Faz agora dez anos que morreu a princesa Diana e muitos são aqueles que ainda a recordam com saudade. A imagem da princesa exerceu, e continua ainda a exercer, um fascínio enorme em todos aqueles que a acompanharam, através dos meios de comunicação, a sua vida enquanto princesa. Ela não foi só a princesa do Reino Unido, mas a princesa do coração dessa massa anónima mundial que é o povo. Ela foi a princesa que muitos povos ambicionariam para si. E se foi a princesa, por direito, dos ingleses, foi-o do coração do resto do mundo. O fascínio dela não se ficou pelo facto de ela ser uma mulher bonita, simpática, elegante… e pela maneira como ela se dava aos outros e se envolvia a fundo nas causas sociais. O seu exemplo, vai muito para além disso. Ela mostrou ao mundo, na sua maneira simples e directa, como devem agir os governantes, neste caso, as famílias reais – nisso, ela foi, e é, um paradigma. Foi aqui, sobretudo, e na minha perspectiva, que ela marcou pontos e incomodou mentalidades comodamente adormecidas durante séculos, ou talvez milénios. Foi talvez neste campo que ela se tornou incomodativa e foi, por vezes, perseguida por mentalidades retrógadas, que ainda não perceberam que o futuro das monarquias, e sobretudo da inglesa, passa, necessariamente, pelo exemplo dela. Não há volta a dar à questão, a monarquia divide-se em dois períodos – antes e após o exemplo de Diana de Gales. Ela mostrou ao mundo que os governantes existem para se colocarem ao serviço do povo, ir ao encontro dele e das suas necessidades. Eles não podem ser só os representantes de uma entidade nacional, a nação é o povo, e não o território. Que seria das famílias reais, e outros governantes, se não fosse o povo? Quem governariam eles? Espero que o exemplo dela continue nos filhos, sobretudo em Guilherme, e que ele tenha a percepção da importância que é, para ele, seguir o exemplo da mãe, porque, e é mais uma vez só a minha opinião, é isso que o povo espera dele e da futura mulher. O Reino Unido não é mais o mesmo, as mentalidades mudaram, o povo mudou a sua maneira de encarar a monarquia. Não é por acaso que surgiu a designação “Princesa do Povo”, e não interessa como surgiu, o que interessa é que ela está gravada no coração do povo inglês, e não só.
Não é novidade nenhuma que vivemos numa sociedade compartimentada: uma coisa de cada vez. O perigo é que estamos a compartimentá-la de tal maneira, que corremos o risco de perder a visão do conjunto. E, se não há visão do conjunto, limitamos as nossas capacidades a um campo curto e estreito, sem sabermos exactamente como nos metemos lá e como podemos de lá sair. O mesmo se passa com os centros de emprego ou com os testes psicotécnicos. Uma pessoa candidata-se a um emprego e mostra as suas habilitações académicas que, quanto mais altas são, menos servem, para além de serem um entrave, por si próprias à descoberta desse mesmo emprego…porque o campo de procura, dentro dessas habilitações, é estreito e curto também. Compreende-se que se queira realizar profissionalmente uma pessoa, até porque, quanto mais uma pessoa estiver realizada naquilo que faz, melhor realiza o seu trabalho… pelo menos teoricamente é assim. O pior é se ela se encontra desempregada e com despesas às quais tem de fazer face… ora, o facto de uma pessoa ter aquelas habilitações, isso não a canaliza necessariamente para aquele ou aqueles trabalhos. Temos de pensar que as pessoas são mais do que as habilitações mostram, elas têm outras capacidades que podem ser exploradas com sucesso para ambas as partes. Por exemplo, se uma pessoa faz um determinado teste psicotécnico, muitas vezes, é encaminhada para lá, pelas suas habilitações académicas, apesar de mostrar abertamente à pessoa que a entrevista, que poderá aceitar outras ofertas de emprego, dentro da mesma empresa. O que é que acontece então? Se a pessoa, por qualquer motivo, não passar o teste, a sua oportunidade de arranjar emprego fica, automaticamente, perdida, porque, se não for uma pessoa conhecida do empregador, que irá tentar colocá-la noutro trabalho dentro da mesma empresa, aquela candidatura fica ali pendente, até conhecer o caminho irreversível do arquivo ou do lixo, para não mais se pensar nela. Há, deste modo, uma quantidade enorme de desempregados, neste país, que não se importariam de realizar outras actividades, porque precisam de ganhar dinheiro, e vêem-se, assim, privados de o fazer. E ainda dizem que há má vontade em aceitar certos trabalhos… (embora eu pense que o que mais assusta as pessoas é a insegurança do emprego, o que gera instabilidade, a todos os níveis!) o que não vou afirmar que não é certo, há exemplos para tudo, claro, o que quero deixar é a ideia de que, tem de dar oportunidades às pessoas, independentemente das suas habilitações ou de testes limitativos. A selecção tem de ser feita, e há que ter um critério para tal, o que não significa que seja sempre o mesmo… haja imaginação para tal. Copiar só o que se faz noutras empresas ou países, não vale. Até porque as cópias não funcionam, pois as realidades, de país para país, são diferentes e, mesmo com adaptações, é preciso conhecer a realidade. Porque é com a realidade de um país que trabalhamos, e nada mais! E, para mais, nada é infalível… A verdade só é absoluta até se descobrir outra que a anula, faz parte da evolução humana.
