É o drama de muitos pais que trabalham e dos respectivos filhos, sobretudo quando aqueles trabalham longe de casa e que, para além do tempo de trabalho, ainda têm que juntar o tempo que gastam nas viagens. Salvo quando existem problemas de saúde, ou ao fim-de-semana e feriados, é que esses pais têm mais tempo para dedicar aos filhos e vice-versa. Este tempo, contudo, não compensa o largo espaço de tempo semanal que os pais passam longe dos filhos. Há aquela ideia que defende que não se deve olhar à quantidade de tempo passado com os filhos mas à qualidade. É verdade... mas, muitas vezes, a qualidade precisa de tempo... porque ninguém faz nada bem à pressa! Se contarmos as horas que os filhos passam na escola e se as compararmos com aquelas que eles passam connosco em casa, sem contar as actividades extra-curriculares, veremos que nós, as famílias, ficamos a perder... (embora muitos pais se queixem que se não fossem essas actividades, eles tornar-se-iam insuportáveis... em casa)! Se descontarmos a horas diárias de trabalho, os trabalhos domésticos, os trabalhos de casa dos filhos, o estudo, o computador, etc., pouco resta, em termos qualitativos, para dedicarmos aos nossos filhos. Por causa disso, vemos a família a ser, cada vez mais, substituída pelos amigos... (quando eles têm a sorte de encontrá-los e eu refiro-me aos verdadeiros!)... quando digo família, refiro-me aos pais, avós... que deixam de lhes servir de referência na vida para o serem os amigos que eles mais gostam e admiram... é claro que este facto arrasta consigo um risco grande... Mas vejam as razões... eles têm um problema na escola, é com esses amigos que eles falam primeiro, pois os pais estão a trabalhar e só os vêem à noite, e quando chegam a casa, a não ser que sejam problemas graves e que eles não saibam como solucionar ou como reagir a eles, aí, eles talvez se abram, mas muitas vezes, já estão tão fartos de falar da mesma coisa com os colegas/amigos que já não o fazem em casa e, quando nos apercebemos desse problema, já está solucionado e já não interessa falar disso. Os bons exemplos existem em todos e se os pequenos forem maduros ou sensatos, eles sabem distinguir um bom exemplo de um mau, mas quando tal não sucede ou se os conselhos que lhes são dados não os melhores, temos complicações sérias... Os acontecimentos felizes ou engraçados na vida dos nossos filhos, as novas namoradas, as peripécias do dia-a-dia também nos passam despercebidos, e é pena... Depois, nas alturas em que temos mais tempo, chegamos, finalmente, a conhecer todos esses factos da vida deles e ouvimos frases como "Eu, antes, calava-me a tudo o que me diziam, agora, já não faço isso... Aprendi com fulana!" ou "Mãe, eu sempre tive segredos para ti. Repara, eu tenho mais confiança nos meus amigos do que em ti. Passo mais tempo na escola com eles...!" Por isso, pais, resignem-se, qualquer dia, somos uns estranhos em casa a passar algum tempo com aqueles desconhecidos a quem chamamos filhos...
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