Estamos a atravessar mais uma crise penosa que, ao que parece vai levar bastante tempo a ultrapassar. Mas, e se o economista americano tiver razão e houver mesmo uma alternativa menos dolorosa para todos? E se a Alemanha não tem mesmo o direito de nos exigir esta medida, uma vez que é, ela própria uma das responsáveis por esta crise? Então porquê insistir em velhas práticas?
O economista americano James K. Galbraith esteve no nosso país e falou da crise que atravessamos explicando como entrámos nela, dando pistas para a melhor maneira de sair dela e também mostrando como é difícil mudar de rumo mesmo percebendo o erro. Tive a oportunidade de ler a entrevista dada a uma revista portuguesa e, dado o seu interesse, penso que deve ser divulgada.
O primeiro ponto assente é que a crise instalou-se de armas e bagagens e, a continuar assim, poderá levar cerca de um século a ultrapassar. Os bancos continuam a esconder a verdadeira natureza dos problemas que os atingem, sendo que não divulgam os seus reais activos isto é querem mostrar uma liquidez acima da real, escondendo a real situação.
Esta crise resulta de um capitalismo desenfreado não obedecendo a quaisquer regras e escapando à supervisão estatal. E o que é preocupante é que, ainda assim, a tentativa de afastar os estados do controlo da economia continua activa. O que é preocupante é a cumplicidade estatal sobre tal medida.
A crise dos Estados Unidos atingiu a Europa na medida em que os bancos europeus e os fundos de pensões compraram o “lixo tóxico” americano e deveu-se a uma “explosão de créditos hipotecários corruptos” que começou em 2000 e terminaria na crise financeira conhecida. Defende este economista que os estados deveriam agir judicialmente contra os banqueiros corruptos e que o único país que teve a coragem para o fazer foi a Islândia. A resposta a esta passividade generalizada dos estados frente a estes banqueiros se deve a “ligações muito fortes” entre bancos e governos.
Fugindo do “lixo tóxico” concentram os seus esforços na compra da dívida dos estados mais fortes (EUA, Inglaterra, França, Alemanha) vendendo os “títulos de dívida” dos outros países (Portugal, Irlanda, Espanha e Grécia).
A solução para esta crise tem de concentrar no “sistema financeiro global e (nos) mecanismos de financiamento do continente europeu”. Começa por salientar a importância da “compra (da) dívida de alguns países” pelo Banco Central Europeu. O que já está em curso. Esta medida levou à baixa dos juros. As medidas políticas tomadas para ultrapassar a crise, segundo este professor universitário, só vão conseguir que ela se prolongue ainda mais. Daqui só vai resultar “declínio económico”.
Defende a “expansão” do sector público um “sistema de reformas europeu”. Segundo esta ideia, as pessoas que trabalhassem o mesmo número de anos teriam direito à mesma pensão. Ao que parece, isto faria com que os países mais ricos tivessem de contribuir para isso. Defende também reformas institucionais mais longas e duradouras contrapondo-as com as medidas rápidas que não têm qualquer consequência em termos de mutação institucional o que leva à preservação do problema.
Dois dos problemas da Europa são os Tratados e o PEC. Segundo ele, as metas do PEC são para além de “arbitrárias” também “inconcebíveis” para um tempo de “crise financeira”.
Poderia e deveria “permitir-se uma dívida pública de 80% ou mesmo 100% do PIB” Segundo este economista a Europa está novamente confrontada com “objectivos económicos irrrealistas por via de um tratado, imposto por razões políticas”. Da primeira vez a vítima foi a Alemanha logo após a Primeira Guerra Mundial e, agora, são os outros países europeus. Defende uma revisão do tratado.
O problema da Europa passa pela supressão da “união aduaneira e monetária” que é “um modelo económico inviável” uma vez que não há “um sistema orçamental integrado, comum”para se tornar (n)uma federação, e tinha um sistema de transferências orçamentais interno muito forte”. Toda esta dinâmica lhe foi útil antes e depois da queda do muro de Berlim. Há que alastrar esta realidade a toda a Europa.
Há um problema ainda de contabilidade europeu a favor da Alemanha e em detrimento dos outros países. A Alemanha tem uma balança comercial que lhe é francamente favorável dentro da “Zona Euro” o que afecta negativamente os restantes países que perdem na mesma proporção em que ela ganha. Ora, segundo o especialista ou a Alemanha acarreta com as “dívidas dos outros” países ou o “sistema vai tornar-se instável” e levará a consequências péssimas para a própria Europa como um todo. – “acaba-se a prosperidade”.
A solução está numa “ via … política mais sensata” que não tem de passar pela imposição de “condições ao resto da Europa”.
Tudo depende, ao que parece da vontade e sensatez política. Numa Europa com um historial de divergências e guerras conseguir-se-á esta vontade e esta sensatez tão necessárias à continuação? Acabará por cada país seguir o seu próprio caminho? O que acontecerá quando a Alemanha se tornar a grande potência económica como era antes da Segunda Guerra Mundial? O melhor é mesmo pensar numa Europa de fraternidade!!!
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