Há muitos linguistas que eu admiro, pois dedicam a sua vida profissional a campos realmente interessantes da língua – sobretudo na linguagem oral onde há todo um mundo por explorar. E, se queremos observar a evolução da língua, podemos dedicar-nos ao estudo da linguagem oral. Isto, para já não falar de outros tipos de linguagem que são, também eles, suficientemente interessantes para que se lhes dedique trabalho e estudo. É na linguagem oral que se registam modificações interessantes que muitos linguistas estão a estudar e a registar…
O que não suporto são aqueles cuja vida académica se limita à invenção de uma nova nomenclatura gramatical e à reorganização gramatical que já alguém fez e, na minha opinião, muito bem. É este trabalho que eu não compreendo nem acho útil. Por uma razão: já está feito! Acho por bem que, se querem mostrar trabalho realizado que justifique o dinheiro recebido, deverão dedicar-se a áreas ainda pouco ou nada exploradas da língua. E há tantas! Agora, deixem de refazer o trabalho já realizado quando não se justifica. Para além de dar imenso trabalho a quem já ensinou e aprendeu de várias maneiras a mesma gramática não há qualquer razão para tal. Depois, há opções tidas em conta na reorganização gramatical com as quais não concordo. Também não gosto da forma como encaram a própria língua. Esquecem que ela tem duas componentes igualmente importantes de estudo - a sincronia e a diacronia. Enquanto aquela estuda a língua num determinado momento esta estuda a língua na sua evolução. O que não podemos esquecer é que a duas coexistem, muitas vezes, no mesmo tempo. A língua que se fala num determinado momento já está sujeita a modificações que poderão, ou não, ficar registadas, futuramente, na língua. Como organismo vivo que é, ela é o resultado d apropriação desta por cada cidadão. E a língua, que foi inventada pelo homem para o servir, não pode ser, ela própria, objecto de culto, não reconhecendo também aos linguistas o papel de “polícia política” da língua. Se assim fosse, não evoluiríamos e limitar-nos-íamos a escrever e falar uma língua que jamais se afastaria da norma. O que seria da literatura se assim fosse? Também não gosto de definições. Mas, parece que não conseguimos livrar-nos de rótulos. Muito úteis, para os detractores. Não vejo outra utilidade. Não são úteis para mais ninguém. A língua tem de ser liberdade. Só na liberdade ela poderá vencer todos os obstáculos que encontrará pela frente. Só nessa liberdade ela poderá crescer e impor-se. Se queremos uma língua feliz e sã temos de ter pessoas felizes e realizadas nela. E já agora, não há só uma forma de criatividade…
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas