Há já um certo tempo que me interessei por esta mulher doente, um magro espectro daquela mulher que eu adivinho ter sido idealista, recta e determinada nas suas convicções políticas e sonhos. Ela sonhou com uma Colômbia diferente e, muito provavelmente, teria conseguido realizar o seu sonho, se lhe tivessem dado a oportunidade que merecia. Não conseguiu. Foi raptada, pelas FARC, em 23 de Fevereiro de 2002, exactamente numa região da Colômbia que nenhum candidato à presidência se lembraria de visitar, por medo. Ela foi. A coragem, até nesta decisão, é marcante na personalidade de Ingrid que, antes, já a mostrara, quando denunciou publicamente o mal que infestava o seu país, mesmo apesar das ameaças e da dor de se ver separada dos filhos, ela não desistiu da sua posição. Todo o seu comportamento mostra o bem que ela iria fazer por ele, se lhe tivesse sido dada uma hipótese. Passados seis anos de cativeiro, alguns reféns já foram libertados, ela não. Porquê? Olhando para o povo daquele país, facilmente se adivinha que ele só teria a ganhar com alguém como ela à frente do país. A quem é que ela não interessa então? As FARC, depois de tudo o que se sabe sobre elas, não estão propriamente nas boas graças da opinião pública, internacionalmente falando, pelo que a sua libertação só iria, forçosamente, melhorar a sua imagem. (De facto, as suspeitas de tráfico de droga, de roubo de gado, sequestro, a integração de adolescentes nas suas forças, entre outras acusações, não criará especial simpatia no povo colombiano, quanto fará na opinião pública internacional.) Incompreensivelmente, elas continuam ainda assim, a mantê-la em cativeiro… embora sabendo que ela está doente e que, a sua condição física pode, a qualquer momento, sofrer um fatal revés, perdendo elas, desta forma, a sua refém mais mediática. A partir desse momento, elas correrão o risco de ficarem entregues a elas mesmas, e a braços com a justiça internacional e com a má vontade ou indiferença dos outros povos, perante a sorte deles. Pelo que já ficou dito, as FARC nada ganham com a manutenção de Ingrid em cativeiro. . Então, volto a colocar a questão já antes formulada por mim – Quem é que poderá estar interessado na continuação do sequestro de Ingrid Betancourt? Para quem é que ela poderá ser ainda uma ameaça? Segundo um ex-refém das FARC, ela continua a sonhar com a presidência colombiana, apesar de tudo…
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