opiniões sobre tudo e sobre nada...
Quarta-feira, 31 de Julho de 2013
A surpresa amarga
Todos começam a receber a carta do IRS com a quantia de reembolso ou a de pagamento ao fisco. A surpresa amarga é que os que recebiam justamente o reembolso, passaram a pagar. E não está a ser fácil para quem tem de o fazer. Há os que já pagaram no ano passado. Nada de extraordinário se não fosse a diferença, que em relação ao ano anterior, é abismal. Há, por exemplo, reformados com mil euros mensais que vão pagar uma quantia que ronda os oitocentos euros! Isto equivale a quase um mês de reforma que lhes é retirado. Não é preciso fazer muitas contas. Isto, para já não falar do choque que foi para essas pessoas, com as suas despesas diárias acrescidas de medicamentos mais necessários quase do que a comida, e outras despesas ligadas a casas já antigas com problemas inerentes... Porque as pessoas têm problemas que ultrapassam em muito o quotidiano. Como farão face a eles?
Após o choque inicial, que fazem estas pessoas apanhadas desprevenidas? Correm às finanças com a carta de pagamento, os formulários os recibos do irs para questionarem o empregado das finanças sobre tal quantia. É com pesar que os senhores dão a conhecer a medida tomada, ainda no ano passado, pelo agora ex-ministro das finanças, Vítor Gaspar. O escalão do irs alargou-se obrigando os que pertenciam a um inferior a pagar tanto como os do escalão/escalões acima. Os tectos impostos também são responsáveis pelas quantias exorbitantes! E isto não indigna só os que ganham menos, também os que ganham mais se mostram inconformados. Há uma injustiça nesta medida que não passa despercebida a ninguém. Há também uma inconformidade e uma solidariedade sem precedentes. Ninguém espera nada nem da ditadura financeira dos mercados, nem dos governos dos países mais afectados pela crise.
Quando os governantes falam do melhor para Portugal, esquecem-se de que Portugal são os portugueses e que sem estes não há país; e esquecem-se que, para contentarem os mercados, não têm de prejudicar os compatriotas. Mas isso parece não os incomodar. Todos seguem cegamente as directivas dos credores. Em relação a este assunto, salvo o ministro Paulo Portas, defensor da descida do irs, mais ninguém parece preocupado com tal. Depois de tanto sacrifício, fala-se num outro empréstimo…?
A crise não foi gerada pelo povo mas pela má governação, mas é ele que está aprisionado e condenado ao pagamento dos erros dos responsáveis. Até quando conseguimos aguentar isto?
Terça-feira, 30 de Julho de 2013
e-mail institucional
É um facto. É obrigatório. Não respeita o período de descanso e cria uma enorme ansiedade. Leva a situações de abuso.
Para se ter um email institucional parte-se do princípio que todos os membros dessa instituição têm internet em casa. Ora, isso nem sempre é verdade. Os professores contratados e colocados longe do seu local de residência, nem sempre têm essa sorte. Muitos nem conseguem pagar, já que, para trabalhar, têm de suportar despesas a dobrar: duas rendas de casa, duas despesas de gás, electricidade, água, filhos a estudar… Muitos precisam da ajuda financeira dos pais para se manterem. Mas o email institucional existe. É um facto. É obrigatório. Não deixa de ser uma armadilha. Pode consultar-se na escola, mas nem sempre vai a tempo. Em casa, eu não tinha internet. A portátil não funcionava.
Numa sexta-feira à tarde, antes de sair da escola, consultei o placar para perceber se tinha trabalho na segunda. Nada. Fiquei descansada. Só na terça. Neste dia, logo de manhã, estava no local de trabalho. Qual não é o meu espanto, quando alguém me diz que faltara a uma vigilância. Fiquei baralhada. Consultara o placar com as 48 horas de antecedência e não estava lá nada. Os meus colegas começaram a investigar, tentando perceber o que acontecera. Descobriram que esse trabalho fora dado a conhecer através do email institucional. Fora enviado na segunda, por volta das 19:15h para se realizar no dia seguinte de manhã. O conhecimento foi dado com menos das 48h regulamentares. Nem perfazia as doze horas, quanto mais as 48! A indignação foi geral. Incentivaram-me a falar com a Direcção. Foi o que fiz. Indicaram-me que tinha de arranjar atestado. O meu era o segundo caso. Recebi a mesma resposta dada à outra colega. Não havia excepções para ninguém. Quando os colegas tomaram conhecimento do resultado da conversa, a mesma indignação. Aconselharam-me o sindicato. Duvidei que se deslocassem (ou telefonassem) à escola para aconselharem à Direcção o respeito pelas normas. Desisti da ideia.
