Já tinha ouvido falar, todos já ouvimos falar. Mas estas situações nunca nos acontecem até nos vermos envolvidos nelas, sem sabermos como ou porquê, e temos de acarretar com toda as consequências negativas resultantes dessa situação, muitas vezes, sem sabermos bem como agir correctamente numa situação rocambolesca como essa, uma vez que a primeira vontade, depois de passado o choque, e na crista da onda da emoção, é clamar por justiça, contra um acto que mais não é do que vil cobardia, para já não falar da má fé de outros maus sentimentos implícitos no acto. Este é um acto que põe em causa as duas partes envolvidas: a pessoa que se quer difamar e a entidade ou pessoa a quem se faz o telefonema, com o intuito de deixar mal vista a primeira das partes em relação à segunda. As pessoas que difamam as outras junto a terceiras, devem ter algo a ganhar com essa difamação. O que nem sempre é visível é o móbil que os leva a agir de forma tão baixa. O que leva a crer, conhecendo as pessoas, como tenho vindo a conhecer ultimamente, e não só, é que muitas nem precisam de grande motivação, e outras, acredito que terão algo a ganhar (e muitas vezes muito até!) com essa difamação.
Se pensarmos naquilo que as pessoas injustamente difamadas têm a perder, a favor daquelas que ganham tudo com isso, o sentimento de revolta apodera-se dos justos. E se este tipo de pessoas sai vitorioso com este tipo de atitudes, é como estar a ver um filme e a torcer pelo protagonista e ele acabar injustamente por perder frente ao vil inimigo, em que o mal leva a melhor sobre o bem, somos inundados por uma frustração e um desânimo fortes. Muitas vezes, estes telefonemas têm o sucesso desejado, aliado, muitas vezes, a circunstâncias que os difamadores anónimos sabem aproveitar. Finalmente, vem a difícil posição da pessoa ou entidade que recebe a difamação e das qualidades que possua. Se ela é determinada, esclarece a situação confrontando a pessoa difamada com o conteúdo da difamação, podendo exigir-lhe provas do que diz, (o que, em determinadas situações, não será difícil de conseguir) ou se é uma pessoa muito preocupada com a imagem, e só, acaba por se acobardar e ceder à pressão da difamação, com medo de se ver envolvida em pretensas confusões, prometidas pelo difamador, que não passa de um mentiroso, porque aquele que tem provas do que diz, não se esconde atrás de um telefonema anónimo – dá a cara. Infelizmente, a intenção do autor de tais telefonemas é só a de criar o pânico na pessoa a quem telefona, de forma a impedi-la de realizar confiantemente o seu trabalho e, assim, poder atingir o seu objectivo – o de prejudicar a pessoa que se difama. Infelizmente, e salas as raras excepções, essas pessoas conseguem aquilo que pretendem. Uma forma de acabar com estes telefonemas seria poder conhecer a origem deles, mas raramente são feitos de casa, são as cabines o alvo preferencial destes mesquinhos seres. Mas é urgente acabar com estes telefonemas e há sempre uma maneira de descobrir os autores, é só pôr a cabeça a pensar. É que a vez cabe a todos. Este tipo de pessoas não existe só nesta ou naquela classe, é um problema transversal a todas elas. Quer ser a próxima vítima?
Fátima Nascimento
Troco correspondência regular com amigos brasileiros, leio autores brasileiros, tive alunos e colegas brasileiros e nunca senti a necessidade de fazer fosse o que fosse em relação à língua que partilhamos, nem mesmo no que respeita à ortografia. Esta nunca foi impedimento para a compreensão do conteúdo da mensagem, pelo que nunca tive necessidade de impor nada a ninguém ou vice-versa. De lá, também nunca me apercebi de nenhuma dificuldade na compreensão dos meus textos, e devo já esclarecer que falamos através do msn, que está muito em voga agora. O que dificulta, por vezes, a compreensão dos textos é algum vocabulário brasileiro, com o qual nós estamos menos familiarizados, mas até isso é enriquecedor.
