opiniões sobre tudo e sobre nada...

Domingo, 13 de Julho de 2008
A cabeça e os problemas de saúde

Sempre que estamos doentes, temos a cabeça que nos dá os sintomas que, oportunamente, contaremos ao médico. É assim que funciona o nosso corpo. Aqui há muitos anos atrás, tive a oportunidade de assistir a uma caso que me chocou, de tal maneira, que, ainda hoje, me recordo dele. É uma história que conto, muitas vezes, a muitas pessoas. Trabalhava num local onde havia muitas pessoas, estando, na altura, algumas delas, sobrecarregadas com o trabalho e a responsabilidade do estágio, que, representava, no início do mesmo, uma sobrecarga nervosa. Uma das colegas, muito simpática, por sinal, estava a acusar um cansaço fora do vulgar, o que não foi compreendido, por muitos colegas que tinham passado pela mesma situação. Passado pouco tempo, começámos a estranhar o comportamento e a conversa dela. Dir-se-ia que algo não estaria a funcionar bem dentro do seu corpo. As pessoas que a rodeavam, colegas de trabalho, começaram a alarmar-se, (eu incluída), com tal situação. Os adolescentes, com os quais a colega trabalhava, também notaram. Lembro-me vagamente de que tinha uma criança pequena, que não a deixava dormir, durante a noite, e uma mãe que tentava apoiá-la, no máximo que podia. Muitas das pessoas que conviviam com ela, não percebiam, porque, segundo elas, ela tinha muita ajuda. Pois, mas os organismos não são todos iguais. A situação prolongou-se por algumas semanas, até que demos o alerta. Ela não poderia continuar assim, não era bom para ela, nem para os miúdos com quem trabalhava. A mãe, muito a custo, lá a conseguiu levar ao médico. Segundo notícias que me chegaram, ainda na altura, ela não sabia se era noite ou dia. Percebemos que o caso era grave. O que mais me preocupou, nessa altura, em relação a algumas pessoas que a rodeavam, era a sede de perseguição que se desenhava à sua volta. Algumas colegas avisaram-me e eu tive oportunidade de me aperceber disso. Como nunca fui pessoa de me calar, juntei-me a algumas, poucas, vozes que se fizeram ouvir, em defesa dessa colega. Sempre que tal acontece, a maioria das pessoas, ainda que sinta compaixão e compreensão pela situação da colega, escolhe a indiferença, com medo de se envolver e sair prejudicada. Lembro-me de lhes ter explicado a sua situação. Se nos dói uma perna, a cabeça assinala essa dor, que indica que algo não está bem, se nos doer o estômago, a cabeça dá também sinal… Mas o que acontece quando é a cabeça que adoece? Como vai a pessoa perceber que a sua cabeça deixou de funcionar? Muitas vozes se levantaram em sinal de apoio. Aqui, mesmo os colegas de má vontade tiveram de reconhecer que eu tinha razão. Evitou-se, assim, uma perseguição injusta, com tudo o que, de mau, ela arrasta atrás de si. Suspirámos de alívio. Foi uma lição para todos, até para mim, que, a partir daí, me mantive mais atenta ao que me rodeava.



publicado por fatimanascimento às 21:07
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Domingo, 11 de Maio de 2008
Trabalho infantil

 

Continuo à espera. Olho para os lados. As pessoas que, tal como eu, esperam a sua vez, parecem indiferentes ao que se passa à sua volta. Só levantam a cabeça, durante longos períodos mergulhada numa revista, para se assegurarem de que não chegara a sua vez. Algumas murmuram conversas privadas, olhando em redor, de vez em quando, como que para se certificarem de que ninguém segue as suas palavras. Alguns senhores idosos dormitam, acordando sobressaltados ao som da campainha que assinala a passagem do número que marca a vez de cada um. Eu, por meu lado, vou ouvindo música com os auriculares, olhando distraidamente para o pequeno ecrã mudo, que emite um programa matinal.

