opiniões sobre tudo e sobre nada...

Domingo, 13 de Setembro de 2009
Férias

São agradáveis e são necessárias. É um tempo que podemos e devemos disponibilizar para nós e para a família. È tempo da redescoberta do prazer do convívio em família e da descoberta da personalidade/carácter dos nossos filhos, sejam adolescentes ou crianças. Eu quase não tinha direito a férias, na verdadeira acepção da palavra, não fosse a gentileza de pessoas amigas que me disponibilizaram os meios necessários para poder partir, por duas semanas em direcção a uma das províncias mais bonitas do nosso país. Mais do que férias, este tempo de descanso funcionou como uma terapia para me recompor de muitos momentos difíceis por que passei no último ano e meio. Redescobri o gosto pela leitura de marcantes autores da literatura mundial, desde a inglesa Jane Austen aos autores russos, Máximo Gorki, Dostoievsksi, Tolstoi…, quando o desânimo, aliado ao cansaço, só me fazia ver e rever filmes e ouvir música. Parecia que não conseguia concentrar-me de forma a perceber o que lá estava escrito. Não sei o que tinha. (Mas já há muito que percebi que tudo tem a sua explicação, ainda que a arrogante ciência não a aceite. Talvez porque ela não abarca todos os campos. Talvez a vida de todos fosse mais feliz e mais simples se só houvesse ciência e nada mais para além dela. Não liguem. Estou cansada ainda. Mas não deixo de pensar como o filósofo francês, talvez com razões diferente das dele, que se não houvesse Bem também não houvesse Mal, é só isso). Mas voltando ao assunto das férias, está a ser formidável. Redescobri o prazer de estar com os meus filhos, embora só tivesse oportunidade de estar dois dias com o mais velho, que, devido a compromissos (é bombeiro voluntário) teve de regressar a casa para cumprir os seus compromissos. Aí está um trabalho para qual foi talhado. Nunca vi ninguém tão empenhado! Brincámos, jogámos, disparatámos até cair no riso solto, enfim… fizemos tudo o que uma família normal faz. Somos felizes. Assim nos deixem em paz! Houve alguns momentos dignos de registo como o que protagonizou a minha filha mais nova de seis anos apenas. Estava a brincar com a mais velha quando esta, fazendo-se distraída, empilhava pás de areia ao lado do balde. Ao ver aquilo, a pequena, a poucos metros dela, correu a colocar o balde debaixo da pá, a irmã prosseguindo a sua brincadeira, continuava teimosamente a acumular a areia ao lado do balde; a pequena, sempre atenta aos gestos da irmã, acompanhava a dança do braço com balde, colocando-o na situação favorável à recepção da areia. A irmã, não resistiu e desatou às gargalhadas, perante o espanto da mais pequena e contou-me a cena entre risos, abraçando a pequenita que ria com ela, ainda admirada. Outra situação tem a ver com o meu mais velho e a sua posição protectora em relação a nós, sobretudo à irmã mais velha, evitando os indesejáveis rapazes de se aproximarem dela. E ao que parece eram bastantes! É o preço da beleza! Outras das descobertas foram as conversas e as brincadeiras com a mais velha, que possui um excelente sentido de humor, sem nada a interromper. Bastante inteligente! Gosto sobretudo de perceber o que a distância do local onde vivemos nos pode fazer. Nem nos apetece voltar. Por que será? Talvez por pensarmos que os problemas não resolvidos estão lá, à espera do nosso regresso.

 



publicado por fatimanascimento às 21:31
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Sexta-feira, 31 de Outubro de 2008
Filhos de ninguém

Têm família como todos e que, por sinal, até os amam. São filhos de pais separados, que iniciaram uma vida por separado. Não há divórcio. Os filhos estão entregues aos avós e aos tios. Quando se quer tratar de algum assunto, relacionado ou não com a escola, não se sabe bem quem tem a autoridade sobre os miúdos. Sei de um caso. Mas decerto que há muitos mais. O pai vive longe e a mãe tem um emprego incompatível com os horários dos organismos estatais: começa a trabalhar quando os outros se levantam e termina muito depois. Não sabe se consegue um intervalo para ir tratar do assunto da transferência da filha. São só alguns minutos, se conseguir estar à hora da abertura da secretaria. Como encarregada de educação, tem de ser ela a dar início ao processo. Ao princípio mostrou-se contrariada e pouco esperançada em conseguir tal espaço de tempo, mas vai falar com o patrão, para ver se consegue deixar tudo tratado. A adolescente não quer continuar em casa dos avós, onde vive também um tio, que é o contacto da escola. A miúda faltou quase duas semanas e a mãe não justificou as faltas. A escola ameaçou o tio, único contacto deixado na escola, com a GNR. O tio, aflito e preocupado, tentou telefonar para a sobrinha na tentativa de a fazer regressar à localidade onde moram. A miúda não quis. A mãe ficara de justificar as faltas. Não fez. Daí a pressão da escola. Depois de todos falarem, tios, mãe, pai, filha… lá se resolveram pela transferência. Todos de acordo. Só falta mesmo a mãe tratar de tudo. Espero que o faça amanhã sem falta. É o melhor para todos. Este é um caso relativamente simples de uma adolescente que já passou por muito, mas que, felizmente, tinha muita gente a gostar dela e a protegê-la. Outros há que não têm essa sorte e ninguém se interessa por eles, deixando-os num total abandono. Vidas de tantos e tão graves problemas e sobrevivência que já não há paciência para outros que surjam. Eu compreendo. Só quem não passa por eles não sabe dar o valor. Há muita coisa a mudar na sociedade para conseguirmos vidas mais estáveis e equilibradas. Podemos começar com a compreensão dos patrões quando se trata de tratar de assuntos familiares, sejam eles de educação ou de saúde. O trabalho não é tudo e não pode substituir a vida familiar ou relegá-la para um segundo plano. Um trabalhador compreendido e com tempo para tratar dos seus assuntos é um trabalhador reconhecido, satisfeito e com mais vontade de investir na sua empresa.