Um dia, uma aluna nova, de nacionalidade brasileira, veio ter comigo muito preocupada com a ortografia, pois sabia que havia disparidade entre o português do Brasil e o de Portugal. Punha-se a questão do que lhe haveria de exigir. Acordámos que a minha aluna escrevia em português com a ortografia brasileira (que aprendera durante os sete anos prévios) e eu respeitava, desde que estivesse correcta. Ajudava-a em muitos aspectos, mas nunca toquei na ortografia ou lhe disse que não era assim que se escrevia, pois seria eu que estaria errada. Jamais procurei impor a ortografia portuguesa à moça, respeitando sempre a forma e o trabalho de colegas brasileiros que, anos antes, se esmeraram a ensiná-la a escrever correctamente, isto é, de acordo com as normas ortográficas brasileiras. Foi muito enriquecedor, mesmo nestas idades, tanto para ela como para os colegas, saberem que a língua pode ter disparidades na sua evolução, só temos que as aceitar, como algo adquirido e respeitá-las. Muitas vezes, ao escrever no quadro, a aluna intervinha dizendo “Que engraçado, no Brasil, nós escrevemos… Eu já me tinha perguntado como seria escrita essa palavra, aqui, em Portugal”. Balanço do convívio das duas línguas? Muito positivo e enriquecedor, para ambas as culturas.
Um ano, tive uma colega brasileira, também ela professora da disciplina de Língua Portuguesa, e ela contou-me da dificuldade que encontrara em se afirmar aqui em Portugal, por ser brasileira e por ser professora da língua. Chegara mesmo a desenhar-se aquilo que poderia se ter tornado numa verdadeira perseguição, por parte de alguns colegas. Só por causa da língua… Que engraçado, onde alguns vêem riqueza, outros vêem ameaças. Os alunos aprenderam as diferenças ortográficas facilmente; ora, porque é que nós, adultos, complicamos sempre tudo?
Sempre fui apologista da liberdade, mesmo a da língua, reservando-lhe o direito de seguir o seu caminho sem confusões.
Fátima Nascimento
Sem ideias não há nada. E é precisamente este aspecto que distingue o criador do plagiador – as ideias. Há criadores com uma imaginação inesgotável e há outros com pouca. Os primeiros, os criadores, esses, pegam numa folha em branco e deixam escorrer nela a imaginação. Os outros, os que têm pouca imaginação, mas gostam de escrever, (porque todos escrevemos, uns sobre a realidade que nos envolve, os outros sobre uma realidade toda ou quase toda ela fictícia), e há duas espécies: os honestos e os desonestos. Os primeiros, pegam na vida e buscam nela inspiração, e, a partir daí, criam todo um enredo entretecido de realidade e ficção ou pegam em situações hipotéticas e fictícias, tecendo, a partir delas, todo esse mesmo enredo. Depois, vêm os outros, os desonestos, aqueles que pouco ou nada têm a dizer, ou aqueles que têm algo a dizer, mas que não têm coragem para o fazer, pelas mais diversas razões, havendo ainda aqueles que têm uma linha contínua de criações, sem grandes desvios significativos, que pretendem algo mais ambicioso. São este tipo de criadores que precisam de uma ajuda, para concretizarem algo na vida. Geralmente essa ajuda vem, salvo algumas excepções, que as há, de ideias subtraídas a outros, das mais diversas maneiras. Procuram, através das ideias dos outros, conseguir a tão almejada notoriedade que, julgam eles, não conseguem dentro da linha seguida por eles. É, talvez, essa ganância desmesurada, aliada a uma vaidade, também ela desmesurada, que faz com que os plagiadores se atrevam e corram riscos de um dia se verem desmascarados. Lá diz o nosso povo que, “quem o alheio veste na praça o despe” e, salvo raras excepções, assim acontece. O que acontece é que estas raras excepções se vão tornando, cada vez mais, frequentes. Estes criadores acham que nunca irão ser descobertos e, depois, se tal acontecer, já têm os bolsos cheios de dinheiro, que, muitas vezes, é o móbil principal de tal atitude. São eles que se podem incluir no grupo dos que “têm medo mas não têm vergonha”. Enquanto se prova esse plágio e não prova, já eles ganharam muito dinheiro com a obra editada, pelo que o crime acaba sempre por compensar, de alguma forma. Depois, surge também, dentro do plágio, a eterna questão – quem é o verdadeiro criador da obra, aquele que teve a ideia ou o plagiador que a copiou e a desenvolveu à sua maneira? A questão poder-se-á colocar de outra forma, o que é mais importante – a escrita ou a ideia? Por mim, eu posso responder que o mais importante é a ideia/imaginação, sem a qual não há nada. E provar que é a este criador que pertence a ideia é sempre difícil em termos judiciais, mas não é impossível. Depois, há várias maneiras de se fazer justiça – o leitor tem também uma palavra a dizer.
