“Tiveste tantos pretendentes que eram boas pessoas e foste casar com uma m…!” Lembro-me do asco com que foi pronunciada. Não precisei de ouvir mais nada. Tinha razão. Para um pai - para o meu pai – foi e é dolorosa esta constatação! Nunca mudou a sua opinião! Também não seria preciso.
Esta frase do meu pai vem-me à cabeça muitas vezes. Há outra que também aflora à minha memória e que diz que os erros fazem-se e desfazem-se mas que eu fizera um que se arrastaria até ao resto da minha vida. As duas referem a uma só pessoa – o meu ex-marido. Nenhuma delas resistiria à corrosão temporal se não fossem máximas, no sentido negativo, na minha vida. Só gostaria que estas afirmações tivessem chegado até mim mais cedo e não só, como aconteceu, depois do divórcio. O meu pai, cuja opinião eu respeitava, poderia ter feito toda a diferença, mas ele sempre se pautou por não se meter na minha vida. E, efectivamente, nunca se meteu. Nem quando percebeu que o homem que se estava a aproximar de mim, não o fazia pelos melhores motivos nem a sua natureza era a imagem que tentava mostrar aos outros. Resumindo: apercebeu-se que ele não era boa pessoa. Um amigo meu, ao conhecê-lo, um dia, telefonou-me no dia seguinte para tocar o assunto melindroso da minha recente relação. A intenção foi boa mas não soube escolher as palavras certas, ou ter-me-ia convencido que estava a dar um mau passo. Bastava que me tivesse dito que se apercebera da sua má natureza. Não o fez. Buscou pretextos como a falta de cultura ou as baixas perspectivas de vida. Nunca liguei a isso. Mas deu-me que pensar. O rapaz parecia muito certinho. Agora percebo que era até demasiado certo. Parecia não ter defeitos. Como hei-de explicar? Era do tipo de pessoa que não parte um prato. Alguns colegas meus, ao longo dos anos, chamaram-me a atenção para certos aspectos nomeadamente as contínuas infidelidade que roçavam a falta de respeito e a ironia desprezível que manifestava a meu respeito. Após o divórcio, e passando a vista pelos quase doze anos de casamento unilateral, percebi que aquela pessoa nunca gostara de mim e que sempre soubera que eu não mulher para ele. Mas encostou-se às más palavras, tentando incutir em mim um sentimento de inferioridade manifestado através de más palavras. Houve uma altura que quase se deu a ruptura até perceber que a mulher com quem andava, nesse momento, não era a ideal para si. Levou doze anos a encontrá-la. Das mulheres com quem andou, (e foram imensas!) muitas queriam-no e ele não as queria outras queria-as ele e não elas. Após o divórcio, percebi a sua natureza. Deteriorou a minha imagem para lavar a sua. E não houve nada (dentro dos limite razoável) de que me não tivesse acusado perante pessoas que pouco ou nada me conheciam. A mãe ajudou-o na nefasta tarefa. Após doze anos a passar o dedo por cima dos móveis à procura de vestígios de pó, a senhora que encontrou e que, finalmente, o separaria de mim, fez dele um homem. Arruma a cozinha, põe a roupa a lavar, passa a ferro, limpa a casa, faz comida…
Para que estou a contar esta história? Para que as mais ingénuas ou as desprevenidas que, como eu, pouco ou nada sabem da natureza humana (e tal como ele se gabava) é preciso ter atenção. Há mais pessoas (homens) assim e como tal é preciso cautela. Aquelas que conhecem o amor à primeira vista, o mais fiável, têm a vida facilitada as outras têm de olhar para o lado e não só para a frente. As pessoas parecem ir de mal a pior! E são em grande número! Todas têm uma forte capacidade de sedução. Por isso todo o cuidado é pouco! E o meu pai tinha muita razão: eu casei com uma m…! Em todos os sentidos! E ele raramente usa calão! E já nem falo de outros aspectos reais que a actual hipocrisia social não aceita nem reconhece! Muito conveniente para muitas pessoas!
Todos os docentes sabem, e não só, também os psiquiatras que os tratam, que esta profissão é não só desgastante como esgotante. Não é por acaso que muitos docentes chegam ao final do ano lectivo de tal maneira cansados que nem um mês de férias dá para se recomporem. Não é por acaso também que, há já alguns anos, existe um artigo 75º que concede aos docentes com bastantes anos de trabalho uma redução horária lectiva. De facto, esta profissão, se vivida a fundo, exige um envolvimento afectivo, emocional e intelectual, ano após ano, de tal maneira grande que vai desgastando as pessoas que se envolvem inteiramente nesta profissão. Com certeza que ninguém fica indiferente a um aluno que se droga, a uma aluna jovem que engravidou, a outro que tem graves problemas familiares, etc., e todos tentamos, na medida do possível, ajudar, embora nem sempre consigamos os resultados que esperamos. Se juntarmos a isto, o problema da indisciplina e violência nas escolas, que afecta não só os professores como também os alunos da própria escola, e os outros funcionários, dá já para ter uma ideia do inseguro ambiente escolar em que vivemos. Escusado será dizer que os momentos de insegurança e stress vividos nas escolas aumentaram muito, o que veio também aumentar o desgaste físico, psicológico e emocional dos docentes. Ora, todo o docente, ao longo dos anos, vai perdendo a força e a energia exigidas nesta profissão, e a força que tem no meio ou no final da carreira, não se compara, em nada, com aquela que se tem no início, apesar da inexperiência. Foi esta situação que se teve em conta, (entre outras que possivelmente me possam escapar), quando se criou o artigo 75º. Por ironia ou não, foi através deste mesmo artigo, que o ministério pegou para aumentar novamente a carga dos professores. Eu explico. Tiraram-lhes as horas lectivas e substituíram-nas por aulas de substituição. Assim, quantos mais artigos 75º, mais aulas de substituição! O que quer dizer que o ministério teve o condão de tornar o artigo 75º obsoleto. Ou então, as aulas de substituição não são, para ele, aulas. Se pensa assim, não percebe muito de escola, ou então o que sabe é só de teoria ou está ultrapassado. Agora já há professores que dizem abertamente que preferem ter aulas normais a aulas de substituição! Não seria por isto que o ministério esperava? Os professores voltam, mais cedo ou mais tarde, às cargas horárias de antigamente, com claro prejuízo da sua saúde e com claro prejuízo da tão afamada pedagogia. Porque debitar conhecimentos não é difícil, criar actividades é que é… e todo o trabalho criativo necessita de tempo! Ou limitar-nos-emos a copiar o que já foi feito nos outros anos até ao final dos nossos dias e a debitar conhecimentos? É claro que há as super-mulheres e os super-homens em qualquer profissão que dizem ser capazes de tudo… não discuto, limitar-me-ei só a dizer que se encararmos esta profissão como se de um trabalho de escriturário se tratasse, então, é fácil ser-se professor!
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