O meu filho mais velho vai fazer dezoito anos
Olhando para este e outros incidentes que tiveram como protagonistas os meus filhos, sei que o erro enorme cometido há muitos anos atrás, casando com um homem que nada tem a ver comigo, penso nas palavras de algumas colegas de trabalho que me diziam que a maioria das pessoas cometem um erro e emendam-no divorciando-se. No meu caso, e segundo elas, seria mais difícil, e que teria problemas até ao resto da minha vida, dado o ódio dele por mim, ainda por cima não tendo eu nada feito que justificasse aquele sentimento. Nunca lhes contei a minha vida, mas elas sabiam de muita coisa por “alguém” (há sempre um “alguém” nas nossas vidas que sabe mais delas que nós, uma vez que somos sempre as últimas a descobrir). Posso bem conviver com o ódio dele por mim, uma vez que aquele homem nada me diz. O que não consigo tolerar é a falta de sensibilidade que o leva a aproveitar-se da insegurança de um adolescente para o manipular em vez de o proteger como seria sua obrigação de pai. Sempre fez isto. Quem tem pais assim quem precisa de inimigos? Já há muito que desmistifiquei a imagem do pai reduzindo-o à sua imperfeita condição humana. Mas isso não justifica a maldade para com um filho.
As aulas de Formação Cívica são, muitas vezes, encaradas pelos alunos como uma forma de passar o tempo e de sobrecarregar o seu horário já tão preenchido. Estamos no início do ano lectivo. A abordagem à disciplina tem de ser forte. Foi o que fiz. Começámos por fazer uma abordagem à designação, interrogando-nos sobre o seu significado, abordando mesmo singularmente cada palavra que a compõe. Depois, varremos a nossa sociedade e passámos a nossa vista sobre todos os acontecimentos nacionais e mundiais para chegarmos à conclusão de que vivemos numa sociedade onde a insegurança predomina. E esta insegurança não se combate com polícia! Descemos um pouco mais ao interior das questões para perceber que nem a polícia está acima de suspeitas! Tudo isto provado em casos do conhecimento geral. Do geral passámos às experiências pessoais também reveladoras da sociedade em que vivemos. Percebemos a nossa fragilidade perante as ameaças que infestam a nossa sociedade. Ninguém está livre de que lhe aconteça o mesmo que aos outros. Ninguém é mais esperto que ninguém. Todos estamos sujeitos ao mesmo. Procurámos encontrar soluções pessoais capazes de acautelar e evitar que problemas desses nos afectem. A resposta foi elucidativa, ninguém está preparado para enfrentar o mal que fustiga as sociedades humanas à escala mundial e que todos conhecemos. Pelo menos conhecemos alguns. (Haverá outros que desconhecemos?) E destes que conhecemos, há sempre métodos desconhecidos utilizados para apanhar a presa. A melhor é apanhá-la isolada. É a selva revivida na nossa sociedade. Nunca viram aqueles documentários sobre animais onde os predadores isolam a vítima para a caçarem, enquanto o resto da manada foge com medo e indiferente ao que acontece abandonando o seu membro à sua sorte? Aqui acontece o mesmo. Só com uma diferença – os animais matam para comer. Nas sociedades humanas vive-se à custa da escravidão e esta tem várias facetas! O objectivo? O dinheiro. Alguns sobrevivem também à custa do próximo. À questão sobre o que deveriam fazer, ficar fechados em casa sem poder sair? Nem pensar! Não nos é permitido! Temos de seguir vivendo olhando sempre por cima do ombro e com cautela redobrada porque os golpes vêm, muitas vezes, das pessoas de quem menos desconfiamos. Temos de continuar, sim, arriscando. Porque cada dia que passa é um risco que corremos. O que não lhes disse, porque já passava da hora e estavam já atrasados para a aula seguinte, é que a diferença está
Li, numa revista, um artigo de Mário Soares onde alertava para os perigos de, nesta eleição, poderem os partidos de esquerda, (mais à esquerda!) ganharem votos. Agora, já fala de possíveis alianças com o Bloco de esquerda. Talvez tenha razão! A população está cansada e desanimada. Foi vítima de dois partidos que os desiludiram profundamente. As mudanças verificadas não protegeram, bem pelo contrário, criaram insegurança a um nível bem grato aos portugueses – os postos de trabalho. Era sintomático. Ninguém espera que as pessoas com dois dedos de testa pensem que as mudanças verificadas são para seu bem. A frágil situação económica do país não é um problema recente mas de há muitos anos! Não é com políticas como as que foram levadas a cabo que se melhora a situação económica do país. Só se prejudica a