A violência é um problema à escala mundial, e é nesta perspectiva que deve ser sempre encarada. Depois, todos nós temos essa violência dentro de nós que precisa só de um contexto favorável para se traduzir, então, numa atitude mais ou menos violenta. Todos os dias entram em nossa casa notícias que mais não são do que manifestações de violência; e, se olharmos atentamente, a nossa sociedade, ela própria é o palco da manifestação dessa mesma violência. Há violência um pouco por todo, começando no próprio ambiente familiar, muitas vezes, ele próprio palco de forte violência, logo, não é difícil que este ambiente tenha eco nas escolas. A solução, se é que a há, para a violência está, na minha opinião, na educação e não na repressão. As escolas têm um papel fundamental no diagnóstico dessa violência, mas há que saber fazer a distinção entre indisciplina e violência, o que nestas idades, nem sempre é fácil, já que eles sentem mais do que pensam, pelo que muitas vezes essa violência vem associada a um sentimento exacerbado que termina numa manifestação de violência espontânea, só contida ou apaziguada na presença de adultos, (nomeadamente de auxiliares que devem controlar melhor os espaços do recreio). O diagnóstico deverá ser feito num observatório e, sendo a escola o local onde os adolescentes passam a maior parte do seu tempo, é o ideal, pois é nela que, quase sempre, acontecem manifestações de violência, dentro ou fora dela. Agora a espécie de violência é que deverá de ser bem identificada, o que implica o envolvimento de um profissional habilitado para fazer esse diagnóstico. O que sempre mais me impressionou sempre foi a violência fria e calculista nalguns adolescentes. Nestes casos, a escola já não dispõe de mecanismos suficientes para levar a cabo tal tarefa e, como não é uma instituição isolada do resto da sociedade, terá de, em colaboração com outras instituições preparadas para tal, de encaminhar os adolescentes para elas. Ainda me lembro de um assalto de contornos violentos, que teve lugar algures no norte do nosso país, estava eu nessa altura a trabalhar numa região do interior do país, quando vários colegas e funcionários me contavam que tinha sido perpetrado por antigos alunos daquela escola, e que eles tinham sido devidamente referenciados mas que nada tinha sido feito por eles, quando, naquela altura, já apresentavam fortes indícios daquilo que se viriam a tornar um dia. Eles haviam-nos reconhecido pelas fotos apresentadas por um canal de televisão. A tristeza e a consternação eram gerais. Uma colega não cessava de repetir que ela se havia farto de avisar os órgãos escolares responsáveis, mas que a sua preocupação não tinha encontrado eco. Quantos mais alunos iremos nós perder com esta passividade? Há que agir, e, na minha opinião, quanto mais cedo melhor… Temos exemplos, vindos dos Estados Unidos, em que professores trabalham somente com alunos de risco, resgatando-os a um futuro cinzento ou mesmo negro, contribuindo, desta forma, para a criação de uma sociedade melhor, onde cada um encontre o seu lugar e possa ser feliz. Será isto uma utopia? Não se houver boa vontade da parte dos responsáveis no sentido de modificar esta situação. Seria, talvez, esta uma forma de diminuir este tipo de violência ou mesmo de o erradicar definitivamente da nossa sociedade.
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