O Inverno começou oficialmente no dia 21 de Dezembro, mas, estranhamente, a temperatura do ar não corresponde ao frio habitual. Mesmo o vento, embora por vezes, bem violento, nem frio é! Lembram-se da tempestade que se abateu sobre o país uma noite destas, com ventos muito fortes, capazes de causar grandes estragos? Tive de sair à rua, alertada pelo ruído das portadas que batiam violentamente contra a parede. Estranhei a temperatura do ar: morno?! Os dois casacos vestidos com que agasalhava de nada serviram. De facto, só atrapalharam. A chuva caía intensamente, capaz de derrubar o telhado acima das nossas cabeças. Só esta fazia lembrar o Inverno. Mas não forçosamente. A luz, na rua, desapareceu e apareceu como uma lanterna gritando apelos urgentes em código morse. (Aquele que consegue, para quem conhece, formar palavras com simples desenhos de pontos e traços luminosos ou auditivos.) À obscuridade sucedeu a escuridão. Lá fora, o vento uivava furioso. O som de objectos caídos pela força do ar agitado rompia o longo uivo do vento. A casa, encolhia-se debaixo da tempestade. Só o romper do dia trouxe a calma ambiental. De lá até aqui, o estado do tempo não se modificou. O ar continua morno. As pessoas mais cautelosas ainda se envolvem em casacos que a temperatura não justifica. Aqui, a único aspecto que não se encaixa no puzzle ambiental é a temperatura. A humidade parece ter ocupado o lugar do frio. A água escorre e acumula-se em todo o lado. Os buracos que deveriam escoar a água dentro das cidades, e que se encontram junto dos passeios, não conseguem esvaziar tanta água. A cada carro que passa levanta-se uma vaga de água. Os vidros das casas e dos carros embaciam-se mas não se consegue limpar por dentro. Só as escovas apagam a película enevoada colada ao pára-brisas. Por fora, gotas de água escorrem dos vidros como insectos apressados rumando em direcções desconhecidas. E o ar continua estranhamente morno! Só as terras altas parecem ter a possibilidade de viverem um Inverno frio. Lembro-me dos meus Invernos infantis. Frios e secos. Este ano, só tive oportunidade de apreciar um dia ou outro com estas características. A paisagem à minha volta desfilava coberta de um leve, branco manto. O termómetro marcava pouco mais de um ou dois graus. Ainda era Outono. Foi o único ar frio capaz de fazer justiça à estação que principiámos. Mas ainda estamos no início e muito estará ainda para vir. Só espero é que este balanço da temperatura, registado ultimamente pelos termómetros, desapareça e leve estas temperaturas desajustadas à época que atravessamos! Entretanto, vamos ficando atolados em água, e um pouco mais temos de comprar um barco para sairmos de casa! Se juntarmos a isto a má construção das casas, qualquer dia ficamos todos com um aspecto verde-azulado! Valham-nos os poucos dias de sol que têm vindo para nos ajudar a expulsar o excesso de humidade das nossas casas, ainda que frios!
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