Conheço pouco a obra e a pessoa. Confesso que a sua escrita não é, para já, um factor de atracção. Não é culpa sua, mas minha. Fui habituada a um tipo de escrita tão direccionado com pontuação que me perco na sua. Tentei, uma vez, ler O Memorial do Convento e não passei da primeira página. É uma tarefa adiada. Li, contudo, um pequeno conto e alguns artigos e conheci, por breves momentos, a pessoa. Nunca mais me esqueci desse dia. Foi no Instituto Cervantes, em Lisboa. Ele falava da obra de Torrente Ballester. Um catedrático, que havia conhecido o autor, falava do autor. Gostei do que ouvi e comprei algumas obras do referido autor. Voltando a Saramago. Marcou-me a sua presença. Havia algo nele, na pessoa, que me cativou. Apesar da forte timidez que me caracteriza, ganhei coragem para me aproximar. Esperei uma aberta e lá fui. Não sabia exactamente o que poderia dizer - nessa altura, nem a obra eu conhecia, não tinha lido nada – ainda assim, ganhei coragem e aproximei-me. O que mais lhe quis expressar foi o orgulho e a emoção que sentia por ter ganho um prémio daquela envergadura. E por ser português! E foram estas as palavras que me saíram, um pouco atabalhoadamente. Esperava sobretudo que não me perguntasse se tinha lido alguma das suas obras! Teria de ser sincera! E não queria magoá-lo! Lembro-me de me ter observado, por momentos, do alto da sua estatura, de uma maneira que o caracterizava. Senti estar a ser avaliada. Não me importei. Afinal, uma pessoa como ele tem de se proteger! Mas a sua imagem preencheu a minha mente. Não sei exactamente o que senti pois estava nervosa por me encontrar na presença de alguém tão grande (não falo da estatura!). Do meu canto, já mais descansada, observei-o mais detalhadamente enquanto cumprimentava e falava com algumas pessoas. Sensibilizou-me a forma como se relacionava com as pessoas: honesta e frontal. Pareceu-me um ser racional e, ao mesmo tempo, sensível. Senti-o enquanto ser humano e a verdade é que me agradou. A impressão que me deixou. Leva-me a ter desejado conhecê-lo mais intimamente pois sei que teria de aprender muito com ele, embora não me sinta distante da pessoa que era. Sempre dei valor à pessoa que estava por trás de uma obra e, por vezes, decepcionei-me profundamente. Não foi o caso. Acreditei na pessoa que estava à minha frente. Não me interessa o que dizem os demais, a verdade é o que eu senti, não o que dizem. É um homem que me faz orgulhar de ser portuguesa. Para além do grande escritor, senti nele um homem de bem. Que se pode pedir mais?
Projecto Alexandra Solnado
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