O sistema nacional de saúde é o mais usado pela generalidade dos portugueses, por ser não só o mais barato mas também por ser o que está mais à mão. No entanto, ele está tão sobrecarregado que, por vezes funciona mal. Os problemas são, por demais conhecidos: falta de médicos que os leva a trabalhar horas seguidas sem descanso nas urgências dos hospitais e, depois, nos centros de saúde, centros de saúde que fecham as portas levando os utentes a deslocarem-se para locais mais afastados do local onde habitam, etc. Se olharmos também aos médicos de família que têm um número de utentes que ultrapassa a sua humana capacidade diária, o que leva muitos doentes a recorrerem ao hospital mais próximo… vemos, desde já, que o sistema nacional de saúde não funciona como deveria. Se juntarmos a isto as consequências que geram todos estes problemas, vemos que a saúde pública corre sérios riscos de adoecer de vez… Um amigo meu, cujo filho se queixava havia já algum tempo de dores no joelho, foi com ele ao hospital da sua região e, após lhe terem feito vários exames, ao que parece inconclusivos, atribuíram as dores ao crescimento do filho. Como se o crescimento normal e saudável fosse acompanhado de dores… Conformados com as explicações médicas, regressaram ambos a casa. Como as dores continuavam, ambos recorreram mais do que uma vez aos serviços daquele hospital, ouvindo sempre as mesmas explicações, que acabaram por não convencer o pai do rapaz que procurou uma alternativa na medicina privada. Acertou em cheio! Depois de alguns exames, o médico ortopedista deu com o problema e explicou ao pai que o rapaz tinha de ser operado o mais rapidamente possível. E foi o que aconteceu, e o que andou empatado durante anos resolveu-se em menos de dois meses… Este é um exemplo de muitos que acontecem por esse país fora. Alguns casos têm a felicidade de conhecer um fim feliz, como este que aconteceu com o filho do meu amigo, mas outros haverá que não conhecem este final feliz. Agora há que pensar, sistema nacional de saúde sim, mas um sistema nacional que funcione e, já agora, com muitos finais felizes!
Já aqui falei dos novos valores morais espalhados pela nossa sociedade e que alimentam a vaidade humana e a fome de poder e de notoriedade e tudo o que hipoteticamente vem com eles. Do que eu não tinha dado realmente conta é do preço alto que muita gente parece ser tentada a pagar para conseguir isso tudo. E toda a gente parece ter um preço, a única diferença está na quantia mais ou menos elevada pela qual se vendem. E vendem-se pelas mais variadas razões, desde as mais mesquinhas às mais egoístas. E esta gente não tem consciência, poderemos perguntar. Ter, elas têm mas passam a vida a passar uma esponja de pretextos e justificações por ela para dormirem sossegadamente à noite. Depois, se olharmos à nossa volta as revistas, desde as mais sérias às mais banais, fazem o elogio das pessoas bem posicionadas na nossa sociedade, com retratos e um relato das suas vidas e daquilo que elas conseguiram na vida. Dá a sensação que não há mais nada no mundo a não ser estas pessoas: actores, cantores, empresários, jogadores… Chega a ser tão cega a fixação por estas pessoas, que elas são até incomodadas na sua privacidade. Não quero, com isto, tirar o valor a ninguém. Mas a vida é muito mais do que isto: fama e dinheiro. Mas tal parece escapar à maioria das pessoas que lêem estas revistas. Mas o que é mais grave é que muita gente frustrada passa a vida a sonhar com isto mesmo e até chegam ao ponto de não olhar a meios para conseguir o que quer. Então, sucedem-se as cenas mais caricatas a que assistimos, infelizmente, no nosso dia-a-dia, de pessoas a prejudicarem outras de toda a forma e feitio só porque pensam que, dessa maneira, conseguem atingir os seus objectivos egoístas. Vemos muitas pessoas a trabalhar, não só pelo prazer de desenvolver um trabalho bom mas também para conseguirem alguma notoriedade com ele. Nesta ganância de dinheiro e notoriedade, corre-se o risco de só olhar para cima com admiração, olhar à volta o