Dá-se muito pouco valor ao voluntariado neste país. Para não dizer que é mesmo ignorado pelas autoridades superiores que, como sempre, nunca estão a par do que se passa no terreno. E, desta forma, nunca se consegue governar sem cometer erros. Talvez estes sejam até realizados pela má vontade existente, quem sabe? O voluntariado só é valorizado pelas pessoas que dele necessitam. Talvez, por isso, os bombeiros tenham as quotas, suportadas pela população, que os ajudam a suportar os gastos. Não sei bem o que fazem deste dinheiro as pessoas que o administram. Só sei que algo está mal pensado nalgumas corporações, não sei se todas. Sabe-se que muitos bombeiros têm uma outra profissão pelo que dedicam o seu tempo livre a esta causa. Mas nem todos são assim. E os que não têm emprego e também se entregam à causa de alma e coração?
Um dia, estava nas urgências de um hospital quando, sem querer, ouvi uma conversa entre dois bombeiros ainda jovens. Via-se que tinham vindo de longe. Apesar das dores sentidas, as suas queixas viajaram no ar até aos meus ouvidos. Um deles afirmava que estava cheio de fome e o outro concordava. O problema era que nenhum trazia dinheiro consigo. Um deles saiu para fazer um telefonema. Regressou cabisbaixo. Tinha pedido dinheiro ao pai ou à mãe mas estes também pareciam passar por dificuldades. Não conseguiu. O outro lá saiu em direcção, ao que parece de um multibanco, uma vez que levava o cartão na mão. Lá regressou com dez euros. Os últimos, dizia. Lá saíram rumo ao restaurante mais próximo. Quantas vezes, estando a almoçar num MacDonald’s, vi entrar ambulâncias propositadamente para os homens poderem almoçar, depois de uma longa viagem?
Isto deu-me que pensar. Não poderão os bombeiros ter direito, pelo menos, às refeições quando se deslocam para longe da região onde moram? Não haverá hospitais que possam dispensar comida a estes jovens que se dedicam a ajudar o próximo? Não poderiam as corporações, ou quem está à frente delas, arranjar uma espécie de protocolo ou (qualquer outro acordo) com os hospitais de forma a arranjarem comida para os seus homens? Ou mesmo o hospital, que tem sempre tanta comida dispensar aos bombeiros alguma da sua comida, bastando para tanto a entrega de uma senha grátis como acontece com os pais que estão nos hospitais a acompanhar os seus filhos? Não haveria oportunidade e boa vontade para se dar um jeito a esta questão? E se aqueles jovens não tivessem dinheiro? O que fariam? Nada! Restava-lhes passar sem uma refeição. E quantos não haverão que fazem isso? Num país destes, onde há dinheiro para tanta coisa e para nada simultaneamente, não haverá boa vontade suficiente para corrigir algo que, a meu ver, está errado? De certeza que se pode dar um jeito…
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