Passado algum tempo, entra um jovem moreno, alto e magro com uma resma de exemplares de um periódico debaixo do braço, bem conhecido do público em geral, e dirige-se ao fundo da sala. Passou rapidamente por mim, como se perseguisse alguém. Uns segundos mais tarde, estava ele a percorrer a primeira das cinco filas de cadeira bem alinhadas, estendendo, desajeitadamente, em movimentos soltos, o exemplar apontado ao peito das pessoas. Falava baixo e mal se ouviam as suas palavras. Ao princípio, a reacção dos presentes foi de choque, para logo crescer para a indignação. Revoltavam-se contra as circunstâncias de vida que levavam aquele rapaz, ainda em idade escolar a trocar a escola por aquela vida. O rapaz aproximou-se de uma senhora que abrira a mala e se dispunha a comprar um exemplar. Ela colocou-lhe algumas questões às quais ele respondeu ao acaso, como se se tentasse libertar de uma mão rígida que, de repente, o agarrasse com força. Falava com a certeza de que aquela conversa não lhe iria resolver os seus problemas. Ele frequentava a Escola da Amadora, entrava às 15h e sim, ele tinha tempo para tudo. A indignação da senhora subiu de tom. Recuou na sua intenção, não pactuaria com situações dessas, porque seria alimentá-las. Tive pena do moço. E, sobretudo, compreendia-o na sua atrapalhação. Ele estava a fazer um trabalho a que estaria, de alguma forma, obrigado, já que se sentia o pouco à vontade que se desprendia dos seus modos no contacto com as pessoas: ele agia como se quisesse desaparecer após o primeiro contacto com os possíveis clientes. Frustrado e desanimado, o rapaz abandonou a sala, perseguido pelas vozes indignadas que, desta vez, se manifestavam contra o governo. Passados uns minutos, entraram duas garotas, com idades compreendidas entre os oito e os catorze anos, com os exemplares daquele periódico. Não sei se estariam unidos por algum laço de parentesco ou apenas pelas circunstâncias da vida que os aproximara. A mais novinha apertava os exemplares contra o peito, com se os quisesse proteger contra as invectivas dos presentes. Atrapalhadas, e algo amedrontadas com a violência da indignação que tomava conta das pessoas, elas saíram precipitadamente. Nunca mais os vi. Penso no que sentiriam após aquela inesperada recepção, tão diferente da habitual indiferença a que estão habituados ou dos gestos distraídos das mãos que se estendem para a solidariedade. Adivinho a batida apressada do coração, a voz estrangulada e a frustração própria daqueles que são as principais vítimas da sociedade, e que não vêem solução ajustada para o seu problema. Vivemos no século XXI, com os problemas sociais dos outros séculos.

 

Fátima Nascimento



publicado por fatimanascimento às 00:05
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Quinta-feira, 13 de Setembro de 2007
Só uma pequenina ideia...

