padrinho não era casado pela igreja. Apesar de ser um bom cristão, ser um bom marido e pai e um bom exemplo social, trabalhador e amigo e ter sido escolhido por mim que o conhecia, isso não era suficiente para a igreja católica.
Olhando à minha volta, reparando na minha situação de divorciada, na quantidade de uniões de facto e de casamentos civis, como vamos escolher os padrinhos ideais? Eu, pessoalmente, conheço algumas pessoas felizmente casadas (e congratulo-me com isso!), mas só essas reunirão as condições sociais, morais e religiosas para serem padrinhos? Ninguém é perfeito. Há de tudo na nossa sociedade. E há muita hipocrisia e interesses que nada têm a ver com o cristianismo. Como vai a igreja ultrapassar esta barreira? Vão passar a baptizar sem padrinhos? Vão indicar eles os melhores padrinhos aos pais? Se assim for, com que critérios? Olha-se ao percurso católico sem olhar à pessoa, mesmo que esta seja um boa cristã? O que é mais importante, se o ideal é cada vez mais difícil de encontrar, (embora não impossível)?
Os nossos padres têm de cumprir o que a igreja católica dita, mesmo quando não compreendem ou não concordam, e são eles que, ao lidarem com os seus paroquianos se vêem confrontados com situações que não podem ( ou não querem?) resolver? Eles não contornam a lei da igreja. Como pode a igreja ser tão intransigente, quando a nossa sociedade está a sofrer profundas modificações? Vão excluir as pessoas que não pactuem com a sua lei? Os divorciados não podem comungar. Porquê? Porque são DIVORCIADOS! Mesmo que não tenham escolhido esta situação, e se tenham visto forçados a aceitar o inevitável, isso não interessa, estão para todos os efeitos ROTULADOS! Isto não faz com que sejam piores católicos e cristãos, contudo, têm de aceitar, é a LEI! Só que a lei está a afastar os católicos das igrejas, e o que vão fazer com “igrejas às moscas”? Passam a ser meros monumentos, velhos testemunhos de uma fé outrora praticada e amada?
O amor…, não deveria ser a igreja católica a igreja do amor, em vez de um conjunto de leis que nada têm a ver com os cidadãos?
Se nós nos revoltarmos, o que poderá acontecer? A igreja senta-se pacientemente, como um pai à espera que pare a birra do filho.
A igreja católica é a igreja baseada nos ensinamentos e exemplo de Jesus, e, que eu me lembre, ele nunca excluiu ninguém da sua companhia ou da sua fé. Nem mesmo Maria Madalena foi excluída por ele… embora o fosse pela sociedade do seu tempo. A igreja deveria fazer mais aquilo que me ensinaram as irmãs de S. José de Cluny: o que faria Jesus se estivesse no meu lugar? Este é o segredo de uma igreja católica fiel aos seus princípios. E quem melhor sabe do que Jesus?
A leiga,
Maria de Fátima Dias
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