opiniões sobre tudo e sobre nada...
Terça-feira, 30 de Janeiro de 2007
Adopção: quem quer correr o risco?

É raro ouvir as notícias, pelas mais diversas razões, mas quando isso acontece, arrependo-me. É como se nada neste país funcionasse como deve ser… mas agora falo de algo que mexe imenso comigo e que são as crianças. Neste caso uma criança em particular que está a ser disputada por duas famílias: a adoptiva e a biológica, (o pai). Segundo o que entendi, esta criança existe devido à determinação da mãe biológica porque, pela vontade do pai, que não quis assumir a responsabilidade, ela provavelmente não existiria, ou passaria fome, pois, segundo a mãe biológica, ela não tinha dinheiro para comprar uma lata de leite para a criança (e nós, pais, sabemos o preço delas!). É então que resolve dar a criança para adopção, quando esta era ainda um bebé de tenra idade… a criança foi criada pelos pais adoptivos, como se se tratasse da sua própria filha e ela não conhece a existência de outros… é a eles que ela está habituada, é a eles que ela trata por pai e mãe, a família que ela conhece é a dos pais adoptivos, a escola e os amigos são os que ela conhece até agora. Tem, ao que parece, tudo o que necessita e que determina a felicidade de uma criança. De repente, o pai adoptivo, após umas provas ADN, (que foram determinantes no sentimento paternal que até então parece não ter existido!) resolve que quer ser pai e quer tomar conta da criança. Eu não sei o que diz a lei a respeito da adopção em geral, nem o que diz  respeito a este caso em particular, mas, para mim, que desconheço isso tudo, presumo que deve colocar em primeiro plano os interesses da criança, defendendo o que é melhor para ela. Não interessa o que os pais querem ou deixam de querer, ou as suas boas intenções… ora, uma coisa eu sei, eu não queria ser criança e estar nesta situação! Tenho o meu mundo alicerçado e, de repente, aparece alguém que o quer desmoronar… que vai querer ficar comigo, que me leva para uma outra localidade (para longe da família que conheço) me apresenta outra família com a nomenclatura que eu ligo a outras caras, uma nova casa, um novo quarto, uma escola com mais caras estranhas, … nem quero continuar! Agora, dizem-me os defensores do pai biológico: então ele não tem direito à filha? Sim, com certeza, mas de outra maneira… Ele tem direito à criança no sentido de ela saber da sua existência (assim como da existência da mãe biológica) e de a ver, quando a quiser visitar, e sempre que quiser… mas não tem o direito de a arrancar à família que a criou e ama como se fosse dela, não é bom para ninguém… Que direitos mais têm os pais biológicos sobre os adoptivos? Qual é a diferença entre eles? Ou a lei faz essa diferença? Pais são aqueles que amam, respeitam, educam, … e protegem a criança. Eu, se tivesse uma filha adoptada e soubesse que ela estava bem, só estaria agradecida à família que contribuíra para esse bem-estar físico, psicológico e psíquico… Nunca a entregaria ao pai biológico! Mas, claro, esta é só a minha humilde opinião! Agora, eu coloco uma questão: depois desta situação, e de outras semelhantes, quem quer arriscar uma adopção?



publicado por fatimanascimento às 13:49
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Sábado, 13 de Janeiro de 2007
Profissão e família

