Estou, mais uma vez longe de casa, numa vida errante que parece não conhecer fim. Nada tenho contra esta vida, para além dos contratempos familiares e financeiros: conhecem-se novas pessoas, novas formas de trabalhar… mas foi a segunda vez que passei a época natalícia longe da família. (O ano passado, devido ao horário de 5 horas letivas que não dava para pagar as despesas da estadia forçada.) Dado o contexto socioeconómico previsto para 2013, e dada a distância e o preço astronómico da gasolina, o dinheiro poderá fazer-me falta, assim, optei por ficar.
Nestas andanças, fazem-se amizades mais ou menos resistentes à corrosão do tempo. Há pessoas com as quais criamos inexplicavelmente empatia. É uma situação agradável, pois faz-nos sentir em casa,) Aconteceu-me este ano. Por volta do dia de Natal, tive a oportunidade de convidar uma colega, também deslocada dos familiares mais próximos, e que vive sozinha, para passar a véspera e esse dia tão especial comigo. A sua resposta surpreendeu-me como um punhal cortante: “ O Natal é para passar com a família e não com estranhos”. A resposta apanhou-me completamente desprevenida. Foi o choque. Estranhos? Para mim, ela era tudo menos uma estranha! Depois, não percebi quem era ali a estranha: se eu ou ela. Cheguei à conclusão que aquela frase se aplicava a ambas. Pus-me então a pensar no conceito redutor que este país (talvez mesmo mundo) tem de família. A família não vai além dos laços familiares, mesmo quando o contacto é fraco ou mesmo inexistente. Isto cria muita solidão, principalmente, nesta época. Na minha mente, este conceito é muito mais abrangente. Talvez porque, durante a minha vida, tenha encontrado pessoas que, apesar da falta desses laços, tão sobrevalorizados, são mais amigos que a própria família. Para mim, família são todas as pessoas que se entendem entre si e se dão bem. Para mim, isto deveria ser extensível à própria humanidade. Mas, é claro, há pessoas que não pensam assim e nem sentem desta forma. E, como em tudo, há que respeitar. Infelizmente, para a própria Humanidade, há pessoas que sentem os outros diferentes. Não é o meu caso. Não será o de muitos, mas parece ser o da maioria. Quem perde é a própria humanidade, com esta mentalidade. Não há exceções. Felizmente, para mim e para a minha pequenina, a minha senhoria e o filho tornaram-se a nossa família nesta terra. (Assim pensávamos nós. Assim foi até aí) Uma família de coração. E haverá melhor do que isto? Este é o verdadeiro conceito de família, pelo menos, para mim.
Projecto Alexandra Solnado
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