opiniões sobre tudo e sobre nada...
Domingo, 6 de Dezembro de 2009
Uma simples peçazinha de teatro

  Uma pequenina peça de teatro foi escrita por mim, no primeiro Natal que passámos sozinhos, os quatro - eu, e os meus três rebentos de onze, oito e alguns meses apenas - pelo menos para os mais velhos. Foi há oito anos atrás. Lembrei-me de a escrever para eles, a fim de a representarem na noite de Natal, para a família que mais não era do que os meus pais. Eles não andavam nada animados, e pensei que a peça lhes desse algum alento. Nada complicado para eles que não eram muito bons leitores e para quem a ideia de memorizar um texto não agradava nada. As ideias para o cenário começaram logo a surgir, numa torrente ininterrupta de ideias que se entrechocavam entre os dois mais velhos. Eu observava aqueles olhos retomarem o brilho que haviam perdido, por algum tempo. Ensaiaram algumas vezes, excitados por representarem essa peça para os avós. A sala era o nosso espaço. Depois de a mobília ter saído, ocupámo-la com as nossas imaginações, decorando-a ao nosso gosto. Como nos sentíamos bem ali, observando na escuridão, os  efeitos intermitentes das vivas luzes amarelas da árvore de Natal ... as nossas mentes voando acima de tudo o que era matéria... mas depressa algo os empurrava para a terra. Os olhos infantis murchavam, por alguns momentos, para logo retomarem a luz que deles se perdera. Durante um desses  ensaios, apareceu o Luís, amigo dos meus filhos e companheiro de aventuras do Bruno e da Maria, que agarrou a ideia de participar na peça. Criei mais uma personagem... Inês, na sua cadeirinha, seguia os seus movimentos com os olhos atentos. O cenário continuava a ser o motivo da disputa dos mais velhos que o imaginavam, cada um, à sua maneira. Eu olhava-os divertida. Não é preciso muito para colocar luz nos olhos das crianças... Mas a peça nunca foi representada. Desavenças entre os três por motivo da distribuição dos papéis, fizera com que o teatrinho morresse nas páginas de um ficheiro do computador.

  Um dia, lembrei-me que esta minúscula peça poderia servir a alguém interessado. Poderia ser utilizada por infantários, escolas primárias, lares de idosos… uma vez que o pequeno texto não seria de difícil memorização. Depois, os cenários poderiam existir ou não, enfim, era uma pequenina peça mas com muitas potencialidades. Qual não foi o meu espanto, quando percebi que dois meses antes da época de Natal, a partir mais ou menos de Outubro as visitas ao blog aumentavam consideravelmente chegando a ultrapassar a centena de visitas diárias (119 visitas hoje!). O que mais me espantou é que, embora a maioria dos visitantes seja proveniente dos mais diversos pontos do país, continental e insular, e do Brasil, também há alguns das ex-colónias africanas, de alguns países da Europa e da América do Norte! E ainda não estamos na época natalícia! Depois dela, a procura adormece para acordar novamente, sobretudo a partir do mês de Outubro!

  Fico contente por esta procura. Fico sobretudo contente por poder ser útil!

 

 

Para os interessados fica aqui o link: http://teatrinho.blogs.sapo.pt e para os menos entendidos basta irem ao google e escrever a palavra “teatrinho”. Ele leva-os lá.

 

 

Fátima Nascimento


publicado por fatimanascimento às 09:44
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Sábado, 5 de Dezembro de 2009
O Caim de José Saramago

