Ouvi há dias na rádio. A viva voz. Duas pessoas falavam do Rendimento de Inserção Social. Eram dois testemunhos. O primeiro falava da ajuda e da gratidão para com todas as pessoas que haviam ajudado no momento certo. Todo o bem que viera dessa ajuda e o sucesso garantido por ela. Não me escapou a gratidão demonstrada por aqueles que haviam sido essenciais na conseguida ajuda. Era, sem dúvida, uma história de sucesso, a todos os níveis. Não era só no aspecto financeiro mas também nas relações interpessoais estabelecidas entre ajudantes e necessitados. A voz, mais do que as palavras, testemunhava isso mesmo. O segundo testemunho falava de dois aspectos muito importantes não só da ajuda como das já referidas relações interpessoais. Falava da ajuda preciosa que, apesar de pouca, fazia toda a diferença na qualidade de vida da sua família. Este rendimento havia feito toda a diferença! As palavras utilizadas nesse testemunho revelava uma pessoa com uma certa cultura que traduziam também uma certa revolta – todo o triunfo conseguido pela obtenção do R. I. S. havia sido manchado nas relações interpessoais – mostrando o lado mais escuro do mesmo. Revelava a irritada voz que estava sujeita a uma espécie de fiscalização. As pessoas encarregadas desta, entravam em casa da pessoa interrogando-a sobre aspectos relacionados com as tarefas caseiras. E ela tinha de responder a questões como por exemplo “por que é que não tinha lavado a loiça ou o chão ou não tinha limpo o pó”, o que a irritava sobremaneira, pois via-se que, para ela, as “fiscalizadoras” nada tinham a ver com o assunto que ultrapassava claramente o seu foro. Pensando um pouco, e pondo-me na posição daquela voz, compreendo-a perfeitamente. O que não compreendo é o comportamento dessas pessoas. Não entendo como pessoas de formação académica, partindo do princípio que deverão ser assistentes sociais, não mostram um pingo de sensibilidade para com estas questões! Como se estas pessoas não tivessem já problemas que chegassem e alguns deles bem graves! Isto mostra que o curso não faz as pessoas! Elas não têm nada que se meter na vida das pessoas e tratá-las indirectamente como seres inferiores! Foi assim que se sentiu a pessoa entrevistada! Daí a sua queixa! Ou não teria abordado sequer a questão! E é preciso coragem para denunciar estes casos! Podemos mesmo interrogar-nos se tais pessoas terão de facto vocação para a profissão. E se compararmos o primeiro testemunho com o segundo, poder-se-á concluir que o sucesso daquele, se deve não só ao dinheiro, ficando também a dever-se à acção e sensibilidade dos intervenientes. Estes estão de parabéns! Aos outros intervenientes, esperemos que aprendam com a experiência. Se é que aprendem! Há coisas que nascem com as pessoas ou se adquirem com vivência. E, aparentemente, não foi o caso. Que este testemunho sirva de exemplo para que revelem mais tacto futuramente quando abordarem as pessoas mais desfavorecidas! Ou as denúncias aumentarão! Eu, pessoalmente, espero que sim!
Projecto Alexandra Solnado
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