A primeira vez que ouvi falar disto confesso que fiquei espantada. Pensei que não tinha percebido bem. Mudar o nobre nome de Algarve por Allgarve? Até que este ano voltei a ouvir este nome na rádio e até escrito num ecrã luminoso nos CTT. Um nome com um nobre passado histórico virou deturpação inglesa. Não há qualquer problema, os ingleses acabam por inglesar todos os nomes em que tocam e não conseguem pronunciar correctamente como O’Porto em vez de Porto. Há outros que eles não conseguem pronunciar ao contrário de nós que conseguimos ler e adaptar a nossa capacidade vocálica a qualquer nome, por mais estranho e difícil que nos pareça, com mais ou menos esforço. Da experiência que tenho, na visita a outros países, nunca vi ninguém preocupado com a minha (ou de outros) dificuldade em pronunciar esta ou aquela palavra, por muitos turistas que fôssemos. Toda as dificuldades eram encaradas com absoluta naturalidade, achando graça eles ao esforço que eu fazia para pronunciar correctamente um nome local. O esforço era geralmente acolhido com admiração e gentileza e com as espontâneas gargalhadas que acompanhavam o esforço evolutivo. Nunca a nomenclatura foi posta em causa por esta ou aquela razão. Era assim, nada mais. Nunca, nos mais variados sítios por onde passei, percebi que havia pessoas preocupadas com determinados turistas que, ao pronunciarem mal determinado nome, o tivessem baptizado a nível do próprio país. A província do Algarve, melhor do Allgarve, foi a primeira. Pôs de lado anos de história que caracterizam aquela região e o seu nome para lhe darem uma forma inglesada. Até porque, ao que se disse, esta região é assim conhecida no estrangeiro. Não sei. O que eu sei é que se vamos por esta ordem de ideias, deixamos a nossa identidade nacional e assumimos as mais variadas máscaras desde que se tire proveito económico disso. O que está mal. O Algarve, perdão, o Allgarve, é mais do que praias, sol e descanso. Há toda uma história que os turistas aprendem nas escolas e que mexe com a sua imaginação e que deve ser promovida junto deles. Até o nome tem uma razão histórica que teria todo interesse que se conhecesse, pese ou não a dificuldade da sua pronúncia. Já ouvi o nome pronunciado de muitas maneiras, mas nunca me passou pela cabeça apresentar-me pronunciando-o de outra forma que não aquela que sempre conheci. Ajudo as pessoas a pronunciá-lo correctamente, quando revelam alguma dificuldade, por outro lado é engraçado quando, em terras estrangeiras, alguns o reconhecem… sim, informo, têm razão, é de origem árabe! Tenho dois nomes: um deles de origem hebraica que convive pacificamente com outro de origem árabe! Aliás, como acontecia com estes povos, há muito tempo atrás. Todo o nome tem a sua legitimidade. Porquê adulterá-lo?
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