Cada vez é mais difícil neste país equilibrar este binómio: profissão e família. Não só as famílias estão a perder regalias no que respeita ao tempo que têm para dedicar a si próprias, como também poder de compra (não é novidade nenhuma que cada vez mais os nossos salários, salvo raríssimas excepções, não acompanham o aumento de custo de vida) e também o direito de assistência à família em caso de doença, pois, embora a lei proteja esse direito, ele é-nos retirado, de facto, no dia-a-dia pelas exigências profissionais...  Ora se juntarmos a estes outros problemas tais como os empregos longe da localidade de residência, as famílias monoparentais, os problemas de saúde dos pais e os problemas de saúde dos filhos menores, os problemas de saúde do profissional o facto de se ser professor e a perseguição que lhes fazem os pais, estimulada pelo próprio M. E. que teve o mérito, entre outros, de denegrir a profissão... torna tudo mais complicado. Hoje em dia, faltar ao trabalho, ainda que essa falta esteja devidamente justificada, é encarada como um crime, pois os professores, segundo a ideia espalhada por aí, faltam porque e quando querem... e nada mais longe da verdade! Como todos os profissionais de outros ramos, todos temos família... e ela precisa de atenção, e quem a tem deve dar-lhe atenção ou então não vale a pena tê-la...  e, quanto mais não seja, apoiando-a na doença... Ora desde já há algum tempo, que me deparo com casos caricatos... Antes de me casar e constituir família, devo dizer, em abono da verdade, que quase nunca faltei. Depois do nascimento do meu filho mais velho, que nasceu com uma cardiopatia grave, vi-me obrigada a deslocar-me regularmente a Coimbra para controlo médico, e depois do cateterismo que lhe fizeram aos seis meses, e tal como os especialistas me haviam dito, ele apanhou todas as doenças e mais alguma, o que me obrigou a recorrer à pediatria do hospital mais próximo, onde ele chegou a estar internado por várias ocasiões... Ainda por essa altura, e foi-lhe diagnosticada uma doença crónica de rins (cistinúria), que originou a formação de cálculos renais e consequentes infecções urinárias... Ora, houve alguém que, sabendo ou ignorando a minha situação, resolveu telefonar anonimamente para a escola, dizendo que eu podia ir trabalhar e que não o fazia porque era, passo a expressão, uma "calona"... Já se pode ver a enorme confusão que este telefonema veio causar! Aos três anos, ele foi operado aos rins e, aos cinco, ao coração. No dia três de Dezembro fez o cateterismo e, no dia cinco, teve lugar a operação. Fomos os dois sozinhos, de carro, e como não arranjámos lugar no parque de estacionamento, tivemos de deixar o carro cá fora e levar os sacos à mão. Ele levava os mais leves na mão e eu os mais pesados. O caminho parecia interminável, tal foi o número de vezes que tivemos parar, ora eu ora ele! Depois da convalescência hospitalar, seguiu-se-lhe a do lar. Tal como acontecera com a operação a ambos os rins, ele já andava e desaprendeu, ele teve de "reaprender" a andar... estive três meses de baixa ou mais... durante esse tempo, a escola comunicou-me que eu teria de ir a junta médica... eu?! Os médicos para nos evitarem o risco da ida à junta médica, pensando na saúde  e sofrimento da criança, passaram-me os atestados ora em meu nome ora no dele... Mais tarde, quando tinha seis anos foi atropelado numa passadeira por um carro e bateu com a cabeça no lancil do passeio... e foi de helicóptero para Lisboa. Mais dias de baixa... Hoje em dia, a saúde dele está mais estável e as idas a Coimbra só para consultas de rotina: nefrologia, estomatologia, cardiologia e psicologia. O ano passado, a actual ministra da eduducação, achou que as crianças com mais de doze anos podiam ir sozinhas a consultas. Eu pergunto-me como é que eu digo a um filho meu menor "Toma lá dinheiro e os cartões e vai a Coimbra à consulta tal... E cuidado não te percas, e vê se não és roubado..." ou então a dizer à minha filha do meio que tem doze anos e está cheia de febre "Levanta-te cedo e vai ao centro de saúde ver se tens consulta, caso não tenhas vai ao hospital, à urgência... Alguém se vê com coragem para fazer isto? Ora nós moramos fora da localidade, não há transportes públicos, parte da estrada onde passamos não tem passeios, é estreita e isolada, passam camiões...  Felizmente, ela parece ter o erro de tal decisão e voltou atrás. Ora, eu, quando falto, tenho um motivo forte, o último foi o carro... com uma avaria que, a contar da data da mesma, até à chegada da peça encomendada e à reparação, durou quatro dias... a minha sorte foi os meus pais emprestarem-me o deles para poder ir trabalhar, senão... Mais recentemente, e por motivos de saúde já tive de faltar algumas vezes, e como tenho uma turma do cef e o ministério da educação prevê que se dêem todas as aulas previstas (mesmo quando elas não são necessárias!) e como parece não ter previsto as faltas que os professores muito justamente têm de dar... está a escola num impasse, porque tem de obedecer às normas ditadas pelo ministério! Eu vou repor o número de horas escolhidas não sei por quem e que talvez nem façam falta, uma vez que o problema da turma não é de ordem cognitiva mas comportamental, devido ao défice de atenção que caracteriza os alunos... mas, quando tiver de faltar, eu falto e, se me quiserem despedir, não faz mal... é então que eu me decido, de uma vez, a emigrar em busca de outras paisagens mais justas... porque estou farta destes governantes que só exigem sem se lembrarem das justas contrapartidas! Também há outra solução para todos: quem quiser casar e ter família escolhe outra profissão. Já viram papéis a protestar?



