Dizer mal tornou-se algo banal e parece querer alastrar-se a todos os aspectos da vida e, o que é mais grave, fala-se abertamente mal do que os outros fazem. Todos nós somos leitores e temos a nossa opinião sobre determinado livro que lemos, e, basicamente, gostamos ou não, por este ou outro motivo, e comentamos com amigos. Nada mais. Outra coisa é falarmos de um colega de profissão, falando da sua obra em termos depreciativos, e para mais, dizê-lo durante uma entrevista sua, e perante uma plateia de admiradores seus, e na presença de órgãos da imprensa…
Refiro-me a uma entrevista, que li recentemente, de um escritor português, de reconhecido mérito, e que conta com a admiração de muitos leitores nacionais e estrangeiros, para já não falar dos prémios nacionais e internacionais com que já foi presenteado. Nada tenho a dizer das respostas da sua autoria, não fosse uma única nota que colocou mau tom naquela entrevista, quando se referia a um outro escritor, nomeadamente ao último livro deste. Fiquei chocada porque, sinceramente, não esperava. E não esperava dele. E como na minha profissão, a minha posição foi sempre ajudar os outros, (mesmo quando terceiros falavam mal), ajudando-os, mesmo às escondidas, e outras vezes, com a cumplicidade de outros colegas, não percebo esta atitude, que não destoa, do que vulgarmente se passa por aí. Mas dele… eu não esperava isto. Não é por ser o escritor que é, porque sei que antes de sermos escritores, pedreiros, professores, actores, etc, somos, antes de tudo, pessoas. Eu não o conheço como pessoa, talvez tenha dito aquilo que realmente pensava, pois nunca me passou pela cabeça, o contrário. Só que não foi o momento, nem o sítio mais adequado para o fazer… Poderia ter esperado por um momento mais oportuno, onde pudesse falar calmamente com o escritor em questão e explicar-lhe porque não gostara do livro. Teria sido mais proveitoso. Também não sei a que se refere exactamente, quando diz que aquele é uma “m…”, mas não gosto de pensar que as coisas só têm uma maneira de ser feita, gosto mais de pensar que há mais do que uma, e que a literatura não é excepção. Depois, é só a sua opinião… e pelo número de volumes vendidos, há muitos leitores, seguidores do escritor visado, que gostam e que também precisam de ser respeitados. Sempre defendi que, independentemente da obra e do escritor que lhe deu vida, está também o gosto de um leitor, que por ser anónimo, passa despercebido, mas existe. Não vamos criar questiúnculas à volta daquilo que o outro faz, respeitemo-lo, simplesmente, gostemos ou não do que faz. Pelo menos publicamente.
Antes de mais, devo dizer que entendo o estilo como uma forma particular de utilizar a língua, o que diz respeito a cada um. Depois, a língua foi criada foi criada para servir o homem e não o contrário. Aliás, foi o próprio homem que a criou para o servir na difícil arte de comunicar e, no vasto oceano que ela é, cada um tem a sua maneira de se exprimir, isto é, o seu estilo. Na escrita passa-se o mesmo. E a literatura não é, também, excepção.
Há já algum tempo atrás, tive a oportunidade de passar os olhos por uma entrevista realizada a um autor português muito conhecido que conheceu o sucesso, nacional e internacional, que se traduziu num volume de vendas considerável, o que me enche de orgulho, e, desde já, desejo-lhe a continuação. Segui a entrevista com muito interesse, dando igual importância às perguntas e às respostas, como sempre faço. A determinada altura, deparo-me com uma questão que me deixou perplexa. O jornalista perguntava ao autor o que pensava de determinadas críticas que colocavam em dúvida a qualidade literária do seu estilo. Deve ser a pior questão que se pode colocar a um autor. Para mim, só há duas posições a tomar perante o estilo dos autores: ou se gosta ou não se gosta. E é tudo. Depois a linguagem literária não é, a meu ver, unívoca mas plurívoca. Ninguém pode obrigar ninguém, nem deve, a escrever como qualquer outro autor cujo mérito é reconhecido por uma determinada classe cultural. O estilo é pessoal e, como tal, nunca poderá ser posto
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