publicado por fatimanascimento às 16:06
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Quarta-feira, 15 de Outubro de 2008
A importância da formação das crianças

Não posso ir muito além da árvore genealógica mais recente, porque não conheço mais…. Mas o que tenho é excepcional, pelo que não tenho de ir muito mais além. As recordações não vão além dos meus avós. Sobretudo o meu avô… que integridade e que linearidade! Nunca me lembro de conhecer uma pessoa mais honesta na minha vida! São numerosas as histórias que contam sobre ele! Até em Portalegre! E esta história, em particular, já é contada pela segunda geração. O meu pai saiu a ele. Foi desenhado nas mesmas linhas. Também há histórias sobre ele. Eu saio ao meu pai. Não há histórias sobre mim. Nem faço questão que haja. O que posso dizer é que não é nada fácil ser-se assim. Poucas pessoas nos compreendem ou nos aceitam como somos, uma vez que em todos os caminhos sempre há desvios. É uma rectidão muito vincada, sem desvios. As pessoas têm medo. Sinto isso, mas não ligo. Vivo o meu dia-a-dia sem me preocupar com a vida dos outros, a não ser no único sentido de ajudar, quando posso e sei. E nada mais. A seriedade é um vínculo na personalidade uma vez que os exemplos são sempre muito exigentes e estão sempre muito vivos. Depois, seguiu-se a formação religiosa ( e não só) que me foi dada pelas irmãs de S. José de Cluny, no Colégio de Santa Maria, e que eu procuro pôr em prática no meu dia-a-dia. Tudo foi determinante na minha formação. E a todos o meu reconhecimento por isso. Agora, cabe a mim falar desse tipo de formação tão determinante na vida de qualquer pessoa. Esta formação de raiz, e não só de aparência, é decisiva em qualquer pessoa. Não é só o ficar bem, é necessário criar estes valores para que possamos viver numa sociedade mais justa e mais consciente, quanto mais não seja para evitar casos como os que me têm tocado viver, estes últimos tempos, devido a essa mesma falta de formação de algumas (muitas!). Passa-se um caso com um meu ex-companheiro a quem ajudei, a determinada altura da sua vida, quando mais precisava, e que não está a cumprir com os seus deveres, até agora. Dei-lhe e dou-lhe o benefício da dúvida, mas já lhe tivesse apanhado mentiras… A minha posição em nada mudou: continuo a acreditar no que há de melhor nele. Depois, há aqueles que andam divididos por que lhes foram inculcados certos valores por um dos pais e outros pelo outro. Então, acontece isto: agem mal e ficam com problemas de consciência, porque não querem tomar uma posição dissonante, mesmo não concordando com o que se passa. Não deixam de ser boas pessoas, mas também não deixam de ser más. E são adultos sofredores. Entre a minha mãe e o meu pai há diferenças na maneira de ser, mas eu decidi-me por uma, e não me afastei dela. Não fiquei dividida, como acontece com alguns. Agora, o exemplo que eu dou aos meus filhos é aquele que me deram a mim e que eu julguei ser o mais recto. Que pena não haver mais pessoas assim! Seria tão mais fácil para todos!



publicado por fatimanascimento às 11:36
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Sexta-feira, 25 de Julho de 2008
Crianças da rua

Eu também fui uma criança da rua, mas na década de 70, com a agravante de ser uma miúda, o que nunca foi bem visto pelos mais conservadores. Contudo, ser criança da rua, na década de 70, numa pequena vila do interior, não é o mesmo que sê-lo, agora, e, ainda por cima, nos arredores de uma grande cidade, onde o perigo é muito maior. Hoje em dia, esta situação ainda é comum, em famílias cujos progenitores trabalham e não têm quem olhe pelos filhos, durante a sua ausência, devido às magras e suadas finanças e também devido à ausência de familiares, próximos ou distantes, capazes de o fazer.