Como sou uma pessoa que aprende com os erros, aqui vão umas ideias para as financeiras, caso as queiram aproveitar. Não, não se trata de arrogância mas o mercado financeiro também tem de ser criativo. Eu explico. As pessoas instalam-se confortavelmente numa cadeira e aprendem a lidar com o sistema de uma determinada maneira que se irá prolongar por imensos anos… e os ajustes, que têm de ser feitos, ou devem ser feitos, não interessam. Senhores, há que pensar, de vez em quando, sobretudo quando surgem problemas pontuais ou não. Eu aprendi com a minha situação e aqui está o que aprendi. Talvez possam utilizar! Quando nós, cidadãos comuns, optamos pelo débito directo, esperamos delegar sobre os vossos ombros toda e qualquer responsabilidade sobre esse mesmo débito, cabendo a nós ter o saldo da conta disponível para ele… Nós não adivinhamos quando os senhores decidem alterar ou modernizar o vosso sistema informático, por isso, não custa nada comunicar à outra identidade financeira, que gere esses mesmos débitos, essa alteração, para que tudo prossiga sem percalços. Quanto a mudanças de residência e outras possíveis mudanças, o banco onde está sedeada a conta do ordenado do cidadão comum, também é alertada. Enfim, a comunicação entre instituições resolveria grande parte destes problemas que surgem inesperadamente e custam umas boas quantias em juros de mora ao cidadão comum, tão alheio a todo esse processo e até à linguagem que vocês tão orgulhosamente acenam como uma bandeira, sentindo-se realmente importantes, por dominarem bem algo que os outros, simples cidadãos comuns, não habituados a tais termos técnicos, custa compreender. Isto não se processa assim? Eu sei… já senti isso na pele. Agora, é pegar ou largar. Mas pelo que conheço do sistema em geral, as ideias surgem em 2008, por exemplo, e estão completamente implantadas em 2050, com um pouco de sorte. E isto porque aprendendo a proceder de uma forma, tudo o que seja inovação é olhado com reserva, e faz as pessoas sentirem-se inseguras. Ao que parece, acontece em todo o lado… todos têm pavor de errar e ficarem mal vistos ou despedidos. A inovação faz parte da evolução. Pensem neste minúscula ideia… Pode poupar problemas e alguns bons euros ao cidadão anónimo, para além do abalo que sofrem as instituições financeiras na sua imagem. Eu, com esta, vai ser a última vez que faço contrato. Com esta ou com alguma outra…



publicado por fatimanascimento às 18:09
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Quarta-feira, 5 de Setembro de 2007
Tensões desnecessárias...

 

 

Confesso que não vi a reportagem que falava do problema dos balcãs e da tensão que estava a criar nas diplomacias dos Estados Unidos e URSS e não sei se outra também. O que me surpreende, é que, após tanto tempo de conflitos naquela área já de si tão massacrada, tanto em danos humanos como físicos, ainda não se aprendeu nada com esses mesmos problemas. Sim, porque se tivéssemos aprendido, eles já não existiriam. Os problemas existem para se resolverem, sejam quais forem as suas causas e para se evitar as evitáveis e desagradáveis consequências. Muito gente já me qualificou de básica, quando se trata de resolver problemas, mas como eu procuro sempre, e quero sempre, para todos, o melhor, não penso que esteja errada nesta minha visão do mundo. Se pensarmos que todas as negociações são, em princípio lideradas por pessoas profundamente entendidas nesses assuntos, elas deveriam ser, no mínimo, fáceis de resolver. Mas não parece ser assim, e, por muitas negociações que se façam, a questão está sempre viva, e sempre pronta a explodir, a qualquer momento. Assim, devemos concluir que o problema não está resolvido, está só adormecido e adiado. Enquanto não estiver resolvido, haverá sempre, ao menor problema, possibilidade de outros conflitos e a paz estará sempre ameaçada e, com ela, a vida das pessoas, em todos os sentidos. E, uma vez a paz ameaçada em determinada zona do globo, estamos todos ameaçados, pois o mundo é só um e a destruição, que todos nós tememos, acaba também, mais cedo ou mais tarde por nos bater à porta, sob as mais diversas formas. Não há fronteiras atrás das quais nos possamos esconder, porque elas não existem. Talvez a resposta, para esses problemas, passe pela auscultação das minorias, porque nem sempre a maioria tem razão, e para que todos se sintam bem. Para tal, as mentalidades têm de mudar... e falo de toda a gente sem excepção. A decisão errada, tomada por alguém em determinada parte do mundo, acabará por nos afectar a todos. A história da humanidade já nos mostrou isso, mais do que uma vez... é preciso, sobretudo, vontade séria para resolver os assuntos e não empatá-los, e quando se vai para a mesa de negociações a agenda tem de estar em aberto, isto é, tem de se fazer tudo e ter tudo em conta, para uma séria resolução dos problemas, sejam eles quais forem. Os balcãs são uma zona mais, a juntar a tantas outras, por esse mundo fora... Porque não satisfazer a vontade de algumas minorias, se isso estiver ao nosso alcance? Se for bom para elas e para os outros... se todos ganharmos com isso na nossa evolução como seres humanos.



publicado por fatimanascimento às 07:05
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Terça-feira, 21 de Agosto de 2007
A cultura da indiferença ou… da cobardia!