Não foi Caim que matou Abel? Não será esta história fratricida violenta? No assassínio não há violência? Não é a história da Bíblia uma história da humanidade? Não está a história da Humanidade repleta de cenas de violência? Lembram-se da passagem bíblica em que um Deus furioso e vingativo mata todas as crianças egípcias numa aparente retaliação àquilo que estes haviam feito com as crianças judias do sexo masculino? Para mim, esta cena violenta manifestava a faceta desconhecida de Deus. Que culpa tinham as humildes crianças egípcias de uma ordem tenebrosa dada por um cruel faraó despótico que nada mais tinha em mente que acabar com uma terrível profecia que ameaçava a sua autoridade com o possível nascimento de um líder entre os judeus que devolveria este povo à liberdade, levando-o até à Terra Prometida? Nesta história havia algo que me fazia confusão: como poderia Deus, que supostamente ama igualmente todas as criaturas, matar, com uma presumível doença misteriosa, crianças inocentes cuja única culpa era estarem vivos, não lhes dando possibilidade de fuga? Até Moisés pôde escapar graças à estratégia da irmã. Deu-me pena a imagem daquelas inocentes crianças a apagarem-se sem que seus pais pudessem fazer o que quer que fosse para os salvar. Achei injusta aquela guerra divina contra os desarmados seres humanos e com o já previsível desenlace. Houve claramente um desequilíbrio de forças. Que pode um simples ser humano contra Deus? Nada! Esta história deixa isso bem claro!

Um dia destes uma amiga minha, que parece ter nascido para sofrer e ser perseguida, lia os salmos em busca de ajuda naquelas preces, comentava desabafando comigo: “Algumas passagens são tão violentas! Eu não quero que nada de mal aconteça a quem me faz mal, só quero que me deixem em paz!” Respondi, por meu lado, que talvez essa linguagem enérgica se prestasse a isso mesmo – a levar os seus perseguidores a deixarem-na em paz! Mas isto, como é lógico, é só uma opinião. É a nossa opinião. Todos nós temos uma opinião/interpretação sobre qualquer assunto até mesmo da Bíblia. O que não se compreende é o alarido criado à volta do livro de José Saramago. Este limita-se a criar uma obra a partir da sua interpretação. Não é ele livre de o fazer? Não vejo Deus zangado com ele, vejo um conjunto de seres humanos indignados com ele, só porque teve o arrojo de reinterpretar aquela passagem bíblica na criação de uma obra literária. Não percebo a atitude da igreja, pelo menos de alguns dos seus membros que mais não fazem do que aumentar a propaganda à dita obra. São eles que a fazem! Não é Saramago que precisa dela! Se olharmos friamente a questão dos dois livros, percebemos que nenhum deles sai desvalorizado desta questiúncula inútil. Cada um vale por aquilo que representa. Nada mais. E, sempre que um ser humano ler a Bíblia, terá direito à sua interpretação. Deus deu-lhe liberdade para isso. Se assim é, quem é o outro homem para lha tirar?

 



publicado por fatimanascimento às 20:05
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Quinta-feira, 3 de Dezembro de 2009
Coragem e maldade

