Um dia destes, tive a oportunidade de ver, nas notícias, a celebração dos 100 anos da implantação da República. Os discursos, mais virados para os problemas actuais do que para a importância da data em comemoração, não deu uma grande celebração. As questões postas aos populares sobre esta viragem na História do país, revelou que, mesmo os mais idosos, não sabem nada sobre esta época histórica. Todas as pessoas confessaram sinceramente a sua ignorância. Alguns falavam mesmo da mudança para a monarquia constitucional que tem vindo a ganhar tanta popularidade na Europa, a começar pela vizinha Espanha. Pergunto-me o que terá a ver uma com a outra. A verdade é que esta época histórica é muito mal conhecida dos portugueses, quando não é confundida com a ditadura.
Não sei como está a disciplina de História relativamente ao programa escolar, agora. Sei que, quando estudei, o programa era longo e nunca cheguei à implantação da República. Fiquei mesmo longe. Portanto, salvo as leituras realizadas fora do contexto escolar, nada sei. O que não deixa de ser estranho. Estamos numa República e, ainda assim, nada sabemos sobre ela. Bem, não é bem assim… Muitos de nós pensamos que é bastante enfadonha (depende das perspectivas) sempre com governos que se sucedem, sobretudo depois da instauração da democracia. Parece que ninguém se entendia ou queria entender. Eu vivi essa época. Não guardo muito boas recordações. Tudo parecia mais importante do que o interesse do país. Culpa dos políticos. Ainda hoje não ficam bem na fotografia. Ninguém parece acreditar neles. E não podemos culpar o povo, por tal saturação. As alternativas não são melhores. Ninguém parece saber fazer melhor do que os anteriores.
Agora, a culpa não é da República. Nem se pense que se mudarmos para uma monarquia constitucional os tempos melhorarão. Os políticos continuam os mesmos. Afinal, a vizinha Espanha não está melhor do que nós. Por tal, deixemo-nos de pretensiosismo e aproveitamentos políticos da crise. Afinal, se mergulharmos na nossa própria História, esta não passa de uma sequência de crises. Nunca estivemos bem. Nem quando éramos aparentemente ricos. E estávamos em plena época monárquica. É a mentalidade dos políticos que tem de mudar, são as pessoas que têm de mudar. É que antes de serem políticos são pessoas bem ou mal formadas. Ter um Presidente da República ou um rei, desde que sejam honestos, não vejo grande diferença. Salvo os economicistas que vêem aí uma oportunidade de poderem as economias do país poupar nas reformas dos Presidentes da República. Sim, porque os primeiros-ministros continuarão a existir... Agora, prefiro um bom Presidente da República a um mau rei e vice-versa. O Presidente sai ao fim de quatro anos e o rei… teremos de aguentar com ele até ao fim da sua vida?
Agora, se querem que as pessoas, sobretudo os mais novos, conheçam a História do século XX, não esperem que elas vão procurar informação. Salvas raras excepções, não o fazem. O melhor é começar mesmo pelas escolas. Se continuamos com programas extensos como aqueles que existiam, nunca chegaremos à República e, muito menos, ao nosso 25 de Abril. E, quando chegam, é já no final do ano, sem tempo seja para o que for. No que me diz respeito, julgo que teria sido interessante estudar essa época.
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