opiniões sobre tudo e sobre nada...

Quarta-feira, 18 de Junho de 2008
O gesto fatal

 

O meu filho viu-se envolvido no meio de uma situação, da qual saiu prejudicado. Um vizinho nosso, e colega dele de escola, emprestou a sua pendrive a outra colega de turma. Esta, no fim de a ter utilizado, sabe-se lá porque razão, pediu ao meu filho para a guardar. Este, num gesto de boa vontade que o caracteriza, pegou nela e meteu-a na pasta. Quando chegou a altura de a entregar ao colega, ele estendeu a mão para a colega e disse-lhe para lha entregar. Ela negou-se. Resultado: a pen estava estragada. O dono da pen ficou zangado e pediu contas à rapariga e ao meu filho. Este, vendo-se envolvido, injustamente, na questiúncula, negou-se a pagar fosse o que fosse. Ficaram zangados. Resolvi procurar o rapaz para falar com ele, de forma a que entendesse a posição do meu filho, e salvar uma amizade. Estava lá o pai. O rapaz estava em casa de um colega. Mas fez-me logo saber que as coisas não eram assim na versão do filho e dos colegas. Pedi para telefonar ao filho. Este veio. Expliquei-lhe a atitude do meu rapaz, a amizade que estava por trás do gesto, que ele não tinha obrigação de ficar com a pen, uma vez que não fora a ele emprestada, mas que, ainda assim, concordara em ficar com ela, que era a moça, a quem ele a emprestara que deveria fazê-lo, que ele não deveria emprestar essas peças informáticas a ninguém, e que ele, tanto quanto o meu rapaz, eram vítimas daquela situação toda. Chamei o meu rapaz, para falar com o colega, na tentativa de levar ambos a entender a situação do outro. A irritação do vizinho que perdera um instrumento de trabalho, a do meu que lhe fizera um favor e saíra prejudicado por isso. O pai do rapaz saiu de casa para um encontro que combinara e, de passagem, perguntou-lhe se o caso estava resolvido. “Mais ou menos”, foi a resposta do filho. “Então já está resolvido.” foi a resposta do pai que acrescentou, “Eu também já emprestei uma pendrive que me estragaram e nunca vi o dinheiro.” Eu percebi a indirecta do pai e ignorei-a. Desde o início da conversa, o rapaz que se mostrara, aparentemente, sempre compreensivo, (eu percebia a resistência interior dele às minhas palavras) embora insistindo, sempre que podia, no dinheiro da pen, explicou que iria receber metade da quantia, no dia seguinte, da colega a quem emprestara a pen. Eu retorqui que era precisamente a ela que ele tinha de pedir contas, porque foi a ela que ele emprestou a pen, e a mais ninguém. Despedi-me do vento frio que varria a rua, e do rapaz, sem deixar de ouvir da boca dele que o assunto ainda não estava resolvido. Percebi que não valia a pena. Ele queria o dinheiro do utensílio e mais nada… Agora, só falta cá vir a mãe falar comigo e… defender a mesma ideia do filho. A única lição que o meu filho pode tirar daqui é nunca mais fazer favores a ninguém, seja a quem for.



publicado por fatimanascimento às 23:52
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Sábado, 27 de Outubro de 2007
O fim da Casa Pia?

Desde o último escândalo Casa Pia, e agora com estas últimas denúncias, a tutela do Estado sobre as crianças órfãs, é, novamente, questionável. Quem é o Estado? Para mim, o estado é uma cadeia difusa de rostos, um emaranhado de pessoas cuja responsabilidade no que se passa neste país é quase totalmente desconhecida. Digo quase, porque as pessoas são boas, mas não são estúpidas e têm uma ideia dos culpados, mas só em parte. O que eu quero dizer é que a culpa morre quase sempre solteira. Sempre que se dá um escândalo destes ou existem denúncias, os procedimentos são demorados e inconclusivos. E, depois, para mim, sempre que há denúncia de um caso, está claramente provado que o Estado não tem capacidade de tomar sob a sua tutela estas crianças. Como é que, depois do escândalo Casa Pia, ainda há denúncias destas? O que é que foi feito para evitar novas situações destas? Estas novas denúncias levam a crer que nada, naquela instituição, sofreu qualquer alteração, para evitar novos casos. Pelo menos não foram tomadas as medidas adequadas, já que, se as houve, não surtiram efeito.

   No caso da Casa Pia, a instituição é destinada a educar e a proteger as crianças que lhe são confiadas. E, de facto, não lhes falta nada, nada que o dinheiro possa comprar. Falta-lhes, talvez, o carinho e a protecção de alguém que os ame, os acompanhe individualmente no seu desenvolvimento pessoal até à idade, altura em que possam e saibam decidir por si próprios, e dar, então, um rumo às suas vidas. As crianças com falta de carinho e amor são as mais vulneráveis nesta selva humana, onde impera a lei do mais forte, física e psicologicamente. Com elas, trabalham pessoas que, findo o seu trabalho, regressam às suas casas e às suas famílias. Famílias de que carecem estas crianças. Um rosto que as acompanhe e que substitua o pai ou a mãe que tiveram mas não conheceram, em muitos casos. O que eu quero dizer, é que a instituição tem de repensar a sua estrutura e os seus meios para atingir os seus objectivos. Depois, há imensos exemplos, vindas de instituições privadas que podem servir de exemplo a essa mesma reestrutura. Refiro-me ao caso particular das aldeias SOS, onde as crianças são confiadas a um adulto que é, para todos os efeitos, o pai ou a mãe, dessa ou dessas crianças, e que as acompanha e lhes dá o amor, o carinho e a protecção de que elas tanto necessitam, para crescerem de forma equilibrada e sã. Pergunto-me se não é disto que as crianças da Casa Pia, pelo menos aquelas afectivamente mais carentes e desamparadas psicologicamente, precisam para se evitar mais casos de pedofilia. Não vamos ter a veleidade de pensar que, com estas medidas, vamos acabar com os pedófilos, que certamente terão de buscar ajuda, seja ela de que natureza for, provavelmente médica, (uma vez que a prisão não cura), ou com os gananciosos que, à custa da integridade física e psicológica de crianças, ganham dinheiro com tal negócio. Mas, pelo menos, ficamos com a consciência tranquila, sabendo que, onde se detectou o problema, resolveu-se. O que temos de fazer, e todos nós somos o Estado, uma vez que contribuímos para ele com os nossos impostos, na medida das nossas possibilidades, é exigir a prevenção de casos como estes tristemente conhecidos da Casa Pia, com medidas adequadas.



publicado por fatimanascimento às 15:00
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