confiança dos portugueses no país e nos políticos que os governam. As duas caras concorrentes já são conhecidas dos portugueses que também têm queixas. O que quero dizer é que já mostraram do que eram capazes, e não deixaram os portugueses satisfeitos. Todos esperam governantes capazes de ouvir e de agir em conformidade aos seus anseios não políticos com personalidade arrogante que só pensam mo país e nos portugueses em épocas eleitorais. Depois, entre um e outro não se percebem grandes diferenças, capazes de marcar positivamente a precariedade social em mergulhou o país. Todos perceberam que só uma mudança forte, isto é, de votos poderá fazer alguma diferença no governo do país. É disto que, na minha opinião, Mário Soares falava. O risco, porém, não é grande. Os votos na minha opinião, vão estar muito distribuídos pelos vários partidos que por aí surgiram. Também não acredito na maioria para o actual primeiro-ministro. Ninguém arrisca! Será uma era onde os outros partidos, aqueles que militam mais à esquerda ou outros, de mostrarem o que valem, na defesa dos direitos mais fundamentais dos portugueses. É na Assembleia da república onde poderão mostrar a sua diferença. Se pactuarem com os partidos dominantes em matérias que vão contra esses direitos, esses partidos serão entendidos como uma continuação dos outros, deixando de ter notoriedade aos olhos dos portugueses, falo dos portugueses que nada têm a ver com os ânimos inflamados das massas partidárias apoiantes. Votos mais à esquerda? Talvez… Mas nada lhes vale se não souberem estar à altura.
O acto criativo é imperfeito, devendo sempre ser objecto de várias revisões. No acto febril da escrita o escritor acompanha a velocidade da inspiração sacrificando-lhe tudo o mais. Só depois de este estar realizado, ele poderá inclinar-se sobre o texto para o melhorar, tendo em conta todos os aspectos antes forçosamente negligenciados. Para tal, é preciso um distanciamento em relação ao texto que nem todo o autor tem ou consegue por mais que se esforce. E mesmo quando, e se, consegue esse distanciamento, há sempre aspectos/pormenores lhe escapam, por mais revisões que faça. Desta forma, é imperioso que alguém para além dele, confira o texto. E há pessoas que são muito boas a realizar esta tarefa. Para se fazer uma revisão em condições, é necessário o autor conhecer alguém de confiança, o que é difícil e às vezes mesmo impossível, que se digne a fazer tal tarefa. O ideal seria a editoras terem ao seu serviço pessoas qualificadas para tal, isto é, capazes de apanhar todos os pormenores que escapam aos autores, respeitando sempre o texto inicial, porque, muitas vezes a criação afasta-se das regras, o que nem toda a gente entende. A criação não tem regras, embora muitos se adaptem a elas. O acto de criação é de pura liberdade. Não dá para ser entendido de outra forma. (Quantas vezes, os autores, ao escreverem, escolhem uma determinada palavra no ardor do momento da criação, depois, não realizados com a mesma, voltam atrás, substituem-na por outra esquecendo-se de fazer o acordo com a nova palavra escolhida. Este é um exemplo entre muitos.) Nos dois primeiros livros por mim editados, não tive a sorte de ter alguém de confiança que pudesse fazer a revisão ou ajudar na mesma. Não conhecia ninguém. (As circunstâncias também não ajudaram. O furto de um dos contos, constante do primeiro livro, levou à precipitação da publicação do mesmo, uma vez que não se sabia o que o furtador tinha em mente.) Quanto ao terceiro, foi diferente, já tive a oportunidade de ter a ajuda preciosa de uns colegas que ao lerem o meu manuscrito apontaram algumas gafes que não detectei na minha revisão. Neste último, procedi à correcção via e-mail, e entreguei à editora para que procedesse à revisão. Depois de muitos envios e reenvios, verifiquei se a revisão tinha sido feita. Não verifiquei o texto todo, só algumas partes. Quando, finalmente, tive a coragem de abrir um exemplar e de o ler, verifiquei, horrorizada, que muitas das correcções, realizadas pelos meus colegas e por mim, não haviam sido feitas. Já havia solicitado à editora que me enviasse o programa da paginação para proceder, eu mesma, à correcção textual. Não me foi dado por razões que me pareceram justificáveis, mas o que se pode esperar é que o pessoal da editora o faça, pelo menos quando solicitado para tal. Algum e-mail, com as correcções, se deve ter perdido. Só isto explica que umas tenham sido feitas e outras não. O que foi pena porque o produto final estava bom.