Não sei o que mais me mete nojo, se a posição de certas pessoas que prejudicam as outras, se a daquelas que, ao testemunharem tudo, nada fazem ou ainda prestam vassalagem aos que fazem mal, como se lhes quisessem mostrar que nada têm a recear deles… Cada vez mais esta posição está espalhada na cultura desta sociedade ocidental, cada vez mais individualista, calculista e hipócrita. O que é mais grave, é que esta posição, muito confortável para quem pensa que não se quer envolver em assuntos que não lhes dizem directamente respeito, está a pactuar com uma sociedade que vive de plástica. Não interessa o que existe de mau dentro dela, toma-se conhecimento, ignora-se e anda-se para a frente. Não interessa, porque não traz prestígio, só vergonha. E ninguém gosta deste sentimento, pois quem tem vergonha, são só aqueles que fazem o mal e são apanhados. Os outros, mais cautelosos, vão medindo cautelosamente os seus actos, tentando deixar os outros na dúvida, quanto à sua verdadeira natureza. São aqueles que não são peixe nem carne – são aqueles que não pactuam com o mal, mas também não se lhe opõem. Compreende-se bem esta posição. Todas as pessoas procuram, nesta vida, ser felizes e não se querem envolver em nada que ponha em perigo essa mesma felicidade, nem que para isso tenha de fazer uma plástica à sua consciência. Então, sem querer, e em nome dessa mesma felicidade, pactuamos, com a nossa indiferença, em todo o mal que acontece no mundo, e do qual nos desresponsabilizamos completamente. Não fomos nós que o provocámos, é certo, mas também nada fazemos para melhorar, ou até modificar, o estado do mundo. Não me refiro a teias venenosas que envolvem de tal forma as pessoas, que elas não conseguem distinguir o bem do mal, mas se tivermos atenção, e se nos interessarmos minimamente, até estas sórdidas teias acabarão por ser descobertas e os culpados descobertos. Mas, para tal, é preciso interessarmo-nos pelos outros, desde que isso não me traga os tão indesejados problemas. Então como agir, se eu quero dar-me bem com gregos e troianos? Fugindo ou fingindo que aquele problema não existe. É uma posição confortável… para quem faz o mal aos outros. Estes estão descansados, porque se algo correr mal, estão a salvo, ninguém viu nem sabe de nada. Quanto aos esmagados, esses, olha, que se defendam! Eu não me vou prejudicar, juntos dos prepotentes, por causa de um indivíduo, de quem eu até já começo já a ter as minhas providenciais dúvidas para mostrar boa cara aos esmagadores. E o que acontece aos poucos que falam? A atitude que deveria ser comum na nossa sociedade, é encarada como a de um verdadeiro herói… que os esmagadores, claro, procurarão desacreditar aos olhos dos outros, de alguma forma, para se safarem, porque há sempre uma forma… assim, é melhor aplicar uma plástica à consciência. O mundo continua mal? Que culpa eu tenho disso? Quando nasci o mundo já era assim… e, depois, eu não sou Deus… Olha, deixa andar… Até que chega a nossa vez de nos vermos confrontados com tão indesejáveis problemas, e, agora, como me defendo? Não posso contar com os outros, uma vez que eles não puderam contar comigo, e estou só… e andamos infinitamente perdidos nesta espiral viciante, sem encontrarmos saída para ela. Então o que fazem as pessoas para se defenderem? Vão por afinidades e juntam-se em grupos… os meus interesses são os teus, por isso vamos juntar forças e lutar para alcançarmos esse fim, seja ele qual for, e só estes têm a força suficiente para atingirem os fins, mas nem sempre os fins são bons…e voltamos à eterna espiral.



publicado por fatimanascimento às 11:24
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