Eu, que tinha aulas de apoio com o 9º ano, para preparação de exame, gastei-as no Centro de Saúde à espera da baixa. Perdi um dia desnecessariamente. Perdemos todos. O trabalho de vigilância realizou-se.
Sexta-feira, 19 de Julho de 2013
O que é a família?
Podemos perceber este conceito num sentido mais restrito ou mais lato. Ou os dois. Ou nenhum. Quando somos pequenos, o nosso mundo é proporcional ao nosso tamanho. A família começa por ser o núcleo familiar restringido ao pai, à mãe e aos irmãos, caso os haja. Depois, chegam os amigos mas a família, que não escolhemos, ainda tem a supremacia sobre aqueles. Porque é família, dizem-nos. Quando crescemos, percebemos que as pessoas que formam esse núcleo familiar alargado nem sempre corresponde ao ideal. De facto, nem sequer corresponde ao mínimo. Apercebemo-nos disso, quando vemos que, à mínima hipótese de manchar a imagem de um outro, todos o perseguem com uma fome desmesurada. Esta traduz-se na propagação da mentira chegando a todas as pessoas que conhecem esse familiar, por todos os meios possíveis e imaginários. Antes mesmo de questionarem a vítima sobre a veracidade do facto, esta é automaticamente condenada e difamada. Tudo isto sem o seu conhecimento, está claro. Depois, e como se não bastasse, a vítima escuta uma conversa entre os familiares mais chegados (tios e tias) numa linguagem reles de pessoas sedentas de sangue, só imaginada em contexto completamente distinto. Tudo isto para se perceber depois que tudo não passara de uma mentira inventada por uma mulher, casada com um primo (que não é primo!), bastante insegura da sua posição dentro da família (que não era dela, já que o marido não pertence à família de sangue). Aconteceu comigo e com dois tios meus, casados com duas irmãs da minha mãe. As mulheres ajudaram à festa. Não é incrível? Estávamos à mesa da casa da pessoa que inventara a mentira. Achavam que deviam vassalagem à mentirosa? Não. Só a necessidade de prejudicar uma pessoa justifica esta atitude. E a atitude deles quando foram obrigados por uma pessoa alheia à família e que foi suficientemente inteligente para perceber que eu não era capaz de uma atitude semelhante, percebi a sua contrariedade ao terem de aceitar desculpar-se perante mim. A forma como o fizeram, de fugida, mal me encarando não mostrou verdadeiro arrependimento. (E nem o maior arrependimento alivia o mal feito.) Depois, a difamação não ficou por aqui. Continua. Se acrescentarmos a isto que já vi as irmãs da minha mãe atacarem-na como uma alcateia esfomeada porque não julgavam possível a minha mãe ter acompanhado o meu avô na pesca no rio só porque saíra de casa bastante cedo para ir trabalhar (no entanto é verdade), que nunca a visitam, raramente lhe telefonam, percebe-se que a ideia de família muda numa pessoa. Quem tem família desta quem precisa de inimigos?
Mas nem tudo é mau. Da parte do meu pai, nada se passa assim. Não são pessoas muito chegadas, é verdade, mas não tenho razões de queixa. Não têm motivos, é verdade, mas poderiam também inventá-las. Não o fazem. Isto tem valor.
Para mim, família são as pessoas que nos ajudam a crescer com carinho, que nos mostram o caminho certo quando e se erramos, não são aqueles que atacam gratuitamente os demais membros só para se poderem destacar de alguma forma prejudicando a outra pessoa ou só pelo simples prazer de prejudicar. Também dá que pensar esta forma de actuar. Afinal, se não damos valor a uma pessoa, por razão se a persegue e ataca? Por que é que ela, só pelo facto de existir, incomoda tanto? Porquê esta necessidade de manchar a imagem de outro familiar perante os restantes familiares? Como me confessou a minha avó, posteriormente, muito abalada com esta história toda, houve muita gente ainda a quem a história não foi desmentida…
Se isto é um exemplo do que se passa nas famílias portuguesas, o que não acredito, então as relações familiares estão muito doentes!
Desejo-lhes o melhor, mas, como é de calcular, longe de mim, de preferência!
