Há violência de toda a espécie. Entre alunos na escola (o mais conhecido), entre casais, entre vizinhos, entre pais e filhos, entre avós e netos… O mito criado que defende que o elo mais forte é o que existe entre pais e filhos não é regra ou é uma com muitas excepções…
Vou falar daquela que é menos conhecida. A existente entre pais e filhos. Há muitos anos tinha lido “Um rapaz chamado coisa” que me chocou imenso. O que nunca me passou pela cabeça foi rever-me naquela vítima! Depois disso, lá percebi a causa: o meu pai que sempre balançou, na medida do possível, as situações (embora nem sempre tenha conseguido!). Também outras histórias me chegaram aos ouvidos e contadas pelas próprias vítimas.
Não é fácil falar deste assunto. Mas é importante que as pessoas se reconheçam nalguns destes papéis ou que conheçam casos destes saibam que devem intervir de alguma forma para melhorar ou terminar com a violência. A solução que me ocorre é a do acompanhamento psicológico. Poderá haver outras e decerto que as haverá…
A frase que serve de título a este artigo, foi retirada do meu dia-a-dia em casa da minha mãe e não há muito tempo que foi proferida com um tom de ódio infernal. Não há outra forma de a explicar. O problema é que não foi dirigida a mim mas à minha filha mais nova. Sim, já vai na segunda geração. O que mais me dói é que não se ficam por mim os insultos mas alargam-se às minhas filhas.
Vamos passar em revista um pouco a vida da agressora. O pai, a quem estava muito ligada, morreu novo. Mãe agressora que a vincou para a vida, chegou a uma bonita idade avançada. Esta foi uma madrasta para a minha mãe na infância (daquelas bruxas da Disney) e uma mãe para os outros. “Foi a primeira, logo levou com tudo em cima” explica uma senhora amiga que assistiu. Foi a melhor explicação encontrada por ela perante o choque das imagens. Na altura, embora fosse difícil de assistir ninguém se atrevia a dizer fosse o que fosse.
Resultado: a vítima passou a agressora mas com uma particularidade – só se veicula para a sua própria família e o ódio agudiza-se mais quando dirigido a mulheres. Eu explico: tenho três filhos, um rapaz e duas raparigas. Ela tem um fraco pelo neto o que torna a vida do rapaz mais fácil e horrenda a das miúdas. A frase com que abro este artigo, foi dirigida à minha filha mais nova enquanto esta brincava com o irmão que sempre foi muito arreliador.
O meu pai teve uma família emocionalmente equilibrada e sempre foi respeitado e sempre se sentiu amado pelos pais assim como o irmão. Foi um pai protector que sempre me apoiou apesar do veneno da minha mãe.
E eu? Eu tive a sorte de ser diferente e de quebrar o padrão. Tive um pai que sempre foi o meu maior amigo longe da vista da minha mãe, claro. Tive vizinhos que não eram as melhores pessoas (lembro-me de duas famílias) mas eram uns pais incríveis. Serviram-me de exemplo. Também odos os filmes americanos vistos desde os tempos mais recuados do cinema até aos mais recentes. Ainda assim não sou perfeita. Estou muito longe disso. Mas posso dizer que tenho uns filhos extraordinários e não é só graças à minha educação mas às pessoas que são. Estão rodeados de violência tanto pela parte da família do pai (este sobretudo e a mãe deste) mas ainda assim conservam-se adolescentes estáveis e felizes, (apesar da minha mãe envenenar o meu filho mais velho. Não é a primeira vez que a apanho!) Tenho de agir de forma a superar toda esta negatividade, o que se torna cansativo embora indispensável!
Mas é a mais nova que se tornou o alvo preferencial do ódio da avó. Eu sinto-me a reviver a minha infância e adolescência. A ideia de educação da minha mãe é a de querer “dobrar” as pessoas àquilo que ela julga ser o “ideal” esquecendo-se de que isso não existe. E é uma péssima educadora porque não sabe falar sem o seu indispensável ódio e os insultos que, invariavelmente, o acompanham. Não se educa retirando o amor-próprio às pessoas. É a forma mais fácil mas também a mais errada. Aos filhos há que amá-los pois são os nossos melhores amigos. E mesmo que não sejam… Há que dar-lhes o melhor de nós para que sejam ainda melhores do que nós enquanto indivíduos. Acho mesmo que pouco ou nada lhes temos para ensinar, pois é como se tivessem dentro deles “algo” que misteriosamente os guia…
Mas nem sempre foi fácil para mim, a educação que nos retira o amor-próprio leva-nos a cair no erro de encontrar nas nossas vidas pessoas que são tão abusadoras como as pessoas que nos criaram. Maridos, amantes, namorados… É necessário quebrar este elo de violência para que as gerações futuras possam ser mais felizes e para que se acabe este paradigma estúpido de agressor-agredido mas, sobretudo, que as vítimas tenham a noção que o mundo, embora não pareça, é mais do que a violência: é amor, é carinho, é felicidade!
