Já tinha ouvido falar muito de seguradoras e, na maioria das conversas, mal. As pessoas queixavam-se sobretudo do incumprimento, lamentando-se que elas estão sempre prontas para receber o dinheiro mas, quando chegava a altura de pagar, levantavam todo o tipo de problemas. Alguns profissionais do ramo, reconheciam que, infelizmente, havia muita situação dessas, o que eles lamentavam, porque acabavam por denegrir a imagem do ramo. Eu, pessoalmente, nunca tinha tido problemas desse ou de outro tipo com seguradoras, até me deparar com uma situação algo caricata.
Aqui há uns tempos atrás, um amigo meu africano, à frente de uma instituição de solidariedade social, criada com muito trabalho e com o apoio financeiro de alguns beneméritos do país, recolhia crianças da rua, de todas as idades, procurando dar-lhes a protecção e a formação necessárias para que eles, já adultos, pudessem arranjar um emprego. A planta do edifício da futura escola estava delineada, faltava um projecto educativo para ele. Era aqui que entrava eu. Na altura, combinámos uma vinda a Portugal, para combinarmos tudo. Como a miséria e a corrupção são grandes no seu país, assim como em toda a África, (ao que parece), eu tratei de tudo aqui. Uma das condições para a vinda do meu amigo, era um seguro que só poderia fazer em seguradoras que tivessem filiais no país dele. Havia duas. De uma delas nunca tinha ouvido falar mas a outra era bem conhecida. Procurei a localidade da agência, onde poderia tratar de tudo, e fui até lá. Para meu espanto, foi-me dito que eu teria de ser cliente da seguradora para fazer esse seguro. Eu já tinha seguradora e estava contente com ela, conhecia as pessoas… Seguro de vida? Eu já tinha seguro de vida do mesmo ramo. Pois, mas pela política da empresa, eu tinha de ser cliente, para conseguir o que queria e ter um seguro do mesmo ramo. Lá me encontraram um seguro de vida, à minha medida, que eu teria de pagar, obrigatoriamente, durante quatro anos. Nós nunca sabemos quando poderemos necessitar de um seguro destes, uma vez que não temos a vida ou a saúde nas mãos, mas o que não me agradou foi o facto de me ver obrigada a fazer um seguro que eu não queria nem podia fazer, uma vez que já tinha despesas q.b. na minha vida, e não tive alternativa. Senti-me presa numa armadilha, sem saber como sair dela. A revolta sentida foi grande. Como era possível acontecer uma situação destas? Não poderia simplesmente arranjar este seguro pontual de que necessitava o meu amigo e ir embora tranquilamente? Eu pergunto-me ainda se este tipo de política seguida por esta seguradora, será universal ou se é mesmo só desta dela. É claro que a imagem dela ficou danificada e, logo que puder, mudo.
Mas nem tudo foi mau, uma vez que consegui, dentro da mesma agência, encontrar um seguro automóvel mais barato. Foi o modo que encontraram os mediadores, também eles presos esta regra, de encontrar uma forma de não prejudicar muito a imagem da seguradora que representam.
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