Ouvi, há pouco, uma responsável do ministério da Saúde falar sobre o rotavírus que, ao que parece, é um dos responsáveis pelas gastroenterites das crianças europeias. A senhora defendia, em nome da boa gestão dos dinheiros públicos, que nos pertencem, a nós, contribuintes, que não via necessidade de vacinar as crianças portuguesas contra aquele vírus. O número de casos e as consequências nefastas (número de óbitos provavelmente. Será que só agem em caso de calamidade?) não justificava isso. Porque será que toda a gente pertencente à alta esfera do aparelho do estado sabe tudo a ponto de ninguém se interessar pelo que nós pensamos.
Esta intervenção puxou-me alguns anos atrás. A minha filha mais nova esteve internada, por duas vezes, no espaço de um ano, (foi no Outono, julgo eu), no hospital distrital com diarreia, vómitos, febre altíssima que obrigava ao uso de antibiótico intravenoso e de paracetamol de diferentes marcas, que lhe chegou a ser administrado, de duas em duas horas, alternadamente, numa desesperada procura de baixar a febre. Os primeiros dias foram os piores. As noites eram sobressaltadas com tremores causados pela febre e uma agitação que levava a alertar o pessoal de serviço. Pouco a pouco, o vírus foi sendo combatido e a normalidade regressou. As cores das faces vermelhas das altas temperaturas cederam o lugar ao natural rosado. As causas, muitas vezes, não estão no lugar onde as procuramos. Não é só na água, nos objectos ou na comida. As causas dificilmente são apuradas. Nestas duas vezes, nunca ficaria a saber a causa do indesejado encontro, não fosse alguém mencionar a caixa de areia da escola, onde as crianças brincavam, que já precisava de ser mudada. Sabemos que as crianças, salvo raras excepções, quando brincam levam as mãos à cabeça, à boca e a todas as partes do corpo descobertas. As educadoras, provavelmente, depois de alguns casos, desconfiaram da mesma e proibiram as crianças de brincar na areia suja. É claro que há sempre aqueles que se esquecem dos avisos e furam a vigilância apertada. O que é certo é que, a partir daí, nunca mais ouvi falar de doenças. Não sei que espécie de vírus atacou a minha pequenita e os outros meninos internados com o mesmo problema, só sei avaliar o sofrimento das crianças e dos pais. Partindo destas duas terríveis experiências, interrogo-me até que ponto a vacinação não será uma boa prevenção e interrogo-me se não seria uma boa aposta. Questiono-me: e se fosse um filho dessa senhora, um neto… é que há pessoas só avaliam os estragos quando eles lhes batem à porta!
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