É possível confundir uma e outra? Ao que parece pode acontecer, embora nada tenham a ver uma com a outra. Para se ter coragem não é preciso ser-se mau. Até porque a maldade anda de mão dada com a cobardia. A coragem está ligada a um sentimento nobre não um sentimento mesquinho e mau. O que pode acontecer é a maldade andar de disfarçada de muita maneira, até de coragem. Por exemplo, entre os adolescentes há situações que até os mais velhos apelidam de “brincadeiras” que mais não são que uma manifestação de malvadez. Quando me perguntam qual é a fronteira entre uma e outra, eu costumo responder que na brincadeira todos se divertem sem excepção e que a “brincadeira” se transforma em maldade quando uma pessoa que seja não se diverte com ela. Na primeira não há vítimas e na segunda há sempre, no mínimo, uma. Já assisti a muitas “brincadeiras de mau gosto” que na realidade são maldade na sua mais pura manifestação. Não percebo é porque é que as pessoas têm medo de chamar as coisas pelos nomes. Talvez no medo que têm de as encarar na sua forma pura, sem qualquer artifício. Assusta, é certo! A própria coragem não se manifesta com a execução da força mas com a ausência dela. Muitas vezes, a manifestação da força mais não é que a cobardia a manifestar-se. Geralmente, a força orienta-se para vítimas mais fracas e isoladas. Aqui não é difícil perceber a cobardia. Também aqueles que sistematicamente fazem uso da sua força, ainda que seja para se gabarem, escondem sempre alguma fragilidade que alguém mais esperto e mais batido vai conseguir detectar. Depois, quem é corajoso não precisa de se vangloriar da sua coragem. É, simplesmente, não tem necessidade de a exibir. Qual é a diferença? A primeira é autêntica enquanto a segunda é só máscara. Olhando ao que se passa no Colégio Militar, ou passou, tem talvez a ver com a escolha das pessoas. Acho que o problema ali tem a ver com a incapacidade de perceber a fronteira entre pessoas corajosas e as maldosas. As primeiras fazem falta às forças armadas nacionais, a outra é desprezível e deixa um rasto de excessos onde quer que se manifeste. O pior é as pessoas que avaliaram a situação. Não sei o que se passou exactamente, mas parece ter sido grave para envolver tanta gente, e só levaram como sanção uma suspensão? Se a pena nos tribunais a pena pode ir até cinco anos de prisão, só sofreram uma suspensão da parte das entidades que avaliaram a situação interiormente? Alguma coisa está mal e acho bem que se emende quanto antes, pelo menos antes que a maldade tome proporções desmesuradas e acabe por tirar, consciente ou inconscientemente a vida a alguém. Falei aqui do Colégio Militar, mas há outras corporações onde tais “maldades” disfarçadas de “brincadeiras” tomam também contornos sinistros. E manifestam-se também contra vítimas mais novas e mais fracas. A história repete-se por aí. Há que pôr cobro a isso, em todas e quaisquer situações. É que a maldade não respeita nada nem ninguém. E, sem respeito, tudo o resto falha.



publicado por fatimanascimento às 13:14
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Quarta-feira, 2 de Dezembro de 2009
O novo ensino profissional

Existem vários cursos profissionais que vêm substituir aqueles que haviam antes do vinte e cinco de Abril - os célebres cursos industrial e comercial… que eram escolhidos pelos alunos que não queriam seguir os estudos na universidade. Estes cursos preparavam bem os alunos para o mercado de trabalho de então e o sucesso dos mesmos nota-se no rosto daqueles que os frequentaram e gostaram. Estavam, ao que parece, bem estruturados. Não sei quem criou este sistema de ensino, mas teve sucesso, o que indica que satisfez a procura de então. Depois do vinte e cinco de Abril, estes cursos parecem ter sido abandonados em nome de uma política que se achava socialmente mais justa. As oficinas de algumas escolas industriais foram votadas ao abandono recheadas do equipamento necessário à preparação dos alunos para a vida activa. Agora, passados tantos anos parecemos estar a tentar recuperar aquele tipo de ensino para dar espaço àqueles alunos que não desejam frequentar a universidade e para entusiasmar aqueles a quem o ensino teórico nada diz. Mas para que estes cursos tenham o sucesso desejado, tem de se conhecer muito bem o perfil deste tipo de aluno e algumas questões terão de ser colocadas como ponto de partida. O que se pretende com o ensino na sua vertente profissional? Que alunos poderão ser incluídos nestas turmas? Que programas serão adequados a estes alunos e a estes cursos? Que perspectivas profissionais existem no actual mercado de trabalho? Este ensino dará uma preparação especializada ou só um conhecimento geral? Que profissionais serão os adequados para estarem à frente destes cursos? Que tipo de ensino-aprendizagem será o mais adequado a estes alunos? Que possibilidades financeiras terão as escolas para porem a funcionar um determinado curso? Estarão estes cursos adequados às expectativas dos alunos, isto é, sentir-se-ão realizados com a aprendizagem realizada/sentir-se-ão preparados para a aventura que é a vida profissional lá fora? Há por exemplo alunos que têm habilidade para desmontarem uma moto e conseguem montá-la sem problemas. Poderão estes alunos, sem dificuldade, encontrar um curso de mecânica capaz de aumentar os seus conhecimentos e cimentar outros já adquiridos por experiência própria? Partindo do princípio que as respostas a estas e outras questões são afirmativas, há, agora, que olhar à nossa volta. Estes alunos que se revoltam quando ainda integrados no ensino dito convencional por estudarem matérias que não lhes interessam nada, poderão sem prejuízo para as perspectivas dos mesmos, encontrar nesses cursos a realização pessoal que tanto ambicionam? Não estará a idade para o início da frequência destes muito acima da desejada? Há alguns alunos com registo de uma ou mais repetências em anos lectivos anteriores (e com mais uma em vista), que se sentem frustrados ao estudarem diariamente matérias que não vão ao encontro dos seus reais interesses, (daí o desinteresse aliado à indisciplina e à revolta) e que têm de ficar a marcar passo no mesmo ano de escolaridade até chegarem à idade da frequência dos cursos que, julgamos todos, irão ao encontro das suas ambições? Este será mais um factor a ponderar. O ideal, talvez estejamos ainda muito longe dele, seria encontrar um sistema de ensino onde todos os alunos se pudessem sentir realizados. Quando chegaremos lá?



