opiniões sobre tudo e sobre nada...
Sexta-feira, 14 de Setembro de 2007
Os juros de mora

Nunca percebi a razão dos juros de mora, e continuo sem perceber a razão da sua existência e a única explicação que encontro é a ganância de ganhar mesmo com a desgraça dos outros. Quando uma pessoa faz um crédito com vista à compra de um determinado carro, etc… a pessoa fá-lo com a intenção de cumprir mensalmente com a prestação de que é previamente informada. Até porque ninguém gosta de ver o seu nome manchado. Agora imaginemos que, por uma razão qualquer, essa pessoa perde o emprego e, dessa forma, não pode cumprir mais com essa obrigação. Acontece que essa pessoa é confrontada não só com o problema do incumprimento como também com o dos juros de mora, que são altos, e que estão lá para agravar ainda mais o problema do cidadão comum. Ora, se o cidadão não consegue cumprir com a prestação como irá fazer para pagar a quantia agora agravada com juros de mora? Partindo do princípio que as financeiras nunca perdem dinheiro, onde vão elas buscá-lo? Ao cidadão que perdeu o rendimento? Onde? Obrigando-o a vender a casa, se a tiver, para pagar o que deve, que, com os juros de mora altos como estão, deve, com alguma sorte, dar para cumprir metade do pagamento e, o resto da sua vida, irá pagar o que falta? Irá para a cadeia? É isto que espera o cidadão comum que tem a pouca sorte de perder o emprego? Se a perspectiva é esta, então, para mim, acabaram-se os créditos. Só quando tiver dinheiro junto é que volto a comprar seja o que for. Porque, e não nos podemos esquecer, que estas entidades vivem dos juros que cobram e estes são o negócio delas. Elas não olham a pessoas, na altura das dificuldades, mas sim ao dinheiro que poderão ou não ganhar com tal situação. E os juros de mora são, para mim, uma maneira de fazer estas entidades ganharem ainda mais dinheiro. E não me venham com o velho e esfarrapado argumento que a falta dos juros de mora facilita o incumprimento. Mesmo que assim fosse, há outras maneiras de combater o incumprimento. Eu imagino como seria a nossa sociedade sem estes juros de mora… seria, no mínimo, mais justa? E já viram como esta situação se arrasta por séculos? É assim desde os remotos tempos. Será por isso que aceitamos tão pacificamente esta situação? Será esta a razão pela qual nós aceitamos tão pacificamente esta situação? O passado? Parece que estou a ouvir alguém dizer “Sempre foi assim!” E isso quer dizer que este género de situação não pode ser mudada? Não querem mudar, porque enquanto alguém ganhar com a desgraça dos outros, esse alguém não vai, com certeza, querer mudar esta situação! Afinal, não tem sido sempre assim ao longo dos séculos?

 

 



publicado por fatimanascimento às 07:44
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2 comentários:
De António a 17 de Março de 2009 às 16:12
Compare-se o juro de mora de 1%/mês, praticado pelo Estado s/os cidadãos e Empresas nos tempo que correm, onde inevitavelmente o dinheiro per si não deverá multiplicar-se, mas sim o trabalho árduo.
Só por isto nos apercebemos quem nos governa e que a troco de propaganda diz que dá e a seguir tira sem regras.


De Jose Oliveira a 23 de Abril de 2009 às 13:12
Agora vejamos o caso pelo outro lado...
Tenho um apartamento em Lisboa. Como tive de emigrar e para poder pagar o emprestimo ao banco, tive de o arrendar.
Ora o inquilino, pura e simplesmente pagou todas as rendas com mais de duas semanas de atraso relativamente ao estipulado no contrato e desde há tres meses que nao as paga.
Agora, disse-me que ia sair no final do mes (quando deveria avisar-me com pelo menos 4 meses de antecedencia de acordo com a lei e com o contrato) e que nao me vai pagar mais nada. Nem os meses que tem em atraso.
Obviamente que para recuperar este dinheiro vou ter de ir para tribunal e como os tribunais em Portugal funcionam muito bem, esta situaçao só se resolverá, com sorte, daqui a 3 ou 4 anos.
Entretanto, e como se diz em bom português, estou a arder com o dinheiro e tenho de continuar a pagar o meu emprestimo ao banco. Além disso ainda vou ter de pagar a um advogado e as custas iniciais do processo.
Muito provavelmente os juros de mora que esse senhor me deverá no final nem vao dar para pagar ao advogado.
Nou sou nenhuma entidade financeira e nao gosto de viver da desgraça dos outros, mas também nao sou a Santa Casa da Misericórdia e nao sou responsável por essas desgraças.
Se calhar neste ponto de vista os juros de mora já têm razão de ser...
Não acham?


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