publicado por fatimanascimento às 10:33
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Segunda-feira, 8 de Janeiro de 2007
O aborto: um direito ou um crime?

   Estamos a pouco tempo de mais um acto eleitoral que pode ser decisivo para este país. Não sei o que o país irá decidir quanto a esta questão, mas a minha opinião está formada e tenho o direito de a manifestar. Este é, aliás, um tema também abordado e discutido em família, uma vez que são as famílias que estão em causa. A minha opinião tem muito a ver com a minha maneira de estar na vida e o meu lema é muito simples e já demasiado conhecido - vive e deixa viver. Isto parece, à primeira vista, uma posição anárquica e indiferente em relação ao que se passa à minha volta. Nada mais distante da verdade. O que se passa é que eu vi, reflecti e aprendi muito com a vida. Eu tenho três filhos e, aquando da última gravidez, por muito que me pressionassem, eu resisti à sugestão do aborto, uma vez que eu queria muito esta criança, que vinha já fora do tempo e na altura da separação. Fartei-me de ouvir frases como estas: "Tu sabes que eu não quero mais filhos" ou "Se fosses uma mulher como as outras já saberias o que deverias fazer". Recusei, inclusivé, a amniocentese com medo de perder a criança. Isto, contudo, não serve de exemplo para ninguém, uma vez que cada caso é um caso. Acompanhei muitos casos em que a gravidez não chegou ao fim. O que eu posso dizer em relação a essas experiências é que a minha posição nunca foi a de julgar e condenar mas a de compreender o próximo e penso que entendi algo que parece que passar despercebido, pelas mais diversas razões, à maioria das pessoas. O que posso dizer em relação a essas experiências é que nunca vi ninguém optar pelo aborto de ânimo leve, e a fase pós aborto foi sempre traumatizante e acompanhada de muito sofrimento, confusão e abatimento por parte das pessoas que, em último recurso optaram por ele. Isto deita por terra aquela ideia que a liberalização do aborto pode trazer graves consequências morais para a sociedade portuguesa. Esta posição, para mim, é de uma total hipocrisia e de um falso moralismo que me arrepia. Traz-me inclusivé à memória os tempos em que os nossos actos eram espiados como se nós fôssemos criancinhas inconsequentes e imorais. Como se algumas pessoas conhecessem a vida dos outros como para decidir o que é melhor para eles. Estou farta de pessoas que julgam que sabem o que é melhor para os outros e querem levar os outros a viver à maneira deles, porque só conhecem essa maneira que, para eles, é a única que está certa. Cabe a cada pessoa saber o que é melhor para si, eu utilizaria mesmo aquela expressão popular que diz que "Cada um sabe de si e Deus sabe de todos." Esta é a posição mais democrática e tolerante que me foi dada a conhecer. Quando se ultrapassar esta linha, entramos na ditadura moral social em que metade da população espera, julga e condena o próximo. E muitos sentem satisfação nisso... há que apelar é para o bom senso das pessoas e levá-las a acreditar no próximo de forma a dar-lhe a oportunidade de ser senhor da sua vida... Deus que é Deus não interfere na nossa vida - deu-nos o livre arbítrio - quem somos nós meros humanos para interferir na vida do próximo?



publicado por fatimanascimento às 20:53
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