   Os meus pais trabalhavam durante o dia, o meu pai, muitas vezes, de noite, pelo que precisava de recuperar essas horas de sono perdidas, durante o dia. Esta ausência levou-me a criar um ambiente, (por vezes pesado, devido ao silêncio e ao vazio), só meu. Eu decidia como distribuía o meu tempo e o que fazia com ele. De todas as famílias que habitavam nas imediações do meu bairro, só um amigo meu de infância estava em circunstâncias semelhantes às minhas: ambos os pais trabalhavam, embora tivesse os avós maternos que olhavam por ele e pela irmã mais velha. Todas as outras crianças tinham a mãe em casa, pelo que havia sempre alguém que ia até ao portão olhar ou chamar pelo nome dos filhos. Nesse bairro, todas as pessoas eram da mesma cor, haviam sido formados na mesma cultura e professavam a mesma religião. Nada nos distinguia, para além da natureza de cada um. As casas das minhas vizinhas de infância foram uma segunda casa para mim, fazendo-me companhia nas horas vazias e, embora me distraísse em casa, havia muitos momentos em que necessitava de sentir a presença de alguém, junto de mim e, quando chegava a hora de recolher, eu regressava, muitas vezes, ao silêncio da casa vazia. Contudo, a maior parte do tempo, era passado na rua onde brincava com os rapazes ou com as moças, dependendo de quem encontrasse. O espaço imenso que rodeava as nossas casas, situadas numa zona quase limítrofe da pequena vila, onde os campos se estendiam até ao grupo de casas mais próximo, era o cenário das nossas deambulações. As ruas, onde passeávamos de bicicleta, que, muitas vezes nem alcatroadas eram, poucos carros ou pessoas desconhecidas ali passavam, suscitando sempre a nossa desconfiança, quando tal sucedia. Não tínhamos as más companhias que nos liderassem por caminhos desviantes, pelo que vivíamos num universo seguro. Fazíamos o que as crianças de hoje ainda fazem: brincadeiras e jogos de toda a espécie. Os laços afectivos que se criaram, ligam-nos ainda hoje, pelo menos a alguns de nós. São estes laços que levam muitas crianças e adolescentes a encontrar, nos outros, os alvos dos seus afectos, retribuídos ou não, e que muitas vezes substituem a família ausente ou o ambiente conflituoso do lar. Os que têm a sorte ou a facilidade em conhecer bem os amigos que os rodeiam, poderão escolher entre o que é bom ou mau para eles, os outros perdem-se em amizades duvidosas ou que adoptam na ausência de outras melhores. São estas amizades que lhes valem, pensam eles, quando têm um problema que requer solução imediata, não se dando conta que não se meteriam nas situações, se não fossem as companhias. A sorte ou o azar destas crianças consiste na capacidade de perceber a natureza daqueles a quem tratam por amigos, e nem sempre isso é fácil ou mesmo possível… uma vez que há factores que condicionam esses mesmos juízos. Eu também me enganei na opinião sobre algumas amigas… e, hoje, sei que fui e sou amiga, ao contrário delas…

 

 



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Sábado, 28 de Junho de 2008
Há educação e...educação!

 

Há uns tempos atrás, na conversa com um adolescente de 14 anos, ele contava-me que encontrara uma carteira no chão, junto de um canteiro, com cerca de cem euros em notas, quando passeava com quatro amigos. A carteira voltou para o sítio onde a encontraram, juntamente com os documentos, o dinheiro foi repartido por ele e os amigos. Contou a história com a fanfarronice que o caracteriza, gabando-se dela, como se de um acto heróico se tratasse. Fizeram-no sem qualquer problema de consciência: encontraram o dinheiro, era deles. Discordei do seu ponto de vista. Se eles haviam encontrado a carteira, era porque alguém a perdera e o dinheiro pertencia, por direito, ao dono da carteira. Vi a sua atrapalhação. Nunca ninguém o fizera ver o outro lado da questão. Estivera sempre à espera que concordasse com ele, de alguma forma, ou nunca me teria contado nada. Pensara ele na pessoa que perdera a carteira? Na aflição dela? Pensara, por acaso, que ela poderia ter, naquela carteira, o dinheiro para o resto do mês? Pertenceria a carteira a algum reformado, que necessitaria daquele dinheiro para os medicamentos? Porque não a entregaram, ele e os colegas, numa esquadra da polícia, uma vez que a identificação do dono estava nos documentos da carteira? Enfim, criei-lhe uma quantidade de situações, falando-lhe calmamente, que o deixaram algo incomodado. Multipliquei este adolescente por alguns milhares ou mesmo milhões, e tive a percepção do que espera a sociedade daqui a una anos, com filosofias de vida iguais a esta, já que os adolescentes de hoje são o nosso futuro próximo. Ele, e outros adolescentes como ele, consciente ou inconscientemente, estão a ajudar na construção de uma sociedade que alimenta as filosofias do “salve-se quem puder” e da “lei do mais forte” que, aliadas à firme convicção de que os seus procedimentos estão correctos, vão moldar estes adolescentes para sempre.  Pede-se, urgentemente, a intervenção dos pais junto destes adolescentes. O pior, é quando os filhos são o retrato vivo dos pais e vice-versa. Neste caso, pouco ou nada se pode fazer. O pouco fiz eu… pelo menos tentei!

 

Fátima Nascimento



publicado por fatimanascimento às 10:17
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