Não sei o que mais me mete nojo, se a posição de certas pessoas que prejudicam as outras, se a daquelas que, ao testemunharem tudo, nada fazem ou ainda prestam vassalagem aos que fazem mal, como se lhes quisessem mostrar que nada têm a recear deles… Cada vez mais esta posição está espalhada na cultura desta sociedade ocidental, cada vez mais individualista, calculista e hipócrita. O que é mais grave, é que esta posição, muito confortável para quem pensa que não se quer envolver em assuntos que não lhes dizem directamente respeito, está a pactuar com uma sociedade que vive de plástica. Não interessa o que existe de mau dentro dela, toma-se conhecimento, ignora-se e anda-se para a frente. Não interessa, porque não traz prestígio, só vergonha. E ninguém gosta deste sentimento, pois quem tem vergonha, são só aqueles que fazem o mal e são apanhados. Os outros, mais cautelosos, vão medindo cautelosamente os seus actos, tentando deixar os outros na dúvida, quanto à sua verdadeira natureza. São aqueles que não são peixe nem carne – são aqueles que não pactuam com o mal, mas também não se lhe opõem. Compreende-se bem esta posição. Todas as pessoas procuram, nesta vida, ser felizes e não se querem envolver em nada que ponha em perigo essa mesma felicidade, nem que para isso tenha de fazer uma plástica à sua consciência. Então, sem querer, e em nome dessa mesma felicidade, pactuamos, com a nossa indiferença, em todo o mal que acontece no mundo, e do qual nos desresponsabilizamos completamente. Não fomos nós que o provocámos, é certo, mas também nada fazemos para melhorar, ou até modificar, o estado do mundo. Não me refiro a teias venenosas que envolvem de tal forma as pessoas, que elas não conseguem distinguir o bem do mal, mas se tivermos atenção, e se nos interessarmos minimamente, até estas sórdidas teias acabarão por ser descobertas e os culpados descobertos. Mas, para tal, é preciso interessarmo-nos pelos outros, desde que isso não me traga os tão indesejados problemas. Então como agir, se eu quero dar-me bem com gregos e troianos? Fugindo ou fingindo que aquele problema não existe. É uma posição confortável… para quem faz o mal aos outros. Estes estão descansados, porque se algo correr mal, estão a salvo, ninguém viu nem sabe de nada. Quanto aos esmagados, esses, olha, que se defendam! Eu não me vou prejudicar, juntos dos prepotentes, por causa de um indivíduo, de quem eu até já começo já a ter as minhas providenciais dúvidas para mostrar boa cara aos esmagadores. E o que acontece aos poucos que falam? A atitude que deveria ser comum na nossa sociedade, é encarada como a de um verdadeiro herói… que os esmagadores, claro, procurarão desacreditar aos olhos dos outros, de alguma forma, para se safarem, porque há sempre uma forma… assim, é melhor aplicar uma plástica à consciência. O mundo continua mal? Que culpa eu tenho disso? Quando nasci o mundo já era assim… e, depois, eu não sou Deus… Olha, deixa andar… Até que chega a nossa vez de nos vermos confrontados com tão indesejáveis problemas, e, agora, como me defendo? Não posso contar com os outros, uma vez que eles não puderam contar comigo, e estou só… e andamos infinitamente perdidos nesta espiral viciante, sem encontrarmos saída para ela. Então o que fazem as pessoas para se defenderem? Vão por afinidades e juntam-se em grupos… os meus interesses são os teus, por isso vamos juntar forças e lutar para alcançarmos esse fim, seja ele qual for, e só estes têm a força suficiente para atingirem os fins, mas nem sempre os fins são bons…e voltamos à eterna espiral.
