Esta crise está a matar o comércio interno. É do conhecimento geral. As pessoas resumem-se ao que é essencial. E, dentro do essencial, preferem o que custa menos. Não é uma escolha, é uma obrigatoriedade, uma defesa. Os produtos brancos continuam, e agora mais do que nunca, a ser os preferidos na hora de comprar. As empresas que, para além do mercado interno, também exportarem para fora, não estão melhores. Para além da concorrência interna dos produtos brancos, têm a concorrência dos outros produtos idênticos ou iguais mas de outras marcas, e provavelmente também mais baratos. Por isso, a exportação também não será solução para empresas em tempo de crise. Também não se pode apostar na qualidade dos produtos. Com a classe média empobrecida, das duas, uma: ou as classes mais ricas compram a mais, de forma a suplantar o buraco criado pela quebra desta classe, isto é, compram a dobrar ou a triplicar para compensar a falta de vendas ou a empresa enfrenta as dificuldades até onde puder, tentando evitar o fantasma da insolvência. Também, e ao contrário do que se possa pensar, a qualidade do produto já não é, só por si, a alavanca da escolha. Não havendo dinheiro, o estilo de vida decresce. Assim, todos os compradores fiéis de um determinado produto, vêem-se obrigados a optar por outros, desconhecidos, para o mesmo fim. Já nem há espaço para aquela solução do encolhemo-nos aqui para dar para ali! Não há alternativa. A crise ditou as regras do novo mercado: compra-se forçosamente o mais barato e o mínimo paras se cegar ao fim do mês sem surpresas. Deixámos de viver para descermos desesperadamente ao limiar da sobrevivência. Afinal, mais medidas de austeridade já foram anunciadas e sem a certeza de que sejam eficazes. Quase de certeza de que não serão! Afinal, a equipa está a jogar com regras ineficazes e não há vontade de as mudar! Logo, a seguir a estas medidas, virão outras ainda mais duras e assim por aí fora… até o país não poder mais ou, melhor dito, até o povo não poder mais. E com medidas mais duras virão consequências mais duras para a nossa economia até… à falência do país?
Depois, e apesar dos tempos difíceis, não vemos o mundo mais humano. Algumas pessoas debatem-se desesperadamente para manterem o seu nível de vida o que as torna gananciosas e insensíveis. Só pensam nos aumentos fiscais e dos bens essenciais e na forma de melhor os enfrentarem sem pensarem nos mais desfavorecidos levando-os a exigir destes esforços escusados. Falo do caso particular dos professores contratados e deslocados do seu local de residência e que estão a viver duas vidas com apenas um ordenado…
Nestes tempos conturbados, em que o poder está a ser mais questionado do que nunca, há que repensar todo o sistema político.
Todos temos um problema quando chamados às urnas em época de eleições: vemos as caras mas não vemos corações! Vemos a fachada, mas não vemos o interior! Não escolhemos as caras, são-nos impostas pelos partidos. E nem é sempre o melhor a ser escolhido, geralmente é o que tem mais apoios internos. E apoios em troca de quê? Sim, não vamos ser ingénuos a ponto de pensarmos que alguém, neste meio, faz algo por outrem sem esperar recompensa em troca. Se a pessoa escolhida para secretário-geral de um partido, ganha as eleições nacionais, ganha também um lugar privilegiado que lhe abre as portas do poder.
Ninguém é eleito com o intuito real de servir, todos esperam ser servidos! Esperam que acatemos o que nos impõem, sem protestos, porque, segundo eles, só os mesmos é que sabem! Ora, quanto mais leio, mais percebo que os escolhidos nada sabem, que a sua sabedoria recai sobre meras teorias cuja practibilidade não é mais do que um tactear de terreno! Depois, e para além disto, há todo um clientelismo, angariado durante a fase da procura de lugar de destaque dentro do partido, com todas as regalias inerentes. (Mais tarde, vêm os “cunhacimentos”!) E, por vezes, são tantos que há que inventar maneiras de os contentar! Nem que seja inventando parcerias público-privadas, altamente desvantajosas para o Estado, ou seja, para todos nós, servindo apenas para enriquecer ou privilegiar financeiramente os amigos e conhecidos! Depois de um governo altamente ruinoso, sucede-lhe outro que, aparentemente, tenta retirar o país do fosso financeiro, sem olhar a injustiças fiscais! No meio de todo aquele protesto, poderia ter sido lançada a ideia da igualdade fiscal. Lembram-se dos nove por cento descontados pelos gestores? Dá mais jeito a nós, que ganhamos menos! Mas se não lhes quiserem aumentar a percentagem de desconto que se lembrem de descer a nossa percentagem ao nível da deles! É preciso que façam tudo sem batota! Não é arranjar outro meio para prejudicar os contribuintes desprotegidos, arranjando outra forma de lhes ir tirar o dinheiro… Jogo limpo e todos a descontar o mesmo!
Também há que repensar o próprio sistema político-partidário, de forma a acabar com o nefasto clientelismo. Talvez a responsabilidade governativa deva ser reportada a uma só pessoa apartidária, candidata ao governo do país, e não a um partido! Essa pessoa arranjará uma equipa da sua confiança para governar sem constrangimentos de espécie alguma!
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas