Há pouco tempo, e sabendo que a Biblioteca Municipal de Torres Novas estava encerrada, e a outra ainda não abrira, dirigi-me à Câmara Municipal, para perceber a forma correcta de poder fazer chegar às mãos certas, o livro que decidira oferecer. Depois de alguns despistes, lá tive a sorte de encontrar uma senhora muito simpática que me indicou o caminho do novo edifício, junto das piscinas. Lá consegui entrar em contacto com eles, e realizar a tarefa que me levara até ali.
Olhando para Torres Novas, há muitos anos atrás, e olhando para esta localidade, agora, verificamos que muito se fez e que muito se faz. Sempre defendi que a evolução de uma localidade depende da visão da pessoa que está à frente do município e Torres Novas é a prova viva disso mesmo (independentemente da cor política dos autarcas!). Desde sempre me dei conta, e apesar de todos os problemas que pudessem existir, que esta localidade teve sempre as infra-estruturas necessárias que evitavam deslocações desnecessárias a outras. As piscinas, inauguradas em 1974, foram o local onde aprendi a nadar, (eu e as minha colegas fomos estreá-las) no seu estádio eu contactei com o desporto nas suas mais diversas modalidades, foi no seu hospital que eu fui operada às amígdalas, foi na sua biblioteca que eu procurei os livros que não encontrava, foi na garagem de autocarros que eu enfrentei as minhas primeiras viagens, foi no mercado que eu fiz as compras e foi nas suas escolas (e colégio!) que eu estudei… Não é por acaso que, já naquela altura, e ainda agora, Torres Novas se encontra muito bem apetrechada, assim haja vontade para aproveitar todos os recursos disponibilizados. Conversando com o director da nova biblioteca, e após uma visita guiada por ele, que muito agradeço, tive ocasião de me aperceber, uma vez mais, que se trata de um edifício criado com visão que vai valer de muito a esta localidade. Mais uma vez a visão que falta a muitos políticos com cargos altos dentro do aparelho do estado, encontra-se noutros: temos biblioteca que poderá satisfazer a população mesmo daqui a uns anos. E isto é importante, porque parece integrar-se dentro de um projecto global que é a meta que se pretende atingir para uma determinada localidade. É a isto que eu chamo visão. Não se pode pensar só nas necessidades actuais mas é também importante conseguir vislumbrar essas mesmas necessidades daqui a uns anos. É claro que também se encontram erros, e estou a lembrar-me de um crasso que é a localização dos novos campos de ténis. Entre outros problemas, esqueceram-se de um factor importante, e segundo um amigo meu, ligado ao mundo do ténis - o vento! Mas também isto tem resolução desde que haja vontade, uma vez que o sucesso de um projecto está intimamente ligado ao uso que a população faz dele. Depois, há muito que fazer para a promoção de um espaço, seja este ou qualquer outro. E o sucesso pode (e deve!) também passar por aqui - a animação dos espaços. E há muito a fazer: a realização (e até a criação) de campeonatos, a criação de escolas de desporto, etc., sempre devidamente publicitados, poderá ser um caminho certo para conseguir a afluência necessária à animação de todos os espaços. E não esquecer que a animação deve estar programada para todo o ano…
Fazia 20 anos de profissão ao serviço do ensino público, no passado dia 28 de Setembro. Nunca fiz planos mas sempre soube que os iria festejar de alguma forma. Esperava por esse momento calmamente como quem espera por um momento muito bom na sua vida. Mais para o fim, pensava em reunir num almoço ou num jantar todos os colegas que, de alguma forma, me haviam marcado mais e com os quais trabalhara bem. Não seriam poucos! Dentro desta profissão, há muita gente má, mas também há gente boa. E há os maus mascarados de bons… há de tudo como em todas as profissões. Durante estes vinte anos, passei por muitas escolas diferentes, umas com melhor ambiente e outras com pior. Mas por todas onde passei, posso regressar porque sei que deixei saudades. Não é de admirar. Sempre fiz o meu trabalho e nunca interferi no trabalho de ninguém, a não ser quando me pediam e para ajudar unicamente. Sempre gostei do ensino e sempre mostrei aos miúdos que eu estava do lado deles para os ajudar a tingir a sua meta. E estava. E eles sabiam que não se tratava só de conversa. E tiveram a prova disso. O meu único erro foi ter pedido, há dois anos atrás, um fatídico destacamento que, por decisão ministerial, seria por três anos. As colegas da escola onde estava efectiva, sempre me aconselharam a não o fazer, porque tínhamos um bom ambiente e, se eu saísse, poderia vir alguém que não fosse boa pessoa e o estragasse. Por meu lado, defendiam elas, eu não sabia se a escola para onde eu iria, na tentativa de poupar dinheiro em combustível, teria um bom ambiente ou se me iriam receber ou tratar bem. Elas pareciam adivinhar! Caí numa escola onde muitos outros, antes de mim, haviam só passado por um ano e não haviam gostado. Tinham, todos aqueles com quem falei, uma péssima ideia das pessoas com quem haviam trabalhado. Uma ex-colega minha do 12º ano, que por lá passou, contara-me que vira nos colegas uma “ignorância que roçava o obscurantismo”. Eu olhei para ela estupefacta! Outra dizia-me que aquelas pessoas não batiam bem. Sendo ou não assim, o facto é que me dei lá muito mal. O problema, tal como eu o interpreto, é quando as pessoas põem na cabeça que determinado colega é melhor do que ele, pode até não ser, mas é a mesma coisa para eles. A partir dali, gerou-se uma perseguição que culminaria com uma falta injustificada, que me foi comunicada dezassete dias depois. Percebi que era o início de muitos problemas que se adivinhavam. Eu conhecia o inimigo que tinha pela frente. Digo o inimigo, porque todos eles jogavam na mesma equipa, e cuidado aos que não fizessem parte dela! Tive uma equipa inteira a jogar contra mim! Muito corajosos! Para evitar então tudo quanto de mau se adivinhava, eu pedi a demissão, percebendo que o dinheiro não é tudo na vida. Mais do que uma pessoa me disse isso mesmo. E não me arrependo! O que não quero mesmo é lá voltar mais, ou cruzar-me com tais pessoas!
Não, nunca fiz planos… mas nunca imaginei uns vinte anos comemorados no desemprego! E com memórias recentes tão más!
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