Algumas disciplinas vão passar a ter, à semelhança do Português e da Matemática, uma carga horária lectiva semanal aumentada. Não sei a que se deve tal decisão, mas posso ter uma ideia. Há já alguns anos atrás que venho dizendo aos meus alunos que a falta de estudo em casa iria fazer com que passassem mais tempo na escola. Eles riam-se, achando piada àquilo que achavam, muito simpaticamente, uma utopia minha.
- O tempo que não estudam em casa, vão passá-lo na escola!
- Não, professora!
- Deus queira que não! Deus queira que, até lá, os alunos percebam que têm de estudar em casa, quer queiram quer não! É uma obrigação vossa!
Claro que, com esta filosofia pedagógica que atribui toda e qualquer responsabilidade unicamente ao professor, cada vez mais os alunos se vão encostando! E quando se fala de ensino, fala-se sempre da obrigação do professor. Ora, esta não é exclusiva do professor. Isso toda a gente sabe, mesmo os que apregoam o contrário! O professor tem metade da responsabilidade cabendo, a outra parte, ao aluno. Este tem de ser responsabilizado pelo sucesso escolar. Tem de perceber que, depois das aulas, que se prolongam pelo dia inteiro, ainda têm de estudar, apesar do cansaço sentido! Quantas vezes, não ouvi esta queixa:
- Oh, professora, depois de um dia inteiro na escola, queremos é chegar a casa e descansar! Não quero pensar mais em escola ou em livros!
Esta era a resposta sempre que lhes dava uma solução para o seu fracasso escolar! Tentava fazê-los compreender que, e apesar dos dias inteiros na escola, era passar todo esse tempo lá e chegar ao final do ano e chumbar! Eles ficavam pensativos, mas alguns não mudavam.
Agora, passados todos estes anos, aí vem o aumento da carga lectiva disciplinar! Talvez assim se consiga, pela repetição, chegar ao tão ambicionado sucesso escolar!
O que não quero, nem desejo para eles, é que cheguem à escola e, cinco ou dez minutos antes do teste, tentem memorizar a matéria (que antes tinham percebido claramente nas aulas) para o mesmo! É preciso que entendam que tal não é a atitude correcta para se alcançar o sucesso!
Não ligo muito às notícias. Não espero nada de novo. Nenhuma medida arrojada e justa capaz de lidar com a situação de crise que se vive. Tudo velho, tudo previsível. A única notícia que verdadeiramente me espantou foi a relacionada com Caixa Geral de Depósitos, os ordenados e os juros das contas dos depositantes. O que há de comum entre os três? Sou uma leiga, mas imagino…
Quando o governo tomou a medida de congelar os salários, a C. G. D. mostrou vontade de constituir uma excepção, pensando pedir ao governo que a tire dessa medida. Fico contente. É sinal que a instituição bancária conhece um bom momento em termos financeiros que a torna uma ilha segura no revolto oceano de crise. É capaz de assegurar o aumento de salários sem prejuízo para si. Achei extraordinário, mas aceitei. Hoje de manhã, quando me dirigia para o trabalho, ouvi a notícia da possibilidade da diminuição do juro das contas dos clientes daquele Banco. Quando cheguei a casa da minha mãe, lá estava a carta anunciadora da possível descida dos juros. Sempre era verdade! Fiquei confusa. Então a instituição não está a passar por um momento económico bom? Não pensam inclusive em aumentar os salários dos seus empregados? Então como se justifica esta mexida nos juros das contas dos clientes? Não posso deixar de pensar que poderão as três poderão estar relacionadas. Para aumentar os salários, a instituição tem de ir buscar o dinheiro a algum sítio para cobrir aquela despesa. Não serão os juros das contas dos depositantes os sacrificados? Todos já percebemos que a crise é só paga por alguns. Só alguns se sacrificam realmente em nome da crise ou seja lá do que for, pagando de todas as formas possíveis e imaginárias. Esta situação não será uma delas? Não estarão a fazer aquilo que sempre devem ter feito: a mexer no dinheiro que não lhes pertence ganhando em função daquilo que lhes apraz? Não foram abusos como estes que nos mergulharam na crise que involuntariamente nos vemos obrigados a viver? Quando vão parar estas situações? Quando se encontrar uma alternativa às instituições bancárias ou quando mudar a mentalidade daqueles que administram quantias inimagináveis de dinheiro sem serem atingidos por aquela sede gananciosa que lhes cria falsos pretextos para abocanhar aquilo que não lhes pertence? Será que o país ganha realmente com atitudes destas? Como estas situações se poderão certamente multiplicar por milhares, ganhará o mundo ou a própria humanidade com este tipo de acções?
