Todas as semanas vou à tabacaria comprar o jornal. Gosto particularmente deste. Entro e pego no saco. Avalio o peso. Sim, avalio o peso porque a minha ciática ensinou-me a livrar-me de toda e qualquer forma de peso! Saio e tomo uma direcção, geralmente aquela que me leva para junto do mar. Faço sempre este caminho a pé. Como o saco está pesado, abro-o ao mesmo tempo que me desloco. Vejo que existe de supérfluo naquele conjunto. Deparo com cadernos publicitários, muitos deles em fino papel fotográfico, e dou uma vista de olhos desinteressada. De facto, admiro a beleza dos produtos mas, ciente de que estão muito para além da minha capacidade financeira, logo me vejo livre do primeiro na papeleira mais próxima e assim por diante, e, quando chego ao fim do percurso, o peso diminuiu consideravelmente. Para trás as papeleiras foram todas presenteadas com aqueles folhetos publicitários. Cada qual com um ou mais exemplares. E não é a primeira vez que tal acontece. Sempre que compro este semanário, vou sempre fazendo a limpeza ao mesmo até chegar ao local onde é suposto sentar-me a ler atentamente as notícias que vão grassando neste país como a peste negra na Idade Média. Nada de novo. Alguns artigos interessantes que todos lêem e ninguém faz caso! Porque, neste país, há pessoas que pensam mas como o fazem de maneira diferente daquela linha seguida pelo governo, ninguém faz caso, uma vez que só existe, para ele, aquela maneira de pensar. E, em vez de ouvirem opiniões e arriscarem novos caminhos, insistem em seguir os que lhes traçaram, sem mesmo se questionarem se serão os mais adequados para o país. Como sempre tivemos uma cultura de submissão em relação ao estrangeiro, continuamos, sem protestar ou dar ideias (não interessam aos ditadores da Troika). Como é possível chegarmos a um ponto em que um país dominador (desculpem-me mas a França não manda nada, só o que a Alemanha a deixa mandar; diria mais, parece o animal de estimação da Alemanha, o que nada abona em seu favor, até a Alemanha não precisar mais dela, e só a vaidade de Sarkozy não deixa ver isso mesmo) se tenta impor aos outros obrigando-os a agir segundo as suas próprias ideias, sem respeito pelo povo afectado. Mas como ter respeito por um povo que se desrespeita a si próprio roubando-se a si próprio com políticas económicas que arruínam o país só para encherem os bolsos de alguns? Como é possível que, empresas públicas com tantos gestores executivos, gestores conselheiros e outros cargos inventados só para alimentar o clientalismo político (e bem remunerados) podem estar a dever dinheiro à banca? Quantos mais são, menos valem? Com tanta gente a ocupar cargos com nomes tão pomposos, não deveriam tornar estas empresas em pólos exemplares? Como é que se consegue gerir tão mal e sair impune dessa gestão ruinosa? E continuam, ainda assim, a ocupá-los? Eles não são os únicos culpados! Quem são os outros?
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