Este não é um tema fácil. Nunca o foi, não é e nunca será. Talvez tenha a ver com a forma como o casamento é encarado. Na sociedade capitalista em que vivemos, assinar o papel do casamento é equivalente, por exemplo, à assinatura da escritura da compra de uma casa ou de um carro – a partir daquele momento, as duas pessoas envolvidas no contrato passam, na mentalidade das pessoas, muitas vezes na delas também, a pertencer uma à outra e qualquer tipo de apropriação por pessoa alheia ao contrato, é considerada como um roubo.
Todos nós recordamos, nas nossas vidas, casos, muitas vezes violentos, de rixas entre três pessoas: o homem, a mulher e a amante. E deixam sempre uma recordação triste pois nenhum dos envolvidos sai incólume duma situação destas. Talvez estas situações sejam evitáveis se mudarmos a maneira de encarar estes casos. Eu sei do que estou a falar. Vivi esta experiência na primeira pessoa. Fui, o que muitos diriam, traída. Mas, devo dizer, nunca houve problemas por causa disso. Talvez devido à minha ignorância. Agora, passado já muito tempo, encaro as coisas de forma diferente. Vejo o quanto as amantes podem ter um papel (desde que sejam boas pessoas) benéfico nos casamentos de outras mulheres. Se não se quer que tal aconteça, a mentalidade feminina no que respeita ao sexo, tem de mudar. O sexo (ao contrário do que nos é ensinado) é fundamental num casamento, e, se não funciona, é natural que os homens procurem fora (deixando de parte o que é socialmente considerado bem ou mal). Não há casamentos felizes quando o sexo entre duas pessoas não é satisfatório para uma delas. Primeiro, não podemos considerar a pessoa que partilha a nossa vida, nossa. Todos pertencemos a Deus, e só! Ninguém é de ninguém. Estamos aqui a partilhar um caminho. Nada mais. E o casamento existe enquanto há vontade para continuar. Há casamentos que funcionam às mil maravilhas sem que as mulheres se interroguem sobre a causa para tal. São felizes! A verdade é que, para essa tal felicidade, há alguém, por fora, a assegurar essa mesma felicidade. Alguém invisível cuja única missão é a da satisfação sexual masculina (poderá ser de ambas as partes) que volta mais calmo e realizado para o casamento que não pensa abandonar. E isto ajuda os homens a levar por diante um casamento que, caso contrário, estaria devotado ao fracasso, mais tarde ou mais cedo, podendo criar atritos entre as pessoas da relação. E não se esqueçam que, muitas vezes, o casamento continua e as amantes sucedem-se: quando umas se fartam, surgem outras. Sim, porque estar deste lado – ser amante - também não deve ser fácil. Emocionalmente fácil. São relegadas para um segundo plano ocupando apenas os momentos deixados livres pelo casamento. Não realiza ninguém.
São as amantes que tão mal vistas estão pela mentalidade social que, sem querer, acabam por ajudar os casamentos. E desde que não envolva saída de dinheiro do lar e sentimentos tão perturbadores como o ciúme, não vejo que mal poderá daí advir a uma relação contratual. Não é fácil, mas, se queremos ser mais felizes, temos de aprender a encarar tudo de forma diferente - com mais naturalidade. E, para isso, é preciso querer.
Projecto Alexandra Solnado
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