Gostei daquele anúncio que nos pede para poupar água. Como recurso natural importante, a água, para além de ter de ser poupada, tem de ser mantida limpa, uma vez que a poluição não tem fronteiras, de alguma forma ela vem até nós, na rega dos alimentos que comeremos, ou até na água que beberemos, no peixe, etc., mesmo estando ela sujeita a tratamento. O que eu achei piada foi à maneira como nos querem fazer poupar a água…sugerindo-nos o uso da máquina de lavar! Nada contra a ideia que querem passar! Mas as pessoas pensam… a água é mais barata do que a luz, (embora também nos ataquem por aí, com os famigerados escalões! Eu já desisti do meu jardim... O meu quintal é só pedra e cimento!) por isso, é mais económico para mim poupar energia à água. E assim é… O problema é que nós estamos tão espartilhados, financeiramente falando, que nem sabemos para onde nos podemos voltar… depois, com as novas facturas da luz, que eu não vejo, desde que elas me são descontadas, em quantias fixas, na conta bancária onde o meu ordenado é mensalmente depositado, é o descalabro. Eu explico. Este ano, em Março, recebi uma conta de luz que me deixou atónita e tive de a pagar em três meses, negociadas com a própria EDP. O meu filho mais velho descuidou-se e adormeceu, algumas noites, com um termoventilador ligado! Ao contactar a EDP, logo os senhores foram da opinião que os trinta euros mensais era uma quantia pequena para a média mensal do gasto calculado por eles e mudaram a quantia para os cinquenta, o que, na opinião deles, irá diminuir o acerto do final do ano. Deus os oiça.
A minha relação com esta empresa tem sido sempre cordial, e agradeço a boa vontade que tiveram para com o meu problema que, pelo que me apercebi, não era o único. Mas gostaria de deixar claro que esta nova facturação foi recusada por mim, quando fui contactada pela empresa. Propunham-me os trinta euros mensais fixos ou então uma factura de sessenta, caso eu persistisse na ideia de continuar como até aí, isto é, recebendo a estimativa todos os meses, a factura via CTT, etc.. Eu expliquei ao senhor que seria impossível, para mim, fazer face a essa despesa mensal, uma vez que, nos meses em que temos de pagar outras despesas como os seguros da casa, carro, gás canalizado (que é uma enormidade!)… enfim, aquelas que todos conhecemos! Mas era o sim ou o não e eu teria de fazer uma opção. Eu respondi que, perante a situação que eles me apresentavam, eu não teria outro remédio… e acabei por aceitar. Mas fiquei sempre com a sensação de que não tive escolha. E não tive. E eu detesto que me imponham seja o que for!
Outra solução que nos apresentam é a substituição das lâmpadas de maior consumo por outras. Eu acho que a grande parte da luz que se gasta não tem a ver com o uso das lâmpadas, uma vez que nos ensinam, logo desde pequenos a apagar as luzes, terá mais a ver com a utilização dos electrodomésticos. Eu evito tocar em aparelhos eléctricos, para não desequilibrar as despesas mensais.
De resto, só tenho que ter esperança que ela não aumente mais, pelo menos, na grande percentagem como foi a do último aumento, ou tenho de voltar ao romântico tempo das candeias a azeite, porque ao preço a que está o petróleo, os candeeiros estão também fora de questão.
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