Todo o processo de avaliação é injusto. Ainda que pensemos o contrário! Ou queiramos pensar assim! Talvez, por isso, odeie o mesmo e tenha muito cuidado quando procedo à avaliação de um aluno. Este ano observei um caso que me incomodou bastante. O M.E. poderá proceder à emenda do mesmo (ou não), de qualquer forma, para este aluno, é demasiado tarde! É um aluno com capacidades mas não gosta de estudar nem do ensino que o obriga a memorizar ou a trabalhar conteúdos que em nada vão ao encontro dos seus interesses. Começou o ano lectivo mal registando, logo no início do primeiro período, algumas negativas. No segundo período, levantou alguns níveis e no terceiro chumbou com… duas negativas!! Subiu a todas as disciplinas menos àquelas duas. Não tinha notas para tal. Depois, o M. E. ditou que os alunos só poderiam prosseguir estudos se não obtivessem notas negativas às disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa. Estou a falar do 9º ano, obviamente! O esforço heróico deste aluno não foi devidamente compensado. Levantou a todas as disciplinas, menos a estas duas! Nos exames não conseguiu levantar o nível as estas duas disciplinas. O que me entristece são as normas do próprio M. E. que não se compreendem. Primeiro, a Língua Portuguesa é uma disciplina transversal, é avaliada em várias disciplinas. Senão vejamos. As disciplinas, salvas as línguas estrangeiras, são leccionadas recorrendo os docentes à língua materna. Os manuais são, na sua maioria, escritos em português. Os testes são feitos recorrendo a questões formuladas em português. Se o aluno passou a todas as outras disciplinas é porque soube interpretar e responder correctamente às questões dos testes. Se assim não fosse, não obteria o nível positivo às mesmas! O que acontece é que o aluno só chumbou na literatura leccionada na aula e prevista nos conteúdos assinalados pelo M. E.! Em todas as outras disciplinas onde o Português é língua transversal, passou! Não é injusto? Esta avaliação não ajudou o aluno mas tão pouco favorece, a meu ver, o M. E.. Senhores, não valerá a pena pensar sobre este assunto? Vamos continuar a deixar que este tipo de avaliação continue a prejudicar alunos que já não gostam de estudar, mesmo depois do esforço realizado e esquecendo as restantes disciplinas? Se este aluno pretende um curso profissional, não poderia, após o sucesso alcançado nas outras disciplinas, conseguir um desempenho satisfatório a nível do Português no futuro? A resposta encontra-se, muito provavelmente, nos conteúdos que parecem manter-se inalteráveis. Isto é, os autores estudados parecem continuar a ser os mesmos… Por exemplo, se há miúdos que detestam Eça de Queiroz porquê insistir neste autor (ou noutros) se há mais ou por que não substituí-los por textos jornalísticos num contexto de ensino mais prático e utilitário? Por que não abrir o leque de ofertas? Porquê insistir sempre nos mesmos? Há que repensar urgentemente este assunto. Quanto mais não seja para evitar futuras injustiças! Tenho uma outra aluna com três negativas que, tendo feito os quinze anos da escolaridade obrigatória no passado mês de Março, pode ainda conseguir a tão almejada progressão nos estudos propondo-se a exame a duas das disciplinas nas quais obteve níveis inferiores a três. Esta possibilidade é óptima. Então e o outro aluno? Aquele que se esforçou e conseguiu levantar a nota a todas as disciplinas menos àquelas duas? Só lhe resta esperar mais um ano! Não é injusto? Depois, estando a insistir sempre nestas duas, não estaremos a promover o abandono escolar após a conclusão do 9º ano, uma vez que todos os cursos profissionais, idealizados para estes alunos (e não só) continuam com as disciplinas nas quais os alunos revelam grandes dificuldades e para as quais não têm bases? Continuo a pensar que depende dos conteúdos desses cursos…
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