publicado por fatimanascimento às 18:30
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Terça-feira, 1 de Dezembro de 2009
Amizade

A amizade mais não é do que uma manifestação do amor. Como tal, é também um sentimento profundo e ou existe ou não existe. Não acredito na amizade momentânea que existe agora, para logo acabar no momento seguinte. É minha convicção que se pode mudar de ideias frequentemente, mas não de sentimentos. Partindo do princípio que estes são verdadeiros. Mas isto só é verdadeiro quando as pessoas são genuinamente verdadeiras e mostram aquilo que têm de bom e mau. Ou se gosta ou não se gosta. Lembram-se daquelas situações em que vemos uma pessoa pela primeira vez e não gostamos dela? É de fiar no nosso instinto. Este só mostra aquilo que a razão vem a provar muito tempo depois. E acreditem que é verdade. A vida já me provou isso mesmo. Lembro-me particularmente de uma vez ter visto um homem, pela primeira vez, e não ter gostado nada dele. Percebi nele um verdadeiro predador. Resolvi dar uma hipótese não fosse estar errada. Qual quê? Agora encontro-me numa embrulhada da qual não sei muito bem como sair dela. Não sei? Sei. Justiça há-de ser feita de uma maneira ou de outra. Não se usa as pessoas impunemente!

  Muitas pessoas conhecidas recusam-se a acreditar na amizade… para elas, não há amigos, só conhecidos! E dão-se bem assim, na vida! Estão protegidas. Quem as pode acusar seja do que for, depois de uma má experiência? Ou de ver nos outros más experiências? Ou talvez as mesmas não estejam dispostas a dar àqueles a que chamam amigos tudo quanto mantém a amizade entre dois seres. Até porque a verdadeira amizade é complicada… implica muitos sentimentos como lealdade, fidelidade, solidariedade, honestidade, verdade, … e é quase sempre num destes que ela falha. Depois, há que distinguir amizade de “associação” por interesse. A amizade é desinteressada a outra não. A amizade não tem objectivos a outra sim.

A amizade, a verdadeira amizade, é um dos sentimentos mais bonitos da vida… e nós nada somos, se não temos verdadeiros amigos. Lembro-me especialmente de uma situação do filme o “Senhor dos Anéis” e da personagem Frodo e da sua missão difícil de destruir o cobiçado anel. Que lhe teria acontecido, se o seu grande amigo… não lhe tivesse valido nos momentos de derrota física? O que teria acontecido àquela irmandade, se um deles tivesse traído a amizade que os unia? O que teria acontecido à causa deles? Estes tinham uma causa, um objectivo, é verdade, mas depois dela, e a avaliar os laços que se estabeleceram entre eles, tudo indica que continuariam nessa linha. Depois, a amizade que unia Sam ao seu amigo Frodo era já tão forte antes desta missão que se revelou nos momentos mais críticos. Este é um exemplo de verdadeira amizade. Quem disse que os filmes são só diversão? Estava rotundamente enganado!



publicado por fatimanascimento às 18:45
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