Quarta-feira, 17 de Julho de 2013
Publicidade/Propaganda
Raramente, vejo televisão. Desabituei-me. Gosto de ver um bom filme. E, para isso não é preciso a televisão, só o televisor. Mas, a minha filha mais nova gosta de ver as telenovelas e, , agora que tenho mais tempo, acompanho-a. Ainda bem que o fiz. Não foi só pelos programas mas pelo que descobri. E não gostei do que descobri. E o que descobri está relacionado com propaganda. Estava distraída a a acompanhar a evolução do enredo quando, a determinada altura, aquele fica suspenso para surgir a propaganda a um produto específico. (Será que só eu notei, ou houve mais pessoas que perceberam também? Ainda agora, enquanto escrevo estas linhas, me lembro dessa imagem!) Fiquei pasmada. Jugava que tal era proibido por lei. Lembram-se daquela propaganda que há uns anos foi proibida por influenciarem os consumidores na compra de determinado produto devido aos flashes propagandísticos captados pela mente e veiculados de forma semelhante? Será que regressou? Será que agora é legal? Será que o consumidor está novamente à mercê da falta de escrúpulos das grandes empresas?
Como se tal não fosse suficiente, há uma outra telenovela que, valendo-se do êxito da história, faz propaganda, pela voz das personagens, a vários produtos! Como se explica isto? Como é possível haver tão pouco respeito pelos telespectadores? Será que chegámos a um ponto em que os fins já justificam os meios, ainda que estes não sejam nobres? Ainda que que o fim seja o aumento do número de vendas de determinado produto? Será que a crise trouxe à superfície o pior de certos seres humanos que se valem de outros para seu proveito próprio? Será que o mesmo acontece nos outros países ou é só neste? Mesmo que esta situação se alargue a outros, isso não faz com que essa estratégia sela legítima!
Acho que se tem de pensar nisto… Já somos vítimas de tanta forma de violência, ainda teremos de aguentar mais outra? E quem nos pode proteger desta ou estaremos entregues a nós próprios?
Segunda-feira, 15 de Julho de 2013
Governo tripartidário
O governo actual não tem soluções para a crise para além das apontadas pela Troika e o FMI. Ora, as estratégias destes não beneficiam em nada o país (entenda-se país como os portugueses). Ninguém saiu beneficiado com estas medidas. O país está a ser liquidado à semelhança do que aconteceu à Grécia sem que o governo tenha tomado uma medida para contrapor às ditadas por aquelas duas organizações. Fartos de tanta vassalagem ao dinheiro, os portugueses manifestaram-se nas ruas. Mesmo quando o número (como já foi apontado por comentadores) foi reduzido, temos de ter em conta aqueles que não estando presentes fisicamente pelos mais diversos motivos, concordam com eles.
O governo vacilou. O Ministro das Finanças saiu. O dos Negócios Estrangeiros também embora, e ao que parece, tenha recuado. Os outros partidos não governamentais, e outras organizações, defendem eleições antecipadas. O Presidente não concorda. Eleições só para 2014. Defende um governo tripartidário. Não se percebe. É assim que pretende evitar a crise política? É uma armadilha ao PS? Não se percebe bem…
Supondo que é uma artimanha para evitar a crise política e a tão temida instabilidade. Quem vai defender os direitos dos portugueses quando todos estão envolvidos no mesmo esquema? Quem os defenderá contra a ditadura dos mercados? Desde quando o dinheiro é mais importante do que a vida dos cidadãos? Quem vai defender esta posição mais humana e justa? A tradicional esquerda minoritária? Não tem representatividade numérica para tal. E se o projecto foi verdadeiramente demolidor para o país e os três partidos ficarem queimados? Quem vai ser a alternativa? Não há outra no cenário político português a não ser a tradicional esquerda minoritária… Afinal, estes três partidos tiveram oportunidade de estarem representados nos diferentes governos e o resultado ao longo do tempo foi… este! A crise poderá ser da responsabilidade mais de uns que de outros, mas todos estiveram lá e tiveram oportunidade de fazer algo pelos portugueses. O que melhorou concretamente na vida dos destes? Depois, os sucessivos escândalos da mais variada natureza cujas soluções só prejudicaram os portugueses de duas maneiras: os que não perderam as suas poupanças em instituições financeiras, viram o dinheiro dos seus impostos enterrados nos mesmos numa tentativa desesperada de salvar as mesmas. De quem é esta e outras responsabilidades por más decisões tomadas ao longo dos anos do pós 25 de Abril? Quem já viram alguém ser responsabilizado? Talvez não seja má ideia queimar de uma vez três partidos responsáveis directa ou indirectamente por decisões que levaram o país a esta situação. Talvez seja a altura de dar uma oportunidade a outras cabeças…
O que não entendo, na Grécia, é como, depois de tanta desgraça, eles acabaram por votar em partidos de extrema-direita… Às vezes, questiono-me se esta crise não terá mesmo essa intenção. Se assim for, há que contrariá-la. Mas nada de ditaduras ou proximidades… estas não resolvem nada, só tiram o pouco que fica. E quem quer isto?