que nos rodeia e quem nos rodeia com cobiça, e de esquecer daqueles que nada têm e que também fazem parte da vida, mas que nós tentamos ignorar por ser uma situação onde ninguém gostaria de estar. Como a ganância é muita e as pessoas esquecem-se que há muito para fazer, ou não querem ver, porque dali não vem notoriedade, (pensam elas), elas vivem fixadas na ideia de como chegar até essa fama, essa notoriedade tão amadas e que são a nova religião social. Para tal, elas furam por todo o lado, não olhando a meios para atingirem os seus fins… e dão-se casos lamentáveis de plágio, (como eu vivi ainda há pouco) de pessoas que, vestindo a máscara da amizade, se infiltraram na minha casa para conseguirem uma cópia de um conto que eu estava a escrever e que é o meu primeiro (ver http://fati-voos.blogspot.com ou http://narrativa.blogs.sapo.pt ). Como os outros, esquecem-se essas pessoas, não são parvos, acabam, mais cedo ou mais tarde, por os apanhar. O que eu acho um crime, é quando se dão exemplos destes a crianças e adolescentes, que têm o direito de conhecer outros valores muito mais nobres. E há que ter atenção às pessoas que nos rodeiam e a quem abrimos a porta da nossa casa, pois são essas as que nos podem prejudicar mais! Eu, que sempre deixei as portas e janelas abertas, noite e dia, agora, até as portadas das janelas eu fecho, quando escurece...
Nós, portugueses, para além de estarmos cada vez mais pobres, ainda temos de pagar a crise a torto e a direito. Não admira que o descontentamento e o desânimo reinem, apesar das invectivas discursivas, por altura das comemorações, daqueles que nos governam para, julgam eles, nos darem força... Não admira! Não sabem como é, por isso não sabem o que dizem. Para se conhecer a realidade deste país é preciso deixar o conforto dos gabinetes e pegar nos carros caríssimos, pagos com o dinheiro dos contribuintes, e rumar aos problemas quotidianos deste. Poderiam também tentar a aventura que é viver, mês após mês, com os salários que recebemos e fazer frente às despesas quotidianas que cada vez aumentam mais... (gastamos o mesmo e pagamos mais!). E o que é mais doloroso, chegando mesmo a ser angustiante, é vermos que estamos cercados de despesas às quais não podemos fugir. Algumas delas, nem sequer são anunciadas, sendo-nos descontadas nas contas bancárias onde estão sediados os nossos vencimentos. Pagamos por tudo e por nada! Todos nós conhecemos imensos factos, como por exemplo estes... Um dia destes, telefonei a um colega meu, solteiro, a viver com os pais, apanhando-o num dia de má disposição. Perguntei-lhe a razão dessa má disposição e respondeu que lhe haviam retirado cerca de cinquenta cêntimos da sua conta e ele desconhecia o motivo. Estava a pensar ir ao banco questionar tal facto. Há uns anos atrás, eu comprei uns títulos da EDP e TLP e, passados uns anos, eu tive de mudar de banco porque o que recebia de lucro dos títulos, não cobria o preço que pagava com as despesas bancárias pela sua administração. A última aconteceu um dia destes, quando fui ao banco receber a pensão de alimentos dos meus filhos e, qual não é o meu espanto, reparei que, de novo, em vez da quantia habitual que foi estipulada pelo tribunal, havia menos... Questionei o banco sobre a periodicidade desses descontos (chamemos-lhes assim!) e responderam-me que eram efectuados de três em três meses... assim, logo que depositam a pensão, esta fica imediatamente reduzida depois de lhe retirarem as quantias referentes ao "TRFDEBORD", ao "DESPTRF" e ao "IS" acabam as crianças por receber menos quinze euros e quarenta e oito cêntimos, de três em três meses... Ora, no IRS, temos de declarar a quantia ilíquida da pensão, pelo que acabamos de ser lesados em todos os sentidos, uma vez que declaramos dinheiro que não chegamos efectivamente a receber... É com estes factos que devemos seguir em frente alegres e contentes? Senhores governantes, ao menos deixem-nos viver o nosso desânimo em paz e sossego, sem balelas... respeitem isso.
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas