Lembram-se do filme? Um belíssimo filme com muita música e dança à mistura? Com Kevin Bacon, Lori Singer… Comprei-o há pouco num daqueles saldos em que temos a oportunidade de adquirir produtos por menos de metade do preço. E muito boa gente pensa que isso desprestigia um filme! Desenganem-se. Os saldos dão a oportunidade às pessoas que têm pouco dinheiro para investir na cultura. Eu assim fiz. Mas não é disto que quero falar. Vi-o esta tarde na companhia das minhas duas filhas mais novas. E foi incrível perceber como, após tantos anos, aquele filme ainda mexe com as várias gerações! Dei comigo a determinada altura do filme, arrebatada pela batida e a melodia das músicas, a dançar e a cantar como se fosse ainda adolescente. A minha filha mais nova, embora estranhando o meu entusiasmo, no início, acompanhou-me, inventando, ela própria a sua coreografia. A minha filha mais velha, em plena adolescência, olhava-me como se eu tivesse enlouquecido. Ela apercebia-se de uma faceta da minha personalidade que ainda não tivera oportunidade de conhecer. Eu balançava-me com uma ligeireza que me surpreendeu, totalmente entregue ao alegre ritmo sentido dentro de mim, e acompanhando a contagiante música mexendo os braços e as pernas à mistura com os saltos. Sentia-me feliz. Aquela música mexeu com a rapariga que fui e que existe ainda dentro de mim. Normalmente, a imagem que passamos aos nossos filhos é a de pais aborrecidos e chatos cuja existência, perante eles, se resume a apresentar a faceta de educadores. Nada mais errado. (Isto lembra-me uma conversa que tive com uma pequena vizinha que dizia que eu era mais impecável que os pais. É claro que desmistifiquei imediatamente esta ideia, usando os argumentos adequados. Passados uns dias, percebi exactamente o motivo da sua queixa. Era o dia do seu aniversário. No imenso jardim que rodeava a casa não havia crianças a correr ao sabor da sua imaginação. Tudo era controlo, ordem e obediência. Os coleguitas estavam ordenados numa perfeita roda, onde uma bola saltitava de mão em mão.) Nunca assumi esse papel, devo confessar. Para além da liberdade que dou aos meus filhos, converso com eles sempre que têm necessidade disso. Mas não controlo. Se o mundo acabasse amanhã, um dos momentos que eu recordaria com mais prazer seria precisamente este. Nele, elas aperceberam-se da pessoa que eu fui e que guardo em mim ainda e que poucas vezes lhes dei a conhecer. Sinto-me feliz por ter podido partilhar esse momento com elas. Sinto que ele vai perdurar nas nossas memórias mais felizes… Mas, mais do que isso, vou tentar recuperá-lo mais vezes! Sinto que todos saímos a ganhar com momentos destes!
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