Este é mais um caso chocante, envolvendo desaparecimento de uma criança, para juntar a todos os outros que já conhecemos e outros que o mundo desconhece. O que mais me assusta, é ver como as crianças desaparecem sem deixar rasto… nas mais variadas idades, deixando as autoridades completamente desorientadas. E isto não se passa só aqui, mas parece ser assim em todo o mundo. Parece que o fim dos enredos policiais só existem mesmo nos romances policiais, nos casos reais, bem, os reais ficam a meio…
O caso Madie, lembrou-me um que eu vivi aqui há uns anos com a minha filha do meio. Tinha-me separado há pouco tempo, e tinha ido ao supermercado com os meus três filhos, a mais pequena dos quais tinha poucos meses. Como estávamos com pressa, eu colqouei a cadeirinha do bebé no carro, colocámos as compras na bagageira e, quando nos preparávamos para partir, os dois mais velhos lembraram-se que tinham de arrumar o carrinho das compras, tarefa que coube à minha filha do meio e o mais velho foi buscar um saco que deixara guardado no balcão das informações do supermercado, quando entráramos. Eu, que esperava pelos dois, decidi, a determinada altura, retirar o carro do sítio onde estava estacionado, e colocá-lo a jeito de sair, logo que eles chegassem. Foi o melhor que me poderia ter passado pela cabeça. De repente, quando olho pelo espelho retrovisor, vejo um indivíduo ruivo, gordo a aproximar-se da minha filha, ao que parecia para lhe pedir alguma informação. Não liguei. Voltei a olhar pelo retrovisor para cobrir o regresso deles, quando vejo a minha a minha filha a ser conduzida pelo tal indivíduo, que já lhe havia posto familiarmente o braço pelos ombros e se inclinara para lhe dar um beijo na face. Eu estranhei aquilo que me pareceu um abuso. Saí imediatamente do carro e gritei à miúda o que se passava. Ele fez-lhe ainda algumas perguntas, e saiu apressadíssimo do pé dela, deixando a miúda tão confusa como no momento em que a abordara pela primeira vez. Ela, então com oito anos ainda (quase nove), confusa ainda, contou-me que lhe parecia que a levava em direcção ao carro dele, já não me lembro a que pretexto, e quando a interroguei porque é que ela ia, respondeu-me que pensava tratar-se de familiares do pai que ela não conhecia ainda, e que residiam em França a maior parte do tempo. Fiquei aterrada! Percebi imediatamente o que se tinha passado! Graças a Deus, eu tinha retirado o carro do estacionamento, graças a Deus, o homem levara-a por aquele caminho, de onde pude ver o que se passava e agir prontamente, graças a Deus…
Ainda a propósito deste assunto, li, aqui há uns anos atrás, um artigo sobre os casos de pedofilia na Bélgica que me chocou profundamente. Tinha chegado a Santa Apolónia para apanhar o comboio que me levaria a casa nesse fim de semana e, como ainda tinha tempo, resolvi comprara a revista Paris Match, que trazia, ainda me lembro, na capa a fotografia do malogrado John-John Kennedy e da sua mulher que haviam falecido naquele trágico acidente aéreo. Eu, ao abrir a revista, e depois de ler o que acontecera ao casal, continuei a folhear a revista e encontrei aquilo que nem na capa me lembro de estar anunciado: uma reportagem sobre os casos de pedofilia na Bélgica. Tratava-se daquilo que me pareceu o depoimento de vários polícias que haviam trabalhado afincadamente na rede pedófila e, quando se estavam a verificar resultados, isto é, quando começaram a ver que a investigação conduzida por estes profissionais estava a dar resultado, e os culpados estavam prestes a serem descobertos, e que esses culpados estavam muito bem posicionados na hierarquia social, esses profissionais foram inexplicavelmente afastados das investigações e substituídos por outros, cuja função levou ao impasse das investigações. Ao ler a descrição de tudo quanto aqueles corajosos jornalistas fizeram para sair daquele país com vida, aconselhados pelos não menos corajosos e íntegros polícias, percebi o perigo todo…
A solução para casos destes, passa pela criação de uma polícia especializada nestes casos, independente, paga directamente pelos contribuintes, interessados na resolução destes casos. Como nos casos das associações por quotas, fundações… Eu sentir-me-ia mais segura, não se porquê… ou talvez saiba.
Hoje, dia 2 de Agosto de 2007, é um dia decisivo na minha carreira como professora – acabo de pedir a minha demissão. Entreguei, esta manhã, o requerimento que vai acabar com o que seriam quase vinte anos (faria 20 anos em Setembro de 2008) de carreira como professora do Ensino Básico e Secundário (é claro, que se forem a descontar os dias de baixa por doença, como o fazem para efeitos de concurso, são menos!). Mas, foi nos finais de Setembro de 1988, que me apresentei, pela primeira vez, numa escola. A experiência, no seu geral, salvas algumas excepções, foi positiva. O que me levou a tomar tal iniciativa? A desilusão. Eu conto. Este ano lectivo foi particularmente difícil para mim, muitos problemas pessoais, uma turma mais difícil que exigiu maior atenção, o cansaço acumulado de outros anos, a mudança de escola, constituíram um stress que me levou ao limite das minhas forças anímicas, isto é, cheguei ao final arrasada, e com todos os sintomas aliados: confusões, perda de memória, dores de cabeça, etc.. Dado o meu estado fisico, tinha intenções de marcar as minhas férias a partir de 16 de Julho. Ao que parece, só o poderia fazer a partir de 18 (lembro-me, agora que falei com o responsável) porque tinha exames até 16, inclusivé. Continuei a trabalhar, sabendo que não me sentia bem, mas tentando resistir. Até que um dia, ao retirar notas do placard onde se encontrava o serviço de exames, parecia que a mensagem não me entrava na cabeça, era como se um bloqueio invisível impedisse que a mensagem entrasse. Risquei algumas notas já rabiscadas e emendei-as. Tinha serviço de exames tal dia (já não me lembro qual!). Fui para casa descansada. Tudo parecia estar
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