Um dia destes, à saída do supermercado, passei por uma banca com alguns bonecos. Percebi logo do que se tratava. Estavam a vendê-los no sentido de angariarem fundos para ajudarem uma boa causa. A banca estava abandonada. Ninguém nas imediações. Como também não estou em posição de ajudar, limitei-me a varrer com o olhar aquela mesita colorida, com um exército de bonecos perfilados, (entre outros objectos), esperando pacientemente o momento da sua remoção. Quando menos esperava, a responsável pela bancada, apareceu nas minhas costas, perguntando-me se estaria interessada em ajudar aquela causa. Recordei-me que é precisamente em Outubro que começam estas campanhas e que foi sempre nesta altura que eu fui metralhada com pedidos oriundos dos mais diversos quadrantes. Poder-se-ia dizer, sem exagero, que o país sai à rua neste mês para fazer o peditório. Enquanto trabalhei, e como todas as pessoas que sobrevivem com um magro salário mensal, sempre fui ajudando na medida das possibilidades. Agora, infelizmente, não posso. Até o direito à ajuda ao próximo me foi cortado. Ainda assim, consigo fazê-lo, algumas vezes. Nada de extraordinário. Ora, se havia meses mais problemáticos enquanto trabalhei, agora todos os meses são problemáticos. Este mês, por sinal, está a ser particularmente difícil, devido a problemas pessoais que estou a tentar resolver, e enquanto não se resolverem esses problemas, tenho de aguentar. A senhora virou-se para mim e perguntou-me se não queria contribuir. Eu expliquei-lhe a minha situação. Lá concordou comigo. Retomei a marcha rumo à porta automática. Mas, a determinada altura, não se dando por vencida, insistiu que a contribuição se resumia a um só euro. Voltei-me para ela e expliquei-lhe que, no meu caso, um euro era muito dinheiro neste momento… e é verdade! O que se passa é que as pessoas não fazem a mínima ideia do que é estar desempregado, sem ajudas de governamentais, e muitas nem querem saber sequer…
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