A gripe é uma doença à qual damos pouca ou nenhuma atenção. Sempre me lembro de ser menosprezada, pelas conversas tidas com muitas pessoas. Acho que muitos lhe chamam constipação e automedicam-se com fármacos publicitados nos meios de comunicação e comprados na farmácia, pois não há necessidade de receita médica. A rejeição da ideia de faltar ao trabalho e perder tempo numa sala de espera, faz com que muitos recorram a este tipo de solução.
Não sei se haverá alguma relação directa entre a gripe e as mortes cujos números têm vindo a ser difundidos. Nunca ouvi dizer a ninguém que conhecera alguém que tivesse morrido desta doença viral. No entanto, são conhecidas as consequências desta doença quando mal tratada. E sabe-se que, muitas vezes, as mortes provêm dessas mesmas complicações geradas pela falta ou mesmo tratamento errado da doença.
Também não sei se há alguma relação directa entre estas mortes e a crise que atravessamos nela contidas, como é lógico, as decisões políticas tomadas para combater os gastos do ministério da saúde (aumento das taxas moderadoras), como tem também sido avançado pelos meios de comunicação que dão voz a especialistas que defendem esta ideia. Mas é natural que assim seja. Eu conheço uma pessoa que, há pouco, viveu uma situação que se encaixa, na perfeição, aqui. Estava com sintomas gripais e demorou algum tempo a decidir-se a ir ao médico. Com pouco mais de duzentos euros mensais, esta estudante universitária tem de pagar comida, dividir as despesas da casa onde alugou um quarto… não lhe sobra muito dinheiro nem para estar doente. Depois de se automedicar, resolveu procurar ajuda médica, quando percebeu que a doença piorara. No centro de saúde não encontrou médico. Para grande espanto seu, o médico de prevenção, segundo lhe foi dito, não a podia atender. Teria de recorrer ao hospital. Não lhe passou pela cabeça protestar. Ficou só estarrecida com a ideia de pagar os vinte euros. Mas tudo não ficaria por aqui. Teve de fazer exames também. No final, contando com os vinte euros, os exames e os medicamentos, teve um gasto de 80 euros que um amigo teve de pagar por ela. Se não fosse este, ela teria morrido, por certo, (os pais não podem ajudar mais e ela encobriu tudo para os não afligir) pois a quantidade de medicação era directamente proporcional à gravidade do seu caso.
Calculo que este não seja um caso único e posso multiplicá-lo poe n outras pessoas na mesma situação. O que eu não queria era estar na pele daqueles que, sabendo que a situação financeira do povo não é fácil, resolveram ainda agravar mais a sua situação. Quem pode dormir à noite com estas mortes na consciência? Nenhuma pessoa de bem, naturalmente…
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