Encontro-me ainda desempregada. Faz já um ano que desisti daquela escola, onde a única coisa boa eram os miúdos. Como me demiti de uma escola e não do ensino, vou concorrer agora às residuais, isto é, aos horários que não foram atribuídos nos concursos passados. A minha situação de desempregada manteve-se até aqui, à excepção de um curso com a duração de dois meses e meio, nada alterou a minha situação. O novo ano lectivo está aí e, com ele, a preocupação como os livros e o material escolar. No passado ano lectivo, os garotos, e face à minha nova situação de desempregada, obtiveram, muito justamente, o escalão A. Este ano, e devido à nova forma de cálculo, os miúdos ficaram no escalão 3, pelo que têm direito ao computador portátil, e só. Fiquei atónita, uma vez que a nossa situação em nada mudara. Fui à Segurança Social tentar perceber o que acontecera e foi-me explicado que o cálculo do abono se baseara nos rendimentos de 2006. Fiquei chocada! Estes cálculos andam, pelo menos com um ano de atraso. E as famílias cuja vida se modificou de um momento para o outro, como foi o meu caso? Não valia a pena recorrer, uma vez que o decreto-lei era bastante claro. Quem redigiu tal decreto-lei que não está de acordo em nada com a realidade social que se vive neste país? Só pode ser alguém que nunca viveu dificuldades, disso estou certa. Terei de esperar, se entretanto a minha situação não se alterar, pelo ano de 2009, para que o dito cálculo se baseie no IRS de 2007… Voltei à escola, onde já entregara o papel que havia recebido da Segurança Social, com o respectivo escalão atribuído, e que está relacionado com o valor do abono. Expliquei-lhes o que me haviam dito. As pessoas ficaram boquiabertas. Têm imensos casos parecidos com o meu e não sabem ainda bem como hão-de resolvê-los. Ficaram de conversar com os meus ex-colegas do Conselho Executivo, para encontrarem uma estratégia capaz de colmatar o buraco criado pelo novo cálculo. Mas também aqui há um problema… o IRS de 2007, ano em que pedi a demissão, tem um valor que em nada corresponde ao actual, uma vez que trabalhei o ano lectivo todo (só pedi a demissão do dia 2 de Agosto desse ano) e, como tal, recebi o rendimento corresponde a esse período. Se tiverem em conta estes rendimentos desactualizados, também eles se vêem a braços com um problema incontornável, ao que parece… Como resolver então este problema? Não serve a declaração do Centro de Desemprego que eu já entreguei, atestando a minha inscrição naquele centro?
Depois, há algo muito curioso: os miúdos, neste escalão, têm direito ao computador portátil, mas não aos livros que são o mais importante? É ridículo perceber que vivemos num país completamente daltónico, onde os legisladores nada percebem da realidade do país. Ou terão copiado a ideia num outro país e colocado neste, sem a preocupação de fazerem os devidos ajustes? Cada vez acredito menos no Estado e no que ele representa… bem, não esqueçamos que o estado são as pessoas que lá trabalham…!
Os meus pais nunca quiseram comprar fosse o que fosse a prestações. Juntavam dinheiro e, quando tinham a importância necessária, investiam-na então nessa compra. Não está mal visto. Eu, pessoalmente, nunca tive problemas até há bem pouco tempo. Comprei o carro em 2004, e comecei a pagá-lo ainda nesse ano. Passado um tempo, mudei de casa e tive de abrir outra conta na nova dependência do meu banco, desactivando a outra. A quantia debitada, todos os meses, naquela data, pelo sistema de débito directo, processou-se sem problemas até ao passado mês de Julho. Aqui, inexplicavelmente, o dinheiro deixou de ser levantado. Estamos em Setembro, e ainda não levantaram a quantia. Neste passado Sábado, recebi cartas da financeira, (trazidas pelos senhores que me compraram a outra casa) acusando o atraso dos pagamentos e os respectivos juros de mora. Ora, eu, que nada tive a ver com tal fenómeno, vejo-me envolvida numa embrulhada da qual não sei bem como sair. A minha reacção imediata foi a de me dirigir ao meu banco, explicar a situação e pedir ajuda na resolução do mesmo. A primeira atitude tomada pelo meu banco foi a de conferir o saldo da minha conta nas datas do débito, e, de todas as vezes, havia saldo para o débito. Telefonei à financeira expondo o problema. Lá disseram-me que o meu banco acusara falta de provisão na conta. Confrontadas as contas, verificou-se que estavam, desde Julho a tirar dinheiro da outra conta já antiga, que estava já desactivada. O que é que correu mal desde Julho até agora? Sim, porque o dinheiro foi sempre levantado até Junho sem problemas… O que terá corrido mal, então? Não sei… nem a financeira, nem o meu banco sabem também explicar o que aconteceu. O que é certo é que eu tenho duas prestações em atraso, acrescidas de juros de mora, e eu não tenho culpa absolutamente nenhuma no que aconteceu. A financeira recusa-se a renegociar estas prestações, remetendo tudo para uma outra firma que trata dos pagamentos em atraso! Resumindo e concluindo, é pagar e não protestar. Sempre me lembrei de levar o caso a tribunal, mas iria gastar muito mais dinheiro, para não falar dos aborrecimentos que iria ter… e assim se vão safando os culpados! A penalização cai sempre sobre o desprotegido cidadão anónimo. Como me dizia um senhor meu conhecido a quem aconteceu uma situação idêntica, “tive de pagar ou teria o meu nome sujo no Banco de Portugal”! E assim se vai vivendo neste minúsculo canteiro a que chamamos país - com medo!
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