opiniões sobre tudo e sobre nada...
Sempre me lembro deste país estar em crise. Conhece alguns momentos de serena prosperidade, para logo mergulhar numa qualquer obscura crise. Eu pergunto-me até que ponto estas crises não estarão relacionadas com a desigualdade social. Cada vez estamos mais dependentes do dinheiro. Antes, para cozinhar, bastava recolher da horta ou dos terrenos alguma lenha para acender o fogão, hoje precisamos de dinheiro para comprar o gás, seja ele engarrafado ou canalizado, e por aí fora… Para fazer frente a esta dependência, há que ter uma fonte de rendimentos contínua, para ter esta fonte, há que ter emprego, no mínimo. Mas vamos sonhar mais alto, e vamos sonhar com uma sociedade onde todas as pessoas têm uma vida desafogada, com dinheiro que lhes permita pagar as contas, e ainda para poupar ou para investir onde quisessem. Se assim fosse, não haveria crise. Tudo o que se produzisse, desde que tivesse qualidade e um preço razoável, teria escoamento. Se assim fosse, não estaríamos tão aterrados com a concorrência da nova potência económica emergente, como é a China. Não é este país que tememos, mas os produtos que são colocados nos mercados mundiais a um preço imbatível, apresentando alguma qualidade. Há quem acuse este país de fabricar produtos sem qualidade, e há mesmo clientes que falam deles num tom depreciativo, e todos ainda nos lembramos do último escândalo alimentar com origem nele. Mas a verdade é que eles vendem e é notória a sua ascensão no mercado nacional, o que não deixa de provocar alguma inveja, um sentimento mundial, que tem especial incidência no nosso país. Ora, se não há possibilidade compra, se muitos dos produtos estão fora do alcance da maioria dos compradores, e mesmo receando a tal duvidosa qualidade, que muitos apregoam, não há escolha possível. A economia ocidental está a deparar-se com a sua própria morte. Fábricas continuarão a fechar e lojas terão de importar do estrangeiro, sempre com o espectro da concorrência chinesa, (que se alastrará a todos os domínios da economia), cujos preços são imbatíveis. Eu não estou contra os chineses ou a economia chinesa. O que me preocupa é a falta do poder de compra que nem os aliciantes produtos das financeiras conseguem ultrapassar, uma vez que vivem dos juros altos que cobram e que as pessoas não podem pagar. Não havendo poder de compra, a solução não está em investir nos bancos dinheiro dos impostos, talvez passe pelo equilíbrio do poder de compra, ou melhor, por uma igualdade social. Assim, quem tem dinheiro, tem poder de escolha, quem não tem, terá de se socorrer das ofertas de mercado acessíveis à sua bolsa. Ninguém se pode queixar. Depois, e olhando aos preços praticados nas mais diversas lojas, dir-se-ia que estão completamente fora da realidade nacional. Até os preços das lojas chinesas estão fora já do alcance de muitos bolsos!