A revisão é um trabalho necessário embora, na minha opinião, aborrecido. Prefiro mil vezes escrever um texto novo do que andar à caça do erro, seja ele qual for. Depois a falta de distanciação do autor em relação ao texto criado não ajuda. Esta consiste em entendê-lo como um prolongamento de nós, e estamos tão apaixonados por ele, (pela estória, entenda-se), que não conseguimos detectar as gafes. Todo o acto de criação é um acto de paixão, ou não teria sentido de outra forma. Leva algum tempo a arranjar a objectividade necessária para procedermos à revisão. E tempo foi o que me faltou nos dois primeiros. No terceiro, terá sido a perda de um e-mail… Assim ter-se-á de arranjar uma solução. Talvez a editora faça a correcção na segunda edição. Assim o espero…
Fátima Nascimento
Todos nós tivemos os nossos heróis na infância que, na adolescência, foram substituídos pelos ídolos. (Julgo que muitos adultos ainda esperam um herói.) O que os diferencia uns dos outros é a sua natureza. Enquanto uns emergiram das páginas dos livros, dos desenhos-animados, sendo, sobretudo, fictícios, outros surgiram da obscuridade dos tempos, devido aos actos de valentia que os tornaram imortais. Eles foram muito além das normas que regulavam a vida dos povos, e que nem sempre eram justas, não perdendo eles, nunca, os ideais defensores da dignidade dos seres humanos, sobretudo dos mais desprotegidos. Depois, só surgiram os heróis porque havia vilões que eles combateram. Sempre foi assim e sempre assim será.
O que preocupa é que, quando há heróis, e estes destacam-se por ter a coragem de assumir atitudes que os outros, pelas mais diversas razões, não tomam, isso, geralmente, quer dizer que temos uma maioria, pelo menos aparentemente, amorfa. É sempre difícil ver alguém insurgir-se ou manifestar a sua opinião seja contra ou sobre o que for ou quem for individualmente… e, quando o fazem, as consequências são sempre as mesmas (ou raramente variam) – a perseguição pessoal, que pode ter as mais diversas facetas. Chegados a este ponto, poucos são aqueles que resistem, porque é sempre fácil esmagar uma só pessoa. E é o que acontece aos mais audaciosos que, individualmente, de alguma forma, tiveram a audácia de ir contra o sistema implantado. Se tivermos em mente o que aconteceu em países ditatoriais, onde pessoas desapareceram para sempre, sem deixar rasto… percebemos porque muitos deixam de lado os seus ideais. Nos países, ditos democráticos, o caso é mais complicado. As formas de perseguição ganham contornos nunca vistos, mas são, na sua maioria, mais discretos. Só as pessoas visadas sentem essa perseguição que, aparentemente, nada tem de mais e que, muitas vezes, implica mais do que uma pessoa a perseguir a mesma - sabemos (ou imaginamos) como os tentáculos do poder chegam a todo o lado. Por isso, nestes tempos, tudo parece desenrolar-se ao contrário, e é o herói que é perseguido e perde a batalha. Talvez lhe faltem os aliados com os mesmos ideais e a mesma coragem que o caracteriza, talvez seja o final desse herói que faz com que os outros escolham manifestar-se em grandes grupos, de modo a não serem identificados e a não terem a mesma sorte. Para isso, não é precisa muita coragem… só boa vontade e disponibilidade para defender os seus interesses, porque são, sobretudo, estes que levam as pessoas à rua. Os outros preferem fingir que não vêem… ou talvez pactuem com eles, mesmo silenciosamente. Ou é, simplesmente, cobardia.
Fátima Nascimento
Projecto Alexandra Solnado
links humanitários
Pela Libertação do Povo Sarauí
Músicos
artesanato
OS MEUS BLOGS
follow the leaves that fall from the trees...
Blogs
O blog da Inês
Poetas