opiniões sobre tudo e sobre nada...
Segunda-feira, 16 de Dezembro de 2013
De onde és?
Será que todos sabemos responder correctamente a esta questão? Talvez sim, talvez não.
Quando nos deslocamos frequentemente de um lado para o outro, mais tarde ou mais cedo, deparamo-nos com esta questão. Quando somos pequenos, nem nos apercebemos dela, sobretudo se permanecemos na mesma localidade. Os outros não podem dizer o mesmo. Estou nesta situação. Ainda há pouco, esta questão me era colocada. Numa sala, deserta de corpos humanos, entrou uma desconhecida. Após a troca de algumas palavras, a questão. Hesitação antes da resposta. Dada a minha situação pessoal, a resposta não é clara. Não sei. Não pode ser a localidade onde está a minha residência! Só lá passo as férias grandes! Agora nem isso sei! Pela mente passaram as variadíssimas terras por onde passei e que foram “a minha terra” durante um certo tempo. A umas afeiçoei-me (como não?) às pessoas encontradas. A outras, nem tanto. Mas posso afirmar que sempre houve pessoas diferentes (no bom sentido) em todas as que foram a “minha terra”. Mas nunca tive a oportunidade de me sentir pertencente a um sítio. Falta de raízes? Não creio. Visão da vida? Cada vez estou mais certa disso. Aprendi, pela minha experiência, que a nossa terra é onde nos sentimos bem. Depois, a vida ensinou-me que não há uma terra, a nossa terra, no sentido dado habitualmente. A terra só há uma – o planeta. E esta visão do mundo ajuda a compreender melhor os problemas globais mas que são interpretados localmente. Há problemas sérios e a interpretação local fica aquém da abrangência de certos temas. Se pensarmos que a poluição não tem fronteiras (estas existem apenas na geografia dos homens) e que nos atinge a todos, então talvez perceberemos que os problemas ambientais são de todos; então perceberemos que a vigilância é de todos e não pertence a um só país ou organização; então perceberemos que a Terra é só uma e que se destruirmos a natureza destruímos a nossa capacidade de existência; então perceberemos que o mal dos meus irmãos da outra metade do mundo é a nossa; então perceberemos a real magnitude dos problemas; então perceberemos que o mundo só faz sentido se o entendermos na totalidade. Um dia, quando respondermos à questão “de onde és?” com uma simples frase “Sou do planeta Terra”, aí, talvez haja esperança para a raça humana.