Eu encontrei a minha depois do meu divórcio embora esteja sujeita a recordar todos os maus momentos já vividos na convivência com a minha mãe. Porque estou em casa dela? O desemprego assim o ditou…
Isto lembrou-me uma situação passada há muitos anos. Ela repetia com alguma frequência e com alguma altivez que eu ainda iria precisar muito dela. Ao que respondia que tinha pena que assim fosse porque o meu mal era também o seu”. Veja-se o resultado…
Quase todos os dias entram na minha caixa do correio notícias de jornalistas mortos e bloguistas presos. Esta é a triste realidade vivida em várias partes do mundo. Estes são conhecidos mas devem ser mais só que muitos não são notícia.
Há muita espécie de jornalismo. Há aquele que se limita a reportar aquilo que lhe é dito sem a preocupação de descobrir a verdade (é também a mais segura!) e há aquela que não se contenta com o que lhe é apresentado e, caso hajam indícios, não cessa de procurar a verdade até a encontrar. Só que este tipo de jornalismo, também chamado de investigação, é o mais difícil e aquele que envolve riscos: o desaparecimento, a prisão e até a própria morte. E quem está disposto a correr riscos?
Há jornalistas que exigem a verdade e se há algo que não bate certo, não cessam de procurar a verdade até a encontrarem. Muitos deles desaparecem ainda antes da conclusão das investigações o que sempre é um prenúncio de que estavam perto da verdade. Mas a verdade, para quem tem muito que esconder, é o pior dos pesadelos e despem-se de escrúpulos para a evitarem (ou nunca os tiveram!) E geralmente estas mortes nunca são investigadas, são só notícia. As investigações policiais nem sempre dão fruto e fica a memória do crime horrendo e da coragem demonstrada pelos jornalistas assassinados. E todos ficam com a ideia de que estavam a fazer um bom trabalho por que, se assim não fosse, não teriam sido mortos. A morte parece ser a solução encontrada por pessoas que teriam muito a perder aos olhos do mundo se a investigação fosse terminada e descoberta a verdade (seja ela qual for!).
Sendo este mundo movido por interesses particulares, não é de estanhar as mentiras e as aparências. Ora tudo quanto é aparente tende a desaparecer e é necessário manter essa aparência. Mas, e quando essa máscara é posta em causa por alguém que só quer saber a verdade? E se esta for tão feia que o seu autor ou cérebro só a quer abafar a todo o custo? E quando as ameaças à vida dos repórteres não é tida em conta pela coragem dos mesmos? A morte parece ser a solução… parece ser também a mais barata. Afinal, a cotação da vida humana na bolsa dos interesses nunca valeu nada para as pessoas que vivem da mentira. São estas quem mais odeiam a verdade e aqueles que a procuram!
Mas estamos a passar por momentos em que não é precisa a busca da verdade (nada disto é recente!) para se ser castigado brutalmente: basta ter opiniões diferentes das que são impostas pelas autoridades sejam estas quais forem. E o resultado não é melhor: prisões, processos jurídicos que arriscam anos de prisão, castigos corporais… enfim! Nada parece ter mudado e nada parece ter sido aprendido nestes longos anos de história humana!
E não pensem que isto só acontece e países remotos quer pela sua geografia quer pela mentalidade dos seus governantes. Há bem pouco tempo, li uma denúncia que contava a história de dois jornalistas italianos acusados de divulgar documentos secretos da “santa” sé e arriscam uma pena de prisão. O novo Papa parece ter aprovado recentemente uma lei nesse sentido, o que muito me admira. (Documentos que são só do conhecimento de uns e não de todos? Se assim é, a quem favorece esse secretismo?) Não nos esqueçamos que é baseada nas notícias que formamos a nossa opinião pessoal, embora eu acredite que haja pessoas capazes de ter filtro crítico e percebem algo mais por trás do que é simplesmente divulgado. Estas são pessoas incomodativas porque pensam à margem do que é habitualmente aceite como verdade. São as que saem do rebanho e as que poderão realizar esse despertar tão indesejado.
Mas o que queremos nós, os leitores, espectadores ou ouvintes das notícias jornalísticas? O que procuramos saber do mundo onde estamos inseridos? Queremos a verdade ou a ocultação desta, a meia verdade ou a mentira que nos tapa os